A trajetória e os momentos mais marcantes dessa história

O Brasil melhorou seu desempenho em termos de inclusão social e econômica ao longo dos últimos dez anos. No entanto, mesmo com essas melhorias, continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Apesar de constituírem a maioria da população brasileira, conforme dados da PNAD 2015, negros/as (53,9%) e mulheres (51,4%), têm baixa representatividade em empresas, sofrendo com a dificuldade de ascensão hierárquica e a disparidade salarial. Desde 2003, o Instituto Ethos publica periodicamente o Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, que proporciona o mapeamento de ações voltadas para a inclusão social nas companhias. Comparando os resultados de diferentes edições da pesquisa, identificamos que, caso o ritmo se mantenha, a igualdade racial no ambiente de trabalho só será alcançada em 150 anos, e a de gênero em 80 anos.

A Coalizão Empresarial para a Equidade Racial e de Gênero nasce, portanto, como uma iniciativa para contribuir com a reversão de tal cenário, ensejando um desenvolvimento econômico e social para os quais a promoção da diversidade e da equidade são passos decisivos. De forma a garantir e impulsionar para que as empresas deem um passo adiante rumo a igualdade, foi lançada há dois anos, no dia 16 de maio no Conselho Britânico em São Paulo, a Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero,  iniciativa do Instituto Ethos, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e do Institute for Human Rights and Business (IHRB), com apoio do Movimento Mulher 360, do Instituto Carrefour, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do programa Fundo Newton, oferecido pelo governo do Reino Unido e pelo Conselho Britânico.

O que é a Coalizão?

A Coalizão se propõe a ser um espaço de debate, troca de experiências e estímulo à implementação e ao aprimoramento de políticas públicas e práticas empresariais, em um esforço coletivo para superar a discriminação de gênero e raça nas organizações.

Além de empresas nacionais e multinacionais, de diversos setores, a iniciativa pretende congregar especialistas em diversidade, organizações da sociedade civil e poder público. Essa estratégia é crucial para acelerar a equiparação de gênero e raça no ambiente corporativo, bem como reduzir a desigualdade social e econômica no Brasil.

A iniciativa é aberta a todas as empresas interessadas, independentemente do seu estágio de engajamento na promoção de diversidade em seus quadros corporativos e cadeias de valor.

Objetivos

A Coalizão Empresarial Nacional sobre Equidade de Gênero e Raça pretende:

Sobre a adesão 

As empresas que pretendem aderir, deverão assinar a carta compromisso pela sua presidência ou pela máxima instância administrativa da organização e/ou seu representante legal.

Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, uma realização do Instituto Ethos com cooperação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aponta que a disparidade de gênero e raça persiste no ambiente corporativo, apesar do conhecimento de que empresas que contemplam a diversidade têm ganhos significativos.

O Banco de Boas Práticas e os Indicadores: Ethos-Ceert para Promoção de Equidade Racial e Ethos – MM360 para a Promoção da Equidade de Gênero, são instrumentos com foco na equidade e na superação da discriminação racial e de gênero no mundo do trabalho. Ferramentas que apoiam as empresas quanto a gestão em diversidade e que são recursos efetivos que também poderão ser utilizados pelas empresas que aderirem à Coalizão.

Para saber mais sobre esta iniciativa envie e-mail para: [email protected]

Coalizão em 2 anos

Lançamento no dia 16 de maio de 2017

“A mudança no quadro de desigualdades raciais no trabalho exige várias medidas, entre elas que se tenha um diagnóstico dos entraves institucionais na inserção e na ascensão profissional, o que requer monitoramento de informações demográficas das empresas e organizações. Algumas boas iniciativas empresariais podem ser identificadas e é fundamental mapear, discutir, detalhar e disseminar essas ações, como cases, com vistas a compartilhar as metodologias e os principais desafios para sua implementação.” – explica Maria Aparecida da Silva Bento, diretora executiva do CEERT

O lançamento da Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero foi a reunião das principais lideranças das políticas de inserção racial, que relataram a implantação de boas práticas nas corporações, como: Stephanie Oueda Cruz, diretora associada de Diversidade e Inclusão da Coca-Cola na Europa; Judith Morrison, assessora principal da Divisão de Gênero e Diversidade do BID; Ana Costa, vice-presidente Jurídica e de Relações Governamentais e líder da Rede pela Diversidade da AVON, entre outras personalidades que estiveram presentes no lançamento.

“Está na gênese do Ethos a promoção da equidade racial e de gênero. Foi Cida Bento, dirigente do CEERT e hoje nossa Conselheira, que nos provocou para o tema nos idos de 1999. Oded Grajew, fundador e presidente emérito do Ethos, deu prioridade absoluta para internalizar o tema nas estratégias da organização. A partir daí iniciamos os estudos para a publicação da série histórica do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas. E agora com esta iniciativa da Coalizão, igualmente parceira do CEERT, queremos demonstrar que as empresas são atores capazes e responsáveis de combater as desigualdades sociais ao realizar a necessária inclusão de todos para alcançarmos uma sociedade plural, diversa e justa”, enfatizou Caio Magri, diretor-presidente do Instituo Ethos.

Após isso, 20 empresas aderiram à Coalizão Empresarial para equidade racial e de gênero

O lançamento da Coalizão conseguiu a adesão de 20 empresas, que se comprometeram a promover inclusão, disseminar a cultura da equidade com fornecedores e prestadores de serviço, mas – acima de tudo –se propuseram agir para acelerar o processo de igualdade com ações afirmativas e marketing das boas práticas.

Com a troca de experiências de empresas e instituições, uma conclusão foi consenso: sem o envolvimento do CEO e da diretoria das empresas, a equidade será lenta. Quem levantou a bandeira foi o presidente da Bayer do Brasil, Theo van der Loo, que mostrou a necessidade de mudar o ambiente corporativo com negros, mulheres e homens, respeitando a identidade de gênero e promovendo metas de contratação e geração de empregos para jovens.

“Precisamos promover diversidade a partir dos estagiários, fomentar o acesso ao mercado de trabalho. Os CEOs precisam estar engajados, pensar como um negro, ter política salarial igual para homens e mulheres, se colocar no lugar do outro. Precisamos acelerar essa mudança, enfrentar a inclusão e não esperar mais duas, três décadas. ”

Como um dos apoiadores da Coalizão Empresarial, o Fundo Newton, que investe em projetos de intercâmbio de conhecimento e ações culturais, acredita que o desafio justifica o investimento: “O reconhecimento da diferença, da diversidade é fonte de riqueza e prosperidade”, destacou Diana Daste, gerente sênior do Fundo Newton.

Já os números apresentados pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – mostram que em 20 anos pouco mudou no Brasil quando se trata de igualdade. “O Brasil está num momento difícil, mas é preciso falar da importância da competitividade, como ter mais mulheres e negros nos Conselhos Administrativos e postos de direção. Para isso é preciso assumir responsabilidades, como a Coalizão Empresarial”, destacou Judith Morrison, assessora principal da Divisão de Gênero e Diversidade do BID.

O Professor Hélio Santos, presidente do Board do Baobá – Fundo para Equidade Racial, entidade que mobiliza pessoas e recursos para apoiar projetos em prol da equidade racial, fez várias provocações aos empresários:

“Crise é ausência de Projeto de Nação. Precisamos apostar na excelência de pessoas, nos talentos, criar microcrédito para empreendedores negros, homens e mulheres que ajudem a diminuir as desigualdades de gênero e cor.”

Para alinhar a equidade como política corporativa, as empresas de varejo já mudaram seu marketing, com produtos específicos para a pele negra e publicidade com modelos afrodescendentes, como fez a Avon, Natura, Carrefour, Walmart e Coca-Cola Brasil, além dos bancos. E até na cultura, os modelos de adesão de projetos precisam respeitar a diversidade, como explicou Emilia Carmineti, técnica do SESC-SP: “É importante valorizar a individualidade, as muitas vozes.”. Foram muitos exemplos de ações afirmativas, mudanças nos paradigmas de seleção e recrutamento e, mais que ações simbólicas, as empresas mostraram estar comprometidas em mobilizar sua cadeia de fornecedores, prestadores de serviço e consumidores para promover diversidade.

As primeiras empresas a aderir à Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero foram: Agência Única, Avon, BRH Brasil, Carrefour, Coca-Cola, Faculdade Montessoriano, Gente Bonita, Integrare, Leão Alimentos e Bebidas, LiDiversas, McDonald´s, Natura, Promon Engenharia, Santo Caos, Simões Advogados, Takao Diálogos, TriCiclos, Verbo Mulher, Walmart e White Martins.

Primeiras oficinas…

Em Salvador, no dia 25 de maio, aconteceu a 1ª Oficina de Promoção da Equidade Racial.  Na ocasião, estiveram presentes Glória Gonçalves do CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, Valdecir Nascimento do Instituto Odara, bem como Juliana Soares em nome do Instituto Ethos.

O encontro se deu na sede da Coelba e contou com a presença de 18 participantes de organizações da região como: Correios, Embasa, Faculdade Montessoriano, UNIFACS, Agência de Publicidade Única, DOW, Shopping Piedade, entre outras. Dentre essas, a Faculdade Montessoriano e Agência Única já são assinantes da carta compromisso da Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero.

Durante a oficina, foi apresentado o Guia Temático para Equidade Racial que propiciou o contato e apreciação dos indicadores, conteúdos e discussões sobre a temática. Além disso, foram trabalhados conceituações, contextos e dados sobre equidade racial, o que resultou em um rico e produtivo diálogo entre os participantes.

Aconteceu em Niterói, no dia 02 de junho, a segunda Oficina de Promoção da Equidade Racial para Empresas. Esteve presente Giselle dos Anjos Santos, representando o CEERT, e Juliana Soares, pelo Instituto Ethos.

O evento, que contou com pelo menos quinze participantes, apresentou e debateu os Indicadores Ethos-CEERT contidos no Guia Temático para Equidade Racial que esquadrinham as questões relacionadas à promoção da igualdade de oportunidade e da diversidade tendo foco na questão racial.

Um dos aspetos mais interessantes da oficina foi justamente a troca de experiências entre as/os diferentes participantes que puderam ouvir novas perspectivas sobre o tema da diversidade, além de ter contato com as dificuldades enfrentadas e as estratégias empreendidas para a promoção da equidade racial nas empresas que já atuam neste sentido e das que estão iniciando este trabalho.

Essas trocas fomentam novas ideias que podem culminar em ações para efetivar um cenário mais representativo e diverso no mercado de trabalho, e consequentemente na sociedade brasileira como um todo.

Reuniões

1ª e 2ª Reunião

Após a 1ª reunião da Coalizão, que aconteceu no dia 15 agosto de 2017, a 2ª reunião foi no dia 28 de novembro de 2017 na sede do Grupo Pão de Açúcar (GPA), em São Paulo (SP).

Estavam presentes 36 participantes, representando 26 organizações. Foram compartilhadas experiências, sucessos e dificuldades de duas organizações da Coalizão: Coca-Cola e Bayer, seguido de um debate temático sobre os “Desafios dos processos de inserção”.

Foram apresentadas e discutidas as propostas iniciais de Plano de Trabalho e Sustentabilidade da Coalizão para 2018, que seriam aprimoradas considerando as sugestões e questões tratadas na reunião.

3ª e 4ª Reunião

A 3ª reunião aconteceu em 23 de abril de 2018 e teve como tema “Comunicação Corporativa e Equidade Racial e de Gênero”.

Já a 4ª reunião aconteceu, no dia 27 de agosto de 2018, no Auditório da FEBRABAN, em São Paulo.

Com a presença de 43 pessoas, representando 29 organizações, a reunião iniciou-se com a abertura da Dra. Cida Bento, diretora executiva do CEERT; Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos; e Renata Braga, representante do BID.

Logo em seguida aconteceu a palestra e apresentação do sociólogo e mestre em Ciências Sociais com concentração em sociologia, Mário Rogério da Silva, tratando das “Novidades em relação aos dados raciais – Novas normativas”, seguido de debate com participantes, e com a mediação de Daniel Teixeira, advogado do CEERT; Cida Bento, diretora do CEERT; e Mário Rogério, palestrante.

E, como última atividade do dia, foi realizado um trabalho em grupo, para discussão e apresentação das sugestões em relação ao Plano de Ação da Coalizão para 2018/2019 e os temas de interesse das organizações, finalizado com a apresentação dos grupos a todos os participantes e com o fechamento dos mediadores CEERT.

Vivo anuncia seu compromisso com a Coalizão

Em 2018, na semana em que é celebrado o dia da Consciência Negra, a Vivo afirmou seu compromisso com a Coalizão Empresarial para a Equidade Racial e de Gênero.

O evento aconteceu no dia 23 de novembro de 2018, no auditório Eco Berrini, na cidade de São Paulo e contou com uma palestra da Professora Dra. Cida Bento, diretora executiva do CEERT, que na ocasião representava a Coalizão e com a presença das altas lideranças da empresa, como o CEO Eduardo Navarro e o COO Christian Gebara.

5ª Reunião

Foi no dia 11 de dezembro de 2018 que aconteceu a 5ª Reunião da Coalizão Empresarial no auditório da ATENTO – Liberdade em São Paulo.

“A importância de nos unirmos nesse momento e reconhecermos as causas, é para que, consigamos enfrentar as conjunturas e avançar nas práticas equitativas de forma estratégica.” – Caio Magri (diretor-presidente do Instituto Ethos)

Houve o diálogo do painel temático “O lugar das corporações no contexto atual brasileiro, no campo da diversidade e da equidade”, que contou com a participação de Oded Grajew, fundador da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis e presidente emérito e integrante do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, que trouxe dados das publicações “A Distância que nos Une” e “País Estagnado”, sobre as estruturas que sustentam as desigualdades no Brasil, como 9º país mais desigual do mundo.

“A contrapartida de muito poder é a responsabilidade, a responsabilidade pelo estado atual ou pela mudança. Então, o que as empresas podem fazer? Qual o papel delas? Primeiro, olhar internamente, fazer o levantamento das desigualdades dentro da empresa, de gênero e de raça, e tomar a decisão política a partir disso.” –  Oded Grajew, fundador da Rede Nossa São Paulo

Mafoane Odara, psicóloga, mestre em psicologia do Departamento de Psicologia Social da USP e coordenadora da área de enfrentamento às violências contra as mulheres e meninas do Instituto Avon, participou do painel defendendo a importância de ter a desigualdade não como tema, mas sim, como forma de olhar o mundo: “todos os relatórios que saíram com indicadores de desigualdades, mostraram que as mulheres negras estão nos piores índices”. Ela também trouxe para o debate a necessidade de promover a conscientização dessa realidade em instâncias de diversos escalões dentro das empresas, para tornar possível a aplicação de ações afirmativas que promovam a equidade racial e de gênero.

“Para todo mundo ganhar, precisamos entender que a diversidade é fundamental para a criatividade e a inovação, e dentro das empresas esses dois componentes são os mais importantes para garantir lucratividade.” – Mafoane Odara, coordenadora da área de enfrentamento às violências contra as mulheres e meninas do Instituto Avon

A reunião foi encerrada com as avaliações de Daniel Teixeira (CEERT) e Renata Braga (BID), dos desafios e oportunidades para Coalizão 2019, contando com a participação das empresas presentes, que em conjunto deram início a definição das metas e objetivos para os próximos encontros.

Mário Theodoro é destaque da 6ª reunião da Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero

Mário Theodoro, doutor em economia pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e Consultor Legislativo do Senado Federal, participou da 6ª reunião da Coalização Empresarial para Equidade Racial e de Gênero, organizada pelo CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades e Instituto Ethos, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em sua trajetória acadêmica e profissional, Mário vem pautando temas de extrema relevância dentro do campo das relações raciais, do desenvolvimento econômico e da dinâmica entre políticas públicas e promoção da equidade (racial e de gênero). Foi Diretor de Estudos Internacionais do IPEA, Secretário Executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e professor da Universidade de Brasília e também co-organizador e autor do livro As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição.

Cida Bento, diretora executiva do CEERT  e Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, chamaram a atenção para o atual cenário de recrudescimento da diversidade no espaço público, salientando o importante movimento das ações empresariais, agindo de forma resiliente na manutenção de ações voltadas para a diversidade.

Cida Bento mencionou a importância do “empregador enquanto agente de transformação social”. Outro ponto de destaque são as recentes ameaças às políticas de ações afirmativas, ocorrendo em alguns estados brasileiros. “Fortalecer as iniciativas de ações afirmativas no âmbito das empresas é a alternativa mais importante no atual cenário”. Nos lembrando do importante trabalho da doutora em educação, Sonia Dias, Cida encerrou sua fala lembrando da dificuldade de permanência do jovem negro na universidade, com destaque ao Programa Prosseguir – iniciativa do CEERT com patrocínio do Banco Itaú, que fomenta bolsas de estudos à jovens negros de grande destaque acadêmico, focando tanto na sua permanência como universitário, como em sua inserção no mercado de trabalho em postos de liderança.

A 6ª reunião também contou com a participação da White Martins e do Banco Santander, representados respectivamente, por Mariana Simões e Alexandre de Oliveira.

Alexandre chamou atenção para o processo de reserva de vagas para candidatos negros nos processos seletivos, com RH’s sensibilizados e gestores conscientes. Partindo da ideia de que tal processo potencializa o valor meritório do candidato, a partir da premissa da equidade, essa política garante uma concorrência justa e diversa, beneficiando toda a estrutura do banco. Outro ponto de destaque foi a eliminação da exigência de língua inglesa e espanhola para estagiários. Considerando que a maioria dos jovens negros não têm acesso a cursos de idiomas, o banco passou a incentivar, após a contratação, o domínio desses idiomas. Considerando que a maior parte das áreas não exige o uso cotidiano desses idiomas, o banco entendeu que tal exigência funcionava apenas como filtro seletivo de jovens de baixa renda, que poderiam crescer em sua trajetória se tivessem oportunidades.

Mariana destacou o viés inconsciente que impede a ascensão de diversos grupos no ambiente da empresa. Mulheres, negros (pretos e pardos) e pessoas com deficiência foram o foco nos últimos anos da estratégia de diversidade da empresa, denominada “Cultura de Diversidade e Inclusão”.

“Fazer as pessoas pensarem sobre o que não é óbvio para a sua realidade foi um grande desafio. Mas com a presença maciça de treinamentos e políticas afirmativas dentro da companhia trouxemos mudanças organizacionais consistentes”. Mariana lembrou também da importância de mulheres, negros e pessoas com deficiência em cargos de liderança, em postos “chave” para o crescimento da empresa. A cartilha de Diversidade e o Manual Diversidade, como também o Guia Paternidade Responsável são ações que mereceram destaque no encontro.

Mario Theodoro também abordou a naturalização da desigualdade na sociedade brasileira e sua relação intrínseca com o racismo e com o nosso processo de desenvolvimento econômico. Nos lembrou que a modernização brasileira anda passo a passo com o aumento das desigualdades, sendo possível observar o processo histórico de desenvolvimento econômico brasileiro, que ao longo do século XX obteve êxitos extraordinários, não alterando em nada o quadro da desigualdade racial.

Sua fala foi finalizada com um alerta: as políticas públicas e privadas de promoção da equidade são os principais motivos para o êxito das maiores economias do mundo, citando o caso alemão como destaque. Sem avançarmos nessa agenda, não será possível construir uma nação plenamente desenvolvida.

Por: CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades

Foto: CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades