“Buscamos aplicar condições que favoreçam negócios sustentáveis”, afirma Vânia Borgerth, assessora de Transparência de Mercado.   

Integrar as dimensões social, ambiental e ética nos negócios é imprescindível para promover um desenvolvimento real e durável. Assim, a Conferência Ethos 2013 reunirá, em seu terceiro dia, 5 de setembro, lideranças acadêmicas, empresariais e governamentais para avaliar as oportunidades envolvidas nessa nova contabilidade.

Comporão a mesa sobre o tema: Marco Antônio Fujihara, sócio-diretor da Key Associados; Fábio Gandour, cientista-chefe da IBM Brasil; Márcio Pochmann, economista e professor livre docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Sérgio Besserman Vianna, economista e professor do Departamento de Economia da PUC-RJ; e Vânia Borgerth, assessora de Transparência de Mercado da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em preparação para o debate, Vânia concedeu esta breve entrevista ao Instituto Ethos, na qual responde como o principal banco de desenvolvimento brasileiro se envolve na construção de uma economia propulsora da sustentabilidade.

Instituto Ethos: Integrar as dimensões social, ambiental e ética nos negócios envolve múltiplos elementos, inclusive a transformação de modos de produção. Qual é o melhor papel que um banco de desenvolvimento deve exercer nesse cenário de busca pela sustentabilidade das atividades humanas na Terra?
Vânia Borgerth: Em primeiro lugar, é bom definirmos corretamente do que trata o termo ”sustentabilidade”, muitas vezes associado apenas à questão ambiental. Para ser sustentável e durar, uma atividade tem que gerar benefícios sociais, além de ser ambientalmente responsável e economicamente viável.

Com essa perspectiva, no BNDES visamos fomentar o financiamento de longo prazo. Não queremos apenas emprestar, mas sim promover o desenvolvimento do país. Olhamos para o bem que um empreendimento vai trazer para a sociedade em geral. Além disso, trabalhamos com condicionantes, partindo sempre da conformidade legal, mas aplicando condições que favoreçam negócios sustentáveis.

IE: Transformar modos de produção requer investimentos, tais como treinamentos, substituição de matérias-primas e maquinários e o uso de novas fontes de energia. Que setores ligados ao desenvolvimento sustentável têm linhas de crédito abertas, a juros baixos, no BNDES? E, por outro lado, existem atividades não sustentáveis com restrições para financiamento?
VB: Estamos numa sociedade em mudança. Ainda é preciso financiar o que já existe e, ao mesmo tempo, incentivar o novo. O importante é que tudo seja transparente. Mas apenas números não são suficientes. É preciso mostrar que caminhos geraram o lucro. O Relatório Multifuncional, por exemplo, obriga a reportar todas as dimensões envolvidas. Observar suas atividades com essa visão nos leva a perceber onde há problemas para, no longo prazo, neutralizá-los.

Quanto aos setores que podem ter acesso a linhas do BNDES, são inúmeros: energias limpas, como a eólica, biomassa; solar e pequenas centrais hidrelétricas. Temos produtos para comunidades ligadas às florestas, linhas para saneamento. Atuamos com taxas diferenciadas e também com prazo mais dilatado para a devolução do empréstimo. Estimulamos diferenciais ecológicos. Um hotel que obtenha certificação ambiental em sua construção pode contar com incentivos exclusivos. Há um portfolio completo no site do BNDES, aberto para consulta livre.

IE: Empresas de que porte podem ter acesso a essas linhas?
VB: O BNDES atua por meio de atores financeiros. Nós concedemos o crédito a juros baixos para agentes repassarem aos consumidores empresariais. São esses intermediários que avaliam os riscos envolvidos, pedem as garantias e definem os requisitos mínimos e a taxa final para o tomador do empréstimo, assim como seu porte e o nível de garantias oferecidas como contrapartida. Para atendermos pedidos diretamente, trabalhamos com R$ 10 milhões como solicitação mínima. Em alguns casos especiais, R$ 1 milhão apenas.

IE: O Banco Mundial tem uma área específica para denúncias e reclamações ligadas a obras e atividades que eles financiam. Caso alguém detecte riscos ambientais ou sociais em projetos financiados pelo BNDES, que atitude podem tomar?
VB: No caso do BNDES, o caminho é contatar nossa Ouvidoria. Ela está à disposição para averiguar qualquer irregularidade.

Por Neuza Arbocz, para o Instituto Ethos

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CONFERÊNCIA ETHOS 2013
Realização:
 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social;
Parceiros Institucionais: Alcoa, CPFL, Natura, Vale e Walmart;
Parceiro Estratégico: Roland Berger
Patrocinadores “Master Apresenta”: Bradesco, CPFL Energia, Itaú Unibanco, Petrobras, Santander e Sebrae;
Patrocinadores Ouro: Bradesco, Itaú Unibanco e Santander;
Patrocinador Prata: Caixa;
Patrocinadores Bronze: Queiroz Galvão e Shell;
Aliança Estratégica: Avina.

SERVIÇO
O quê: Conferência Ethos 2013, com o tema “Negócios Sustentáveis: Oportunidades para as Empresas e para o Brasil”;
Data: De 3 a 5 de setembro de 2013;
Local: Teatro GEO, no edifício do Instituto Tomie Ohtake;
Endereço: Rua dos Coropés, 88 (altura do nº 201 da Av. Brigadeiro Faria Lima) – Pinheiros, São Paulo (SP);
Inscrições: Pelo site www.ethos.org.br/ce2013.