Por: Margareth Goldenberg, Gestora-executiva do Movimento Mulher 360

A metáfora é simples. Você está subindo, com esforço, aquela escada enorme e, quando está na metade, encontra um degrau quebrado que te impede de avançar. Você tem duas alternativas: parar onde está ou desistir de subir a escada. Esta é a vivência de nós, mulheres, na jornada profissional corporativa. Os dados deste Perfil confirmam isso. Tivemos alguns ganhos, duramente conquistados, no topo, com maior representatividade feminina nos conselhos de administração e algumas posições executivas (vice-presidentes e diretoras). No entanto, o funil hierárquico se mantém e o progresso ainda
é muito lento no meio do pipeline. Em suma: o degrau quebrado resulta em mais mulheres presas no nível de entrada e menos mulheres em posições executivas. Como resultado, há, significativamente, menos mulheres que podem avançar para níveis mais altos. Se consertarmos o degrau quebrado, adicionaremos mais mulheres à média gestão nos próximos anos – provocando uma reação em cadeia que acabará por levar todo o pipeline à paridade.

Somado ao degrau quebrado, temos a sub-representação persistente de mulheres negras em cargos de liderança, indicando que a verdadeira paridade continua longe de ser alcançada se seguirmos nesse ritmo. Para acelerar essa transformação, é necessário uma mudança sistêmica e disposição para revisão das práticas tradicionais de seleção, contratação, avaliação de desempenho e promoção. Corrigir as diferenças salariais que ainda persistem, neutralizar as barreiras que impedem a ascensão de mulheres, adotar políticas que facilitem a conciliação entre trabalho e vida pessoal, com arranjos flexíveis e licenças parentais estendidas, investir em práticas de desenvolvimento dos talentos femininos, agir com intencionalidade para incluir e oportunizar o avanço da carreira de todas as mulheres – mães, negras, lésbicas, com deficiência, jovens e seniores – e engajar os homens como aliados são algumas das dimensões essenciais a serem trabalhadas para dar tração à jornada de equidade de gênero nas organizações.

Não existe equidade de gênero quando não há progresso para TODAS as mulheres. Promover a equidade de gênero nas empresas não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade urgente para garantir inovação, competitividade e sustentabilidade no mercado global.