Evento que inaugurou os debates em torno do papel social das empresas no país chega à sua décima quinta edição, com um viés pragmático.

É hora de tornar tangíveis, na forma de negócios, os princípios que o Ethos tem discutido há 15 anos sob a perspectiva de desenvolvimento social, econômica e ambientalmente sustentável. Essa é a tônica da Conferência Ethos – evento que inaugurou os debates em torno do papel social das empresas no país –, que chega à décima quinta edição neste ano.

“Temos um recorte preciso: geração de negócios sustentáveis”, diz Henrique Lian, gerente de Relações Institucionais do Ethos e coordenador-geral da conferência, que acontece de 3 a 5 de setembro de 2013, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. E fazer negócios sustentáveis não é prerrogativa das empresas que já se movimentam nesse campo. “Qualquer empresa que queira se mexer e ter novos produtos e serviços baseados no equilíbrio do triple bottom line [resultados econômicos, ambientais e sociais] tem espaço.”

Com esse foco, o evento se coloca como “pragmático” – pela proposição e descoberta de novos modelos de negócios que devem resultar em lucro – e “empático” – por estar ao lado das empresas para auxiliá-las nesse caminho de transformar o que é muitas vezes visto como um complicador em um indutor. Mas de forma não impositiva, ressalva Lian.

Trocar os vieses negativos que cercam o tema da gestão sustentável e socialmente responsável, como os possíveis e desastrosos impactos das mudanças climáticas, os riscos ambientais e sociais, e colocar um novo paradigma é parte da estratégia da conferência. “Vamos seguir a percepção de que, se as pessoas se movem por desejo e oportunidade, as empresas também podem ser movidas pelas perspectivas de vantagem competitiva e lucro”, diz o coordenador do evento.

Os debates programados pretendem aprofundar o conceito básico de negócio sustentável, “atividade econômica que tem como objetivo gerar valor em mais de uma dimensão e para mais de um público”, tomando os aspectos social, ambiental e ético como paralelos aos resultados econômicos, fundamentais para qualquer negócio, diz Lian.

Também é condição obrigatória não destruir nenhuma das relações – com comunidades, meio ambiente, instituições. Essa é, explica o gerente do Ethos, uma definição de partida, já que não existe posição fechada, nem mesmo no instituto, que frequentemente debate a questão, sobre o que é um negócio sustentável.

Dentro do espírito pragmático, o evento pretende dar aos participantes instrumentos para, por exemplo, levar propostas aos diretores financeiros das empresas. Com isso, diz Lian, “será possível atrair um público que ainda não veio para a conferência, que é o pessoal de estratégia, de planejamento, para mostrar que estamos, sim, tratando de negócios”.

As atividades incluem análises de negócios, em lugar das análises de boas práticas, como tem sido a regra em seminários do setor. Casos de negócios que já existem e planos de como integrar as dimensões econômica, social e ética nos negócios serão apresentados e analisados, sempre sob a ótica de como ganhar mercado e ter diferenciais competitivos.

Já estão abertas as inscrições para os casos que pretendem ser parte da conferência. Lian espera um mínimo de 250 inscrições, mas estima que pode haver até 1.000 interessados. Serão selecionados 12 casos – seis de produtos e seis de serviços –, de diferentes setores, que serão parte da conferência. Os empreendedores terão dez minutos para apresentar seus casos e, depois disso, três ou quatro consultores irão fazer perguntas para esmiuçar a estrutura do negócio – do desenho e funding às perspectivas. Numa segunda etapa, os participantes, distribuídos em grupos, irão “retrabalhar” o caso, tentando melhorar os negócios. A etapa final é uma devolutiva ao empreendedor.

Na área de lideranças, o encontro de CEOs, realizado em outras edições da conferência, será destinado a diretores financeiros e conselhos de administração.

O terceiro bloco está relacionado às conexões transacionais dos negócios brasileiros. Essa atividade tem como parceiros a Secretaria-Geral da Presidência e o Ministério do Meio Ambiente. O objetivo é examinar os padrões que as companhias brasileiras levam para suas operações na América Latina e na África.

“É uma conferência de negócios, não tem os elementos de ‘encantamento’ que outras tiveram”, diz Lian. Para compensar os temas mais áridos, que não contemplam discussões sobre sinergia, felicidade interna bruta e meio ambiente, o Ethos aposta em tecnologia e formatos. O conceito de game vai permear todo o evento.

Por Celia Rosemblum, para o jornal Valor Econômico

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