Após o vazamento de milhões de documentos de um escritório de advocacia, no caso conhecido como Panamá Papers, um especialista da ONU (Organização das Nações Unidas) em direitos humanos está pedindo à comunidade internacional para acabar com o sigilo financeiro: Juan Pablo Bohoslavsky, relator independente para dívida externa.

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Em uma nota divulgada na última semana, ele afirmou que “evasão fiscal e fluxo ilícito de dinheiro prejudicam investimentos públicos em ações culturais, econômicas e sociais”.

Evasão fiscal, corrupção e verbas ilícitas
Os arquivos vazados tornaram públicas as condutas de corporações, indivíduos e políticos para ‘esconder’ dinheiro em centenas de empresas offshore. Para o especialista, há diversos motivos para fazer depósitos em companhias dessa natureza, mas vários deles têm caráter ilegal, como evasão fiscal, corrupção e verbas desviadas.

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Paraísos fiscais já foram usados no passado por grupos ligados ao tráfico de drogas e de arma e ao terrorismo, e por governantes que violam os direitos humanos.

O desmoronamento da confiança
Bohoslavsky também acredita que a evasão fiscal destrói a confiança em instituições públicas e prejudica investimentos na saúde pública, na educação e em outros serviços sociais. De acordo com sua visão, o escândalo deflagrado no Panamá nos mostra que é preciso pôr um ponto final no sigilo bancário (quando não houver nenhuma justificativa plausível para tal) e criar um sistema global de troca automática de informação fiscal.

O tráfico ilícito financeiro de países em desenvolvimento e emergentes chegou a US$ 1,1 trilhão em 2013, segundo a companhia Integridade Global Financeira.

 

Por Rádio ONU

Foto: Carlos Jasso/Reuters