Programa Metano Zero deve estimular mercado de metano, único e inédito no mundo

O Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano, o Metano Zero, foi anunciado recentemente pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para incentivar o uso desse gás de efeito estufa na formação de energia ao transformar os resíduos sólidos dos animais por meio de biodigestores, gerando créditos verdes para a pecuária.

O Plano prevê que os equipamentos que geram energia limpa terão desconto no preço, assim como as máquinas que funcionam a partir desses biocombustíveis. Além disso, os produtores também poderão gerar créditos verdes ao evitar a emissão do metano. Tais créditos poderiam ser adquiridos por empresários que não conseguem mitigar os gases de efeito estufa nas produções, o que criaria no Brasil um mercado de metano único e inédito no mundo.

“O Brasil sai na frente lançando o reconhecimento do crédito de metano de maneira diferenciada, com uma contabilização diferenciada desse gás de efeito estufa. Tem diversos gases de efeito estufa, normalmente a gente fala do carbono, mas o carbono a gente tem sempre uma conta de carbono equivalente. Os diversos gases são convertidos para uma conta, para uma moeda única, vamos assim chamar, que seria o carbono. Nesse caso a gente estaria tratando do metano especificamente, porque [o programa] está trazendo luz e está trazendo visão para essa iniciativa de aproveitamento do biometano, do biogás, como uma fonte extra de receita, que pode fazer diferença entre muitas vezes viabilizar um projeto ou não viabilizar”, disse Marcelo Freire, secretário de clima e relações internacionais do MMA, em participação no programa Planeta Campo.

Marcelo também ressaltou o papel protagonista do país no mundo. “Como nós tivemos no passado, na conferência do clima, o Brasil teve um papel preponderante e completamente decisivo para que o mercado global de carbono fosse estabelecido. Esse mercado de carbono voltou a ter muita força e com ele a gente volta agora ter força e oportunidade de explorar esse crédito de metano, trazendo redução de custos. Por um lado o produtor melhora a qualidade ambiental, traz possibilidade, muitas vezes, de ampliação da produção em bacias que já estão ecologicamente saturadas e compilando essa contabilidade que, às vezes, faltava para fechar uma equação financeira de um projeto com os créditos de metano. E ainda, também, tem algo que é interessante falar para o público que eu posso pensar em créditos de metano, que diretamente deixou de emitir para a atmosfera. Mas quando eu uso o biometano, que na verdade o biometano é o biogás purificado com alto índice de metano e substitui o diesel nos maquinários pesados eu ainda estou também tendo a oportunidade de gerar créditos de carbono do diesel que eu deixei de consumir no maquinário pesado, então realmente é um programa e uma equação ganha-ganha”.

A utilização de metano como energia e combustível já é realidade em algumas fazendas brasileiras. “A gente já tem casos muito concretos de produtores que estão fazendo aproveitamento dos dejetos para biodigestor e para substituição do diesel nos seus maquinários pesados, das próprias operações. É estimado por produtores que já estão mais avançados nessas iniciativas, que você teria um custo equivalente do litro diesel, algo em torno de R$ 1,70. Com o preço que o diesel está hoje, você ter um preço de R$ 1,70 o litro diesel numa substituição por biometano, que é produzido dentro da própria propriedade, aproveitando aquilo que estaria gerando poluição, gerando degradação ambiental, contribuindo para a mudança do clima na substituição do combustível”, conta Marcelo.

Ele também acredita no potencial do Brasil no combate às mudanças climáticas. “A gente tem muito, muito, muito ainda para contribuir na questão ambiental e muito ainda para continuar sendo liderança do mundo em meio ambiente. E o Brasil está numa rota de crescimento verde que não tem volta com toda a oportunidade de economia verde pela frente”, conclui Marcelo Freire.

Confira o programa Planeta Campo com a participação de Marcelo Freire:

Por: Planeta Campo

Foto: Planeta Campo