Para além das questões esportivas, iniciativas para pessoas migrantes e refugiadas são de grande valor

As Olimpíadas tiveram início e apesar da contrariedade quanto a realização dos jogos em meio a uma pandemia e por questões que ainda requerem atenção, como a agenda de gênero e das manifestações raciais, em busca da igualdade, vale ressaltar que, pela segunda vez, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos contarão com atletas refugiades que competirão em 12 modalidades. A primeira edição do evento multiesportivo com atletas refugiades aconteceu em 2016, no Brasil, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) criou uma página oficial do time de pessoas refugiadas nas Olimpíadas.

A iniciativa da ACNUR se soma a outros esforços globais no objetivo de proporcionar melhores condições e oportunidades para pessoas refugiadas. No Brasil, há a iniciativa colaborativa entre a ONG Visão Mundial e o Instituto Ethos chamada “Ven, Tú Puedes!”, onde um dos objetivos é o de trabalhar a responsabilidade social empresarial com relação à agenda de migrantes e refugiados no âmbito do mercado de trabalho. Para além, o projeto visa fornecer assistência à subsistência e aumento da renda familiar de venezuelanas e venezuelanos entre 18 e 35 anos que vivem em Manaus (MA), Boa Vista (RR) e São Paulo (SP).

Desde que o projeto teve início várias atividades vêm sendo realizadas como  oficinas de formação com as empresas (a próxima ocorrerá nos dias 18 e 25 de agosto) e a construção de uma pesquisa, cujo o resultado, que será lançado em breve, traça um painel sobre o engajamento das empresas frente à agenda  de migração e refúgio, observando todo território brasileiro.

“A partir do envolvimento de organizações da sociedade civil e de empresas, estamos caminhando com este projeto que é muito importante frente aos desafios que pessoas migrantes e refugiadas enfrentam no Brasil. A partir da pesquisa realizada no escopo do ‘Ven, Tú Puedes’ podemos listar como principais desafios para inclusão de migrantes e pessoas refugiadas: o pouco debate acerca do tema; o baixo incentivo governamental; a crise econômica e sanitária; e, a dificuldade em acessar grupos e pessoas refugiadas. Identificar os gaps nos faz perceber as oportunidades de atuação, como o grande potencial para incorporar a perspectiva de migrantes e pessoas refugiadas em s políticas de diversidade e inclusão que já estão sendo desenvolvidas no âmbito empresarial. Além disso, as experiências de empresas já engajadas nessa causa podem servir de boas práticas a serem replicadas”, explica Scarlett Rodrigues, coordenadora de Projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos.

Para mais informações sobre o projeto “Ven, Tú Puedes!”, visite a página no site do Instituto Ethos

 

Sobre a participação de atletas refugiades nas Olimpíadas e Paralimpíadas

Na primeira edição (Rio 2016), 10 atletas refugiades participaram do evento. As equipes fizeram sucesso e atraíram a atenção do público, com efeito, o número de participantes refugiades aumentou expressivamente na segunda edição (Tóquio 2020), com a presença de 35 atletas, de 11 países de origem.

As equipes de Atletas Refugiados Olímpicos e Paralímpicos representarão as mais de 26 milhões de pessoas refugiadas em todo o mundo. Cada atleta irá competir em modalidades individuais como símbolo de esperança, luta e da solidariedade para que as pessoas refugiadas sejam bem acolhidas e tenham meios de reconstruir as suas vidas.

Em Janeiro de 2020, a ACNUR recebeu uma homenagem com a Taça Olímpica pela contribuição ao esporte. “Estas pessoas formam um grupo excepcional que inspira o mundo”, afirma o alto-comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.

“Sobreviver à guerra, à perseguição e à ansiedade do exílio já as torna pessoas extraordinárias, mas o fato de agora também se destacarem como atletas no cenário mundial me enche de imenso orgulho. Isso mostra que é possível quando as pessoas refugiadas têm a oportunidade de aproveitar ao máximo seu potencial.”
Filippo Grandi

Conheça a equipe que competirá nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020 na página oficial da ACNUR.

Por: Lucas Costa Souza e Rejane Romano, do Instituto Ethos, com informações de ONU Brasil

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