Assassinato fragiliza ainda mais as danificadas estruturas democráticas
 

O Ethos lamenta a execução de Marielle Franco, ocorrida ontem (14), no Rio de Janeiro, que também vitimou Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava. Marielle era vereadora pelo PSOL e foi a quinta mais votada nas últimas eleições, além de ter sido uma grande defensora dos Direitos Humanos. Em 28 de fevereiro, havia sido eleita presidente da comissão que acompanha a intervenção federal no Rio de Janeiro e, há quatro dias, denunciou a violência policial em Acari, bairro do Rio de Janeiro.

Marielle Franco representava tudo aquilo que queríamos ver na política. Mulher, negra, jovem, das periferias cariocas, de orientação sexual contra majoritária, rompia com a lógica e estética dominantes nas casas legislativas que supostamente representam o povo, mas que nada têm de povo. Eleita em sua primeira campanha em 2016, foi uma das vereadoras mais bem votadas na cidade do Rio de Janeiro. Em uma campanha sem recursos, sem apoio das oligarquias do poder, conseguiu acessar um espaço de poder que sistematicamente exclui mulheres negras. O Ethos se manifestou a respeito da necessária renovação política em texto publicado sobre a campanha de renovação do congresso nacional (leia aqui).

Para além do cargo eletivo que exerceu por pouco tempo, durante toda a sua trajetória atuou pela promoção e efetividade dos direitos humanos, bem como em defesa da sua comunidade, alvo constante da violência institucionalizada do Rio de Janeiro.

O Ethos presta solidariedade às famílias de Marielle e Anderson e aos seus companheiros e companheiras de luta. O assassinato bárbaro de uma representante eleita pelo povo fragiliza ainda mais as danificadas estruturas democráticas que hoje sustentam a sociedade brasileira. Esperamos que haja uma efetiva investigação e responsabilização por essa execução. Como o Governo Federal interveio na segurança pública do Rio de Janeiro, é responsável pelos esclarecimentos, investigação e punição dos responsáveis pelos assassinatos. A declaração do Ministro de Segurança Pública de que irá disponibilizar a Polícia Federal para auxiliar na investigação não é clara nesse sentido. O Governo Temer, o Interventor Federal e o Ministro são responsáveis pela apuração dos assassinatos e é dessa forma que a população deve cobrar.

Hoje (15) haverá diversos atos em memória de Marielle. Clique aqui e veja os locais e horários.