Ethos conversou com a Enel para entender os caminhos possíveis

O cuidado na relação com os fornecedores é um ponto vital para a promoção da integridade nas empresas, visto que práticas não-íntegras podem acabar por envolver a empresa parceira e danificar sua imagem. Mas, quais são os caminhos possíveis para a construção de uma relação pautada em valores éticos e íntegros com os fornecedores?

Conversamos com Margot Frota Cohn, diretora de Procurement da Enel no Brasil, para compreender esta questão. Confira a entrevista abaixo.

Ethos: De acordo com o site da instituição, a Enel faz a avaliação dos fornecedores baseada em princípios de transparência, respeito, confiança, lealdade e responsabilidade socioambiental. Por que sentiram a necessidade de criar esta metodologia de trabalho?

Margot: Hoje o questionário de sustentabilidade aplica todas as questões relacionadas a ética, transparência e responsabilidade socioambiental.  Trata-se de um questionário necessário para o cadastro e qualificação em nosso portal. A necessidade de criar o modelo vai ao encontro da política global do grupo e com nossos princípios. Na Enel priorizamos as relações sustentáveis em toda a nossa cadeia de valor. A proteção e respeito às pessoas está no centro de nossa cultura.

Ethos: Como é feita esta avaliação? Como vocês fazem o acompanhamento dos fornecedores?
Margot: A avaliação é feita através de um sistema que recebe as informações dos fornecedores atualizada por eles mesmos. O questionário cria um rating de acordo com as informações carregadas. O processo de avaliação está aberto em três pilares: direitos humanos, segurança e meio ambiente.  O acompanhamento é feito através do Vendor Rating (sistema de monitoramento) que contempla avaliação dos gestores de contrato, gestão de parceiros e segurança do trabalho, sempre visando a melhoria continua.

Ethos: O que acontece quando vocês encontram irregularidades nas vistorias aos fornecedores?
Margot: Quando identificamos alguma irregularidade, avaliamos o nível de gravidade e impacto, é gerado então um plano de ação em conjunto com os fornecedores onde se definem prazos e ações a serem estabelecidas. Na maioria dos casos, conseguimos em conjunto, que os problemas sejam ultrapassados. Trata-se de um modelo que possibilita ao fornecedor refletir sobre o problema e se desenvolver no tema com melhorias que são monitoradas em parceria com a Enel.

Ethos: Vocês têm dificuldade em encontrar fornecedores que cumprem os requisitos exigidos?
Margot: Em alguns casos temos um certo grau de dificuldade, no entanto, entendemos que se trata de um processo em evolução e estamos juntos com nossos fornecedores em busca de desenvolvimento e excelência. Uma das formas de atingirmos esta excelência é a realização do Programa Parceiro Responsável que busca engajar e capacitar todos os fornecedores do grupo para sustentabilidade. São realizados workshops e seminários, destacando temas chaves como direitos humanos, diversidade e ética, nos quais os fornecedores mais engajados são reconhecidos e premiados pela Enel.  Além de conhecerem as melhores práticas da Enel e todos os projetos de sustentabilidade realizados, os encontros promovem o compartilhamento de práticas entre os fornecedores, estreitando a relação entre eles mesmos e com a Enel. Outra forma de estreitarmos esta relação são as visitas realizadas in loco, para conhecermos a realidade de cada empresa. Todo este movimento tem gerado resultados positivos, como exemplo, muitos fornecedores passaram a produzir os seus próprios relatórios de sustentabilidade após este processo de engajamento.

Ethos: Como a Enel acredita que olhar com a atenção a cadeia de fornecedores ajuda nas questões de integridade?
Margot: Tratamos este tema como prioritário e um dos primeiros itens de avaliação. Atuamos com ferramentas para análise de integridade a nível global. Com a identificação de algum problema de reputação que envolva o fornecedor, nos reunimos em um comitê formado por distintas áreas da empresa para decidir em conjunto a continuidade ou não com o fornecedor.

Ethos: Quais são os elementos que não podem faltar em um programa de compliance?
Margot: Nós temos um programa global de compliance e entendemos que a integridade é compreendida como um valor fundamental para a condução dos negócios. Temos compromissos com os mais elevados padrões éticos, tudo isso alinhado em um processo bem definido e monitorado.

 

Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos

Foto: Enel