Crise financeira global leva debates sobre sustentabilidade para os países emergentes, diz Luciano Coutinho

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, foi o principal destaque do primeiro dia da Conferência Ethos Internacional 2012, que acontece de 11 a 13 de junho, em São Paulo. Ele fez uma advertência: o eixo dos debates em torno de uma sociedade sustentável foi deslocado, nos últimos anos, dos países desenvolvidos para os países emergentes, por causa da crise financeira internacional. Com isso, o Brasil pode assumir um papel de destaque nas discussões.

“Temos um momento muito difícil pela frente, num contexto não muito favorável da conjuntura global. Estamos num período delicado de crise financeira internacional, em que as economias dos países desenvolvidos estão em um processo de agravamento, o que reduz as possibilidades de ações no campo fiscal por parte desses países, que acabam restringindo as possibilidades de contribuição para superar os desafios da sustentabilidade global”, afirmou Coutinho.

A palestra “Novos modelos de negócio para uma nova economia”, no primeiro dia da Conferência, chamou atenção para a necessidade de as empresas buscarem caminhos sustentáveis. O evento contou com a participação de Valdemar de Oliveira Neto, diretor de Iniciativas Continentais da Fundação Avina, e de John Elkington, presidente-executivo da Volans Venture.

Elkington comentou o caso de marcas esportivas fortemente reprimidas em sua produção pelo Greenpeace, que queria redução a zero na emissão de poluentes. O executivo contou que o que mais chamou sua atenção foi a mobilização e a união das grandes marcas para estabelecer metas que mais se aproximassem das exigidas pela entidade. “Cada vez mais, as empresas estão comprometidas com o meio ambiente e com as questões sociais, e é isso que vai ficar para as gerações futuras.”

A economia verde foi assunto de um evento paralelo à programação oficial. A questão ainda é polêmica porque há muito o que entender e discutir: greenwashing e estratégia de marketing são duas das objeções comuns ao modelo. Economia verde ainda é um conceito em construção, mas que pode ser um caminho, se baseado em uma estrutura que respeite os limites do planeta e garanta os direitos humanos.

Na transição para a economia verde, o que já se sabe é que pontos fundamentais devem ser considerados, como governança, convivência, emprego e finanças, na opinião da Vitae Civilis, organização sem fins lucrativos dedicada a contribuir para a construção de sociedades sustentáveis. Aron Belinky, coordenador de Processos Internacionais da Vitae Civilis, foi taxativo: “Se a economia não absorver os valores da sustentabilidade, não avançaremos nesse sentido, em grande parte porque a economia seguiu um caminho de desregulamentação”.

A companhia química Dow apresentou seu Núcleo Dow de Formação em Sustentabilidade durante o evento.  Foi relatada a necessidade da formação adequada para implantação do conceito de sustentabilidade com metas verdes dentro das empresas. “Cada vez mais, os compromissos e negócios sustentáveis estão valorizados. Pode-se dizer que o mercado está sendo impulsionado pela sustentabilidade”, afirmou Christianne Canavero, diretora de sustentabilidade da Dow na América Latina.

A Conferência Ethos Internacional 2012 encerrou o primeiro dia dando destaque à adesão do Brasil às diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), órgão mundial voltado para a atuação responsável das empresas e sediado na Holanda, composto por 44 países membros, grupo do qual o Brasil não faz parte.