Sociedades muito desiguais são menos efetivas na redução da pobreza
“Estamos diante da questão mais crítica para pensar num mundo mais desenvolvido, mais justo e com capacidade de oferecer oportunidades para todos.” Assim, Caio Magri, diretor-presidente do Ethos, iniciou o último programa da Coluna Responsabilidade Social, que foi ao ar no dia 14/02.
Segundo Caio, viveremos dias cada vez mais difíceis se não reduzirmos as desigualdades em vários campos da vida social, como a desigualdade de renda, política, de gênero, de raça, a desigualdade territorial, entre outros: “Ou conseguimos, de maneira clara e planejada, reduzir as desigualdades, ou teremos graves problemas, inclusive de crise econômica. Não existe possibilidade de crescimento e desenvolvimento econômico com a ampliação das desigualdades.”
O diretor-presidente do Ethos também citou uma carta sobre a desigualdade que foi lida no Fórum Econômico Mundial de Davos de 2020, que reúne anualmente líderes e grandes personalidades do mundo todo para discutir caminhos para a economia e a política mundial. Caio citou um trecho da carta, que diz: “A desigualdade extrema é desestabilizadora e está crescendo em todo o mundo. Hoje existem mais milionários na terra do que antes e eles controlam mais riqueza do que nunca, enquanto isso, a renda da metade da população mais pobre da humanidade permanece praticamente inalterada, em muitos países as tensões causadas pelas desigualdades atingiram níveis de crise, baixa confiança social e um senso difuso de justiça, que estão diminuindo a coesão social básica. Esse colapso dentro das nações exacerba tensões entre os países, a dinâmica resultante garante que a sociedade global falhe em responder adequadamente à catástrofe climática iminente, isso será desastroso para todos, inclusive os milionários e milionárias.”
Para Caio, quando as ideias de um grupo de multimilionários, representadas nessa carta, convergem com estudos e posicionamentos da Oxfam; organização criada para a construção de um Brasil mais justo, sustentável e solidário, eliminando as causas da pobreza, as injustiças sociais e que tece críticas incisivas a respeito das desigualdades; isso significa que temos “a possibilidade de encontrar uma solução para o problema, mas, ao mesmo tempo, prova a medida exata da gravidade que vivemos nesse sentido.”
A coluna também discutiu brevemente o papel do Congresso nessa questão, visto que a Constituição apresenta em um de seus capítulos a obrigação e o dever dos governos, políticos e instituições em reduzir as desigualdades.
Nesse sentido, Caio lembra também o papel das empresas que, segundo ele, “têm que mudar completamente a sua maneira de encarar questões que envolvem diversidade, inclusão e o processo de renda, atuando diretamente sobre a desigualdade de salários, por exemplo.”
Com relação as organizações da sociedade civil, Caio aponta que é muito importante que estejam juntas nesse trabalho para “encontrar soluções e pressionar governos e Parlamento para que consigamos ter políticas que avancem na redução das desigualdades no Brasil”.
Para finalizar o programa, Caio falou sobre a criação de uma iniciativa, constituída pelo Ethos e diversas outras organizações, para gerar ações brasileiras de combate às desigualdades, além de apresentar soluções e mostrar os problemáticos números do Brasil nesse cenário.
Confira a coluna completa.
Por: Laís Thomaz, do Instituto Ethos
Foto: Pexels