IndicadoresEthos_Bruno_ThiagoLopesO desenvolvimento de indicadores de ética e sustentabilidade empresarial é fundamental para que empresas encontrem uma métrica para sua atuação. 

No diálogo “Indicadores Ethos 15 Anos: Integridade Empresarial nas Cadeias de Valor” foram levantados alguns pontos estruturantes para o comportamento das empresas em relação à sustentabilidade e ao compliance. Coordenado pelo diretor executivo do Instituto Ethos, Caio Magri, com a participação de Adriana Rodrigues, coordenadora de Competitividade da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),  e do diretor da Compliance Total, Wagner Giovanini, o diálogo deixou claro que as empresas precisam assumir algumas métricas para o controle de suas atividades e de seus modelos de gestão.

Caio Magri disse que o Instituto Ethos desenvolveu, com a participação de diversas empresas associadas, os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis, “que têm o foco na avaliação de quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido incorporadas nas práticas corporativas para auxiliar na definição de estratégias, políticas e processos comprometidos com as boas práticas”.

Lançado durante o encontro, o Guia Temático: Integridade, Prevenção e Combate à Corrupção integra esses indicadores e é uma ferramenta de gestão das práticas de integridade empresarial na cadeia de fornecedores que apresenta um  caminho para as empresas que desejam ter uma gestão socialmente responsável, além de constituir uma plataforma de monitoramento dos compromissos assumidos pelos signatários do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, também organizado pelo Ethos.

Adriana Rodrigues apresentou o trabalho da Apex-Brasil e como os Indicadores Ethos têm sido úteis no processo de conscientização das empresas brasileiras que exportam ou desejam exportar sobre a importância da aplicação de mecanismos de integridade. Ela explicou que desde 2011 a agência faz uso desses indicadores e que tem sido uma experiência “muito interessante”. A  Apex-Brasil desenvolveu um código de ética e editou uma cartilha que enfoca o respeito às leis e as boas práticas nos mercados em que, porventura, as empresas desejam operar. “Atualmente, 20 mil empresas brasileiras exportam e esse número vai crescer. As empresas têm a prática, mas precisam entender como funcionam os mercados no exterior e suas particularidades legislativas e éticas”, disse.

Wagner Giovanini falou sobre o quanto as operações baseadas em práticas éticas são importantes para as empresas. “Todos querem um país sem corrupção e esse é um desejo comum a diversas nações.” A Lei da Empresa Limpa (Lei nº 12.846/2013), em vigor no Brasil desde janeiro de 2014, impõe multas significativas, destacou. “O risco cresceu, especialmente por englobar as operações dos fornecedores.” Essa condição impõe a criação de mecanismos de integridade e de proteção contra a corrupção, disse Giovanini, explicando a diferença entre os termos: “Integridade é fazer o que é certo. Proteção à corrupção são ações e condutas para evitar que o erro venha a acontecer ou para se defender, caso o erro ocorra”. Ele disse ainda que, de modo geral, as empresas aplicam medidas de proteção baseadas em códigos de conduta, auditorias ou cláusulas de compliance. E provocou: “Alguém conhece um fornecedor que siga à risca o código de conduta enviado por sua empresa? Todos erram, inclusive você. O mercado não deseja projetos de proteção, e, sim, de integridade”.

Implantar projetos de integridade, na opinião de Giovanini, inclui passos fundamentais:

1) A alta direção da empresa tem de estar comprometida com a ideia (apoio integral da liderança);

2) A alta direção tem de criar ações para difundir essa cultura em todos os níveis da empresa;

3) Deve-se implantar canais eficientes de denúncia e de apuração; e

4) Caso qualquer irregularidade seja comprovada, a organização tem de tomar as medidas cabíveis, independentemente de quem esteja envolvido (isonomia).

“Todos na empresa devem entender essa cultura e replicá-la em toda a cadeia de valor”. Para ele, não tem como um parceiro recusar-se a adotar as práticas de integridade se corretamente incentivado e orientado pela organização proponente. E  destacou: “Caso se recuse, há algo errado.”

Por Bruno Starnini Jr. (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Foto: Thiago Lopes