Conferência Ethos em SP discutiu possibilidades de emprego para funções rotineiras

 

Num cenário no qual a economia informal vinha andando a passos largos, em função do aumento do desemprego, a boa notícia é que a informalidade começa aos poucos a sair de cena. Na palestra “O efeito potencial das tecnologias e inteligência artificial sobre o trabalho e emprego na América Latina”, Matthew Govier, diretor executivo da Accenture Strategy, fez uma avaliação do impacto que as novas ferramentas estão exercendo sobre o mercado de trabalho.

Govier voltou um pouco o relógio histórico retornando da época da máquina a vapor até chegar à fase atual das máquinas inteligentes, na qual se inserem a robótica e a internet.

A atual onda de disrupção tecnológica já impacta os trabalhos intensivos, em atividades repetitivas, que podem ser programadas e realizadas por máquinas, dando lugar aos denominados trabalhos mais intelectuais. “Os países em desenvolvimento   registram queda de 6% na parcela de empregos, predominantemente de tarefas rotineiras, na primeira década do século XXI ”,  declarou Govier.

Vinte por cento das pessoas na AL tem formação terciária, sendo que esse percentual salta para 45% nos EUA e no Reino Unido. O diretor executivo da Accenture Strategy relatou que a baixa qualificação profissional é um fator complicador que atinge os empregados na América Latina, responsáveis por 27% dos trabalhos intensivamente rotineiros.

O diretor executivo da Accenture Strategy, por enquanto, vislumbra três tipos de colocações para o empregador de serviços rotineiros. São elas: ocupações gerenciais e técnicas, as que exigem habilidades minuciosas (preparação de alimentos, jardinagem), vendedores de rua e trabalhadores informais.

Diante do exposto, Govier questionou: “Como ajudar esses três milhões de pessoas a ingressar no mercado e estarem preparadas para o emprego de amanhã? ” A onda tecnológica avança, daí o que pode nos ajudar nesse momento são as tendências sociais e demográficas economicamente que devem desenhar um novo cenário no futuro. Entre elas, destaque para a economia verde (instalação e manutenção de painéis solares, reciclagem e descontaminação de resíduos, serviços de guia de ecoturismo), envelhecimento populacional (produtos adaptados para idosos, adaptações prediais, serviços de turismo para cidadãos idosos ativos) e economia da saúde e bem-estar (agricultura orgânica, serviços para ciclistas e instrução de atividades como ioga, pilates etc).

 

Por Zulmira Felício, para o Instituto Ethos

Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques