No dia 15 de setembro de 2022, ecoou nos principais veículos de mídia a notícia de que o empresário Yvon Chouinard e família doaram todo capital de sua empresa de roupas esportivas, Patogonia, avaliada em 3 bilhões de dólares para fundos e organizações sem fins lucrativos que atuam no combate ao aquecimento global, de acordo com o The New York Times.
A justificativa se deu em torno de uma investida contra a desigualdade social, incentivando uma nova fase do capitalismo, que, segundo Chouinard “não acabe com algumas pessoas ricas e um monte de pessoas pobres”[1]. Chouinard e a Patagonia já são conhecidos no mundo da filantropia e do capitalismo consciente advogando pela moda sustentável e uso adequado de matérias-primas desde a década de 1970.
Nós, do Instituto Ethos, salientamos o posicionamento protagonista do empresário e sua família em uma clara demonstração de prioridade e entendimento da urgência e emergência climática vinculado ao combate das desigualdades sociais. É imprescindível que repensemos o acúmulo de riquezas, uma vez que dados demonstram[2] que os 10% mais ricos da população mundial, são responsáveis atualmente por 52% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE), enquanto os 50% mais pobres são responsáveis apenas por 7%.
Não é novidade, os relatórios anuais do Fórum Econômico Mundial[3] colocam a cada ano que passa, maior ênfase na questão climática como o risco mais frequente é mais possível de acontecer entre os 10 principais riscos econômicos para os próximos dez anos. Em 2022, observamos que na posição número um está o risco da “falha da ação climática” como o mais risco para investidores.
Assim, o setor público e privado deve caminhar juntos na construção de caminhos apoiados por métricas de avaliação e implementação de boas práticas, estimulando o aumento contínuo de ambição climática colocado nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e optando pelo incremento da regulação climática a nível legal.
Iniciativas como essa, portanto, direcionam a atenção de grandes empresários, do mercado financeiro e da sociedade à necessidade de priorização de ações de compliance ambiental e combate às desigualdades, cujo objetivo torna-se a redução do impacto das operações empresariais ao meio ambiente e, consequentemente, às populações mundiais.