Instituto Ethos prevê lançamento do “Guia Temático para Promoção da Equidade Racial” em novembro e prepara Fórum Empresarial Nacional sobre Equidade de Gênero e Raça no Mercado de Trabalho.

Na última semana (10), o grupo de trabalho Empresas e Direitos Humanos se reuniu na sede do Instituto Ethos para a oficina sobre o “Guia Temático para Promoção da Equidade Racial: Indicadores Ethos-Ceert”, que tem apoio do Fundo Newton, oferecido pelo Conselho Britânico.

O coletivo avaliou de forma participativa a elaboração dos Indicadores Ethos-Ceert quanto à temática racial e à construção do Fórum Empresarial Nacional sobre Equidade de Gênero e Raça no Mercado de Trabalho.

O coordenador de Projetos do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) Daniel Teixeira acredita que trabalhar a igualdade racial no ambiente corporativo vai além de iniciativas contra a discriminação. “É muito importante lapidar a indução das empresas nessa agenda, para conseguirmos avançar nas práticas em relação a esse tema, a fim de que não sejam só de combate à discriminação mas também de promoção da igualdade. Isso beneficiaria toda a sociedade, já que o direito ao trabalho é um direito social fundamental de todos, inclusive da população negra, que hoje se vê alijada de vários postos de decisão no mercado”, disse Teixeira, que destacou ainda a questão das mulheres negras. “Os censos empresariais de perfil demográfico dão conta da exclusão das negras na chefia. Nosso enfoque é uma perspectiva de mudança. Por isso a importância do fórum e de que as empresas progridam com ações concretas de promoção da igualdade de raça, com a intersecção de gênero, que vai justamente buscar a ascensão das afrodescendentes”.

Após avaliarem o questionário do Indicador Ethos, os representantes das companhias presentes na reunião falaram sobre suas percepções. “Oficinas como esta são muito importantes, porque nós temos aqui pessoas da sociedade civil e empresas de diferentes portes trocando ideias. Só assim conseguimos ir adiante. Fomentar o diálogo é muito rico e, com as estatísticas produzidas pelo Ethos, é fácil perceber que algo precisa ser feito. O estudo explicita a necessidade de ação. Por meio dos indicadores, as organizações se sensibilizam sobre o tema e criam um plano”, comenta Denise Maranho, da área de Relações Externas e Riscos Não Técnicos, da Shell.

“É fundamental termos iniciativas como essa, de conscientizar o setor privado sobre como entender a população negra e possibilitar seu empoderamento. Ao passo que as corporações incluem os negros no mercado de trabalho, com melhores condições e acesso a cargos gerenciais, muda-se o perfil não só de consumo mas de uma parcela significativa da sociedade”, avalia Antonio Tobias, consultor de assuntos étnico-raciais.

O grupo de trabalho foi criado para aprimorar e disseminar práticas empresariais que contribuam para garantir o respeito aos direitos humanos, sobretudo no que diz respeito à valorização da diversidade, ao combate ao trabalho escravo e à promoção do trabalho decente.

“Vocês nos ajudam a aperfeiçoar a ferramenta que construímos trazendo um conhecimento novo. Quando propusemos ao Fundo Newton a criação do fórum, tínhamos plena convicção de que há projetos importantes acontecendo em empresas e instituições sociais, de promoção da diversidade e igualdade. Apesar dessas iniciativas, precisamos criar um espaço mais amplo, mais focado em mudanças na postura dos empregadores. Além disso, é preciso fomentar transformações nas políticas públicas”, explicou Caio Magri, diretor executivo de Operações, Práticas Empresariais e Políticas Públicas do Instituto Ethos.

Para Cida Bento, cofundadora e coordenadora executiva do Ceert, a luta pela igualdade precisa ser ampliada. “A evolução desse tema é mais lenta do que gostaríamos. Isso porque as pessoas precisam compreender, derrubar mitos, ver progressos e entender que há marcos legais que sustentam essas práticas. De modo geral, as empresas tendem ao conservadorismo, não se arriscando muito. Prova disso é o poder público ter se saído muito melhor nesse quesito, estabelecendo cotas e estimulando discussões em vários municípios e estados e na União. Já as organizações privadas ainda caminham com muita cautela. O guia temático vai auxiliá-las a debater e a começar a buscar soluções”. Bento ainda afirma que vivemos um segundo momento na tentativa de alcançar mais equiparação racial no ambiente corporativo. “Antes a preocupação era em não discriminar e assegurar oportunidades para todos, mas agora, seguindo a Constituição de 1988, temos o dever de promover a igualdade. Tudo isso que o Ethos está fazendo se aplica ao campo da promoção da equidade racial, em como podemos tornar este processo mais rápido, efetivo e ampliar o número de atores para atrair a atenção em torno dessa temática”.

 

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