Conferência Ethos 20 anos no Rio traz painel “O país reivindica um corpo negro”

As mobilizações e repercussões em torno dos esclarecimentos sobre a morte da vereadora Marielle Franco evidenciaram características muito fortes da desigualdade de gênero e raça no Brasil. Se ruim para a sociedade, sob o ponto de vista da premissa do princípio da igualdade, que determina que “todos são iguais perante a lei”, ruim também para a economia do país.

Segundo o estudo Mulheres, Empresas e o Direito 2018: Igualdade de Gênero e Inclusão Econômica, do Banco Mundial, no Brasil, o fim da desigualdade salarial de gênero poderia elevar PIB em 3,3%, equivalente a R$ 382 bilhões. Um exemplo é a discriminação no acesso ao crédito, o que desfavorece, principalmente, as iniciativas de empreendedorismo feminino no país.

No entanto, o cenário é ainda mais problemático quando envolve a questão racial. As mulheres negras são ainda mais vulneráveis socialmente, a renda média da mulher negra chega a 50% do salário dos homens. De acordo com o Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, no quadro executivo mulheres negras representam apenas 0,4%.

Tocar nestas questões e liderar ações nesta agenda não são tarefas fáceis sobretudo em um momento de vulnerabilidade para quem advoga a pauta de direitos humanos. O assassinato da vereadora Marielle Franco trouxe essa e outras discussões à tona e também uma análise sobre o pano de fundo da questão: a atuação de Marielle e a motivação para o crime.

Mas, vale ainda observar toda a situação sob o ponto de vista das novas vozes que vem articulando essa temática, a forte atuação das mulheres e a necessidade de se ampliar a representação política das mulheres negras. Nessa perspectiva a Conferência Ethos 20 anos, que acontece no dia 12 de junho no Rio de Janeiro, irá discutir sobre um projeto político e uma economia inclusiva, afinados com essas protagonistas.

A discussão acontece no painel: O país reivindica um corpo negro: diálogo de mulheres sobre caminhos para transformar uma democracia que convive com o racismo, viabilizado pela Natura, que terá início às 11 horas.

 

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos