Ethos participa de evento sobre sustentabilidade promovido pela Firjan
A sustentabilidade é um caminho sem volta e envolve tanto as grandes quanto as pequenas e médias empresas. Esta foi a tônica do workshop “Autoavaliação de critérios de sustentabilidade para acesso a novos mercados”, promovido pela Firjan, em parceria com a Delegação da União Europeia (UE) no Brasil, realizado em 07/10, na Casa Firjan.
“Estruturamos esse evento pensando no desafio de conexão das demandas de grandes empresas globalizadas, que já incluem em seus negócios questões sociais e ambientais e precisam difundir isso para a sua cadeia. É fundamental que as pequenas e médias empresas compreendam que a adoção de critérios sustentáveis são oportunidades de negócios que aumentam a sua competitividade”, destacou Wagner Ramos, assessor do Conselho de Responsabilidade Social da Firjan.
Para Miguel Castro, representante da UE, o comércio não pode se dar em detrimento das questões ambientais ou das condições de trabalho. “A política comercial da União Europeia promove um desenvolvimento sustentável, os direitos do homem e a boa governança. Mas essa rede de políticas, iniciativas e acordos internacionais pode ficar no papel se, na sua execução, o trabalho não for feito em parceria com a iniciativa privada. O mundo está cada vez mais conectado, e as empresas de menor porte têm um papel preponderante na incorporação de uma visão estratégica de sustentabilidade”, observou.
O workshop é o segundo evento realizado pela federação, em parceria com a UE, voltado para a temática sustentável e de responsabilidade social. “Nossa proposta é viabilizar espaços de difusão e produção de conhecimento”, explicou Eliane Damasceno, coordenadora da Divisão de Projetos Integrados de Responsabilidade Social da Firjan.
Cadeia tem papel importante
Segundo Ana Lucia de Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos, as grandes empresas não conseguem resolver todos os impactos socioambientais de suas atividades. “Elas dependem de sua cadeia e há ainda muita falta de conhecimento sobre o assunto. Sustentabilidade é diferencial para a manutenção dos negócios”, frisou. De acordo com dados do Instituto, 92% das empresas possuem pontos no seu código de conduta em relação à gestão de fornecedores e 69% possuem cláusulas socioambientais nos contratos com fornecedores.
“O Ethos tem desenvolvido referências para as empresas como modo de encorajá-las a adotar práticas de gestão que contribuam com o desenvolvimento sustentável. Das empresas constituídas no Brasil, 99% são micro e pequenas; elas, segundo o Sebrae, respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado. É imprescindível que esses empresários e empresárias apliquem uma visão de sustentabilidade em seus negócios, tanto como forma de mantê-los como também de maneira a se diferenciar no mercado”, completou Ana ao falar da importância das PMEs incorporarem a sustentabilidade em suas atividades.
Para Maya Colombani, diretora de Sustentabilidade da L’Oréal Brasil, o mundo mudou e temos que afrontar os novos desafios como escassez de recursos naturais e mudanças climáticas, que atingem primeiro as populações mais vulneráveis. Além disso, segundo ela, as novas gerações exigem mais do que nunca a sustentabilidade tanto em seu consumo quanto na sua escolha de empresa.
“Por isso, as companhias devem colocar a sustentabilidade no coração de seu negócio. Nosso foco é inovar de forma sustentável, avaliando nossos produtos segundo critérios ambientais e sociais em todo o seu ciclo de vida. Daí a importância de valorizarmos parcerias que também acreditem nessa missão e ter cada dia mais protagonismo social com as comunidades ao redor”, disse.
A sustentabilidade está presente nos negócios da Assessa, empresa familiar e de pequeno porte, desde a sua criação. Especializada na produção de ingredientes e ativos naturais para a indústria cosmética – como algas marinhas, flores e frutas – o capital natural está em seu DNA. “Tem sido um diferencial para acessarmos novos e grandes mercados”, analisou Raissa Callado, tecnóloga do Meio Ambiente da Assessa. A empresa exporta para grandes e exigentes organizações dos EUA e está se adequando, através de certificações internacionais, para penetrar nos mercados europeu e chinês.
Programas de compliance
Além da adoção de diretrizes sustentáveis, Ana Carla Torres, coordenadora de Compliance da Firjan, também falou sobre a importância da implantação de programas de integridade nas empresas. “Para implementar um programa de integridade, não existe receita de bolo, pois cada empresa é única. Apresentamos alguns pilares e boas práticas, mas o essencial é o compromisso com o comportamento ético”, disse.
Trazendo uma experiência prática de como as empresas têm a perder com irregularidades e corrupção, a SBM Offshore ficou quatro anos sem participar de licitações e desembolsou um total de R$ 347 milhões no acordo de leniência que celebrou com autoridades brasileiras. “Compliance é uma nova realidade e tem se tornado um dos pilares das grandes corporações, que se reflete no mercado, assim como a sustentabilidade. Precisamos andar juntas, pequenas, médias e grandes empresas, para que novos padrões de ética sejam observados nas relações de negócios”, afirmou Amanda Costa, Compliance Officer da SBM Offshore.
Por: Firjan (com modificações)
Foto: Fabiano Veneza