Entenda como medidas de adaptação climática auxiliam na mitigação de riscos

A organização do 8º Fórum Mundial da Água, finalizado em 23 de março, divulgou um release final do evento no qual aponta as principais deliberações frente as questões debatidas durante os 6 dias de duração do congresso. Leia aqui o texto com o consolidado das discussões.

O Instituto Ethos acompanhou os desdobramentos e apresenta análise de como o a agenda de adaptação às mudanças climáticas está em consonância com a agenda da água. Flavia Resende, coordenadora de práticas empresariais e políticas públicas do Ethos acredita que o Fórum da Água “retoma a importância no engajamento da sociedade para atividades de redução no uso de recursos hídricos, conservação da água e outras estratégias de gerenciamento de recursos hídricos, chave para toda discussão acerca do tema de adaptação à mudança do clima”.

Desde 2016, o Ethos, em parceria com outras organizações da sociedade civil e empresas, vem implementando ações relacionadas ao tema de adaptação, o que é convergente com os 9 princípios da Carta Aberta ao Brasil, do Fórum Clima.

Em 2017, em parceria com o WWF Brasil, o Ethos lançou a publicação Financiamento Climático para Adaptação no Brasil: mapeamento de fundos nacionais e internacionais, que indica a existência de aproximadamente 50 fundos, entre nacionais e internacionais, que podem ser acessados pelas empresas e outras instituições, para atividades de adaptação.

Em 2018, em parceria com a Iniciativa Empresarial em Clima (IEC), o Ethos vem desenvolvendo um plano de trabalho que inclui aprofundamento no conhecimento sobre adaptação, fortalecimento da ferramenta AdaptaClima e articulação sobre cenários climáticos no Brasil. A IEC é formada pelo Instituto Ethos, Pacto Global, GVCes, CEBDS, CDP, Envolverde e Neomondo.

Dentro do levantamento realizado para a publicação do Ethos e WWF-Brasil, foram apresentados os principais impactos, por bioma, no país. Tais impactos incluem o aumento ou redução da precipitação nas diferentes regiões, assim como a ocorrência de secas em determinadas regiões. Isso leva a perda da biodiversidade, prejuízo nas culturas agrícolas, desabastecimento hídrico e outros tipos de impactos relacionados.

Acompanhado dos fundamentais impactos no setor hídrico, por exemplo, o estudo apresentou também as principais fontes de financiamento para projetos relacionados ao setor. No caso do Brasil, é possível acessar financiamento de fontes multi ou bilaterais, que incluem: Securing Water for Food (SWFF), Fundo Acumen, Fundo de Pequenas Doações do GEF (Global Environment Facility), Adaptation for Smallholder Agriculture Program (ASAP), Fundo Verde do Clima do GEF, Korea Green Growth Partnership Trust Fund (KGGPTF), Special Climate Change Fund (SCCF), Global Climate Change Initiative (GCCI), International Climate Fund (ICF), KfW Development & Climate Finance, BNDES Restauração Ecológica, FNE Água (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), FNO Biodiversidade e CDC Eficiência Energética. É importante lembrar que a publicação fez um levantamento bem abrangente, apesar de detalhado, sobre as fontes disponíveis. Mas é pertinente que as instituições interessadas se debrucem sobre cada um desses fundos, bancos e fontes financiadoras, de forma a identificar o potencial de investimento para suas atividades.

Em 2018, o Ethos tem explorado os principais desafios de adaptação à mudança do clima no setor de recursos hídricos e também os casos de sucesso, de empresas, em atividades relacionadas. Já convidamos representantes do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima para falar do panorama atual das mudanças climáticas no Brasil. Destaque foi dado para a publicação Brasil 2040, que reforça a importância de olhar os cenários de escassez hídrica no Brasil, principalmente no que toca as hidroelétricas planejadas. Sem levar em consideração a mudança nas vazões dos rios brasileiras, usinas desse tipo podem ter suas operações altamente comprometidas. Também serão fortalecidos o uso e acesso à ferramenta AdaptaClima, lançada ano passado, com o principal objetivo de apoiar instituições na implementação de ações de adaptação nas suas esferas.

E por último, entender melhor como são calculados e desenhados os cenários futuros dos impactos da mudança do clima, o que inclui obviamente perspectivas de escassez hídrica e seus impactos na agricultura, geração de energia, e etc. Uma atividade essencial para garantir ações mais efetivas de adaptação por parte de todos os setores.

 

Por Flavia Resende, do Instituto Ethos

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