Debate sobre a temática aconteceu na Conferência Ethos no Rio de Janeiro

Os caminhos para a descarbonização da economia brasileira foi o tema central da mesa Os Investimentos e os incentivos no setor de óleo e gás e os desafios para transição para uma economia de baixo carbono da edição do Rio de Janeiro da Conferência Ethos 20 Anos.

O petróleo e seus derivados são vistos como um dos grandes vilões na emissão de carbono na atmosfera, fenômeno intrinsecamente ligado com as mudanças climáticas. Por outro lado, há também a dependência do Brasil com esse combustível, como foi possível perceber na greve dos caminhoneiros, em maio deste ano. “A greve dos caminhoneiros nos mostrou como seria viver se o petróleo acabasse do dia para a noite”, pontuou Marina Ferro, gerente executiva de práticas empresariais e políticas públicas do Ethos. Portanto, encontrar e traçar a caminhada para a transição não é um desafio fácil porque há muitas variáveis envolvidas.

“Como sociedade, temos o desafio de saber como equilibrar o impacto no meio ambiente e o benefício socioeconômico”, indicou Antonio Guimarães, secretário executivo de exploração e produção do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), ao apresentar a complexidade da temática. Entre os pontos apresentados estão a geração de empregos pela indústria, o impacto sobre a cadeia de fornecedores, além das próprias receitas geradas ao Estado a partir das tributações. Como exemplo, o secretário executivo indicou o impacto que a atividade tem sobre a economia do estado do Rio de Janeiro.

A relação da Noruega com a produção e consumo de petróleo e derivados também foi evidenciada na discussão. O país continua a produzir, mas o consumo é altamente desestimulado, em especial pela alta tributação para os consumidores. Assim, “um caminho possível é que o petróleo seja rentável para que seja produzido, mas para o consumo, ele não precisa ser necessariamente consumido no Brasil”, apresentou o executivo do IBP.

A importância do Acordo de Paris, que tem como maior objetivo reduzir as emissões de gases poluentes, esteve em voga. “Sabemos e reconhecemos que os combustíveis fósseis têm um papel fundamental na mudança do clima e estamos construindo inovações e encontrando caminhos para diminuir nosso impacto nas emissões”, indicou Alexandre Gonçalves Fachin, gerente geral de Meio Ambiente da Petrobras. “Estamos preparando a companhia para uma economia de baixo carbono”, completou.

Nesta direção, olhar para os processos da organização é ponto essencial e é uma das estratégias que estão sendo utilizadas pela Petrobras. “Realizamos ações de mitigação na emissão de co2 na nossa produção, diminuindo o aumento relativo das emissões mesmo aumentando a produção de petróleo e gás.  Além disso, fazemos parte do Oil and Gas Climate Initiative, uma iniciativa de 10 empresas do setor de petróleo e gás que se comprometem com a mudança do clima, o que inclui investimentos em estratégias e tecnologias para diminuir as emissões de gases nocivos”, apresentou o gerente geral.

O setor de petróleo e gás é demasiado relevante para a descarbonização da economia brasileira e estratégias de mudança para uma economia de baixo carbono são diversas. Contudo, já é possível perceber que o setor está atendo a este cenário e tem procurado alternativas ao seu modelo de negócio para um bem-estar coletivo.

 

Foto: Adilson Lopes