Fiona1_Fernando-ManueReino Unido dedica 7% do PIB para a conversão da economia em direção a maior sustentabilidade e cria um banco de desenvolvimento para isso.                                                                                                                                

Até o ano de 2030, cerca de US$ 90 trilhões serão investidos nas cidades ao redor do mundo em transporte, infraestrutura e toda sorte de necessidades urbanas. Tamanho fluxo de investimentos se configura como oportunidade para a tomada de decisões direcionadas a uma  economia de baixo carbono. Nos últimos anos, o Reino Unido tem assumido posturas audaciosas nessa direção, tornando-se referência em produtividade e em investimento em infraestrutura e inovação, o que vem repercutindo na geração de novas cadeias de empregos, na melhoria da qualidade de vida, na redução da pobreza e em maior segurança energética.

Para compartilhar as experiências britânicas rumo à economia verde, a Conferência Ethos 360º 2015 recebeu Fiona Woolf, sócia e advogada do CSM Cameron McKenna e ex-prefeita do distrito financeiro de Londres, que falou sobre “A Experiência do Reino Unido com Finanças e Investimentos Verdes”.

Segundo Woolf, a transição para a economia de baixo carbono é uma realidade iminente. Enxergando as oportunidades que essa transição pode representar em termos de fluxo de capitais e qualidade de vida, o Reino Unido vem promovendo transformações significativas nos investimentos públicos e privados. “O país foi o primeiro a aprovar lei de mudanças climáticas, já em 2008. Governo e empresas assumiram o compromisso de reduzir as emissões de carbono em 80% até 2050 e de destinar 7% do produto interno bruto para resolver questões ambientais e climáticas”, ressalta.

Para a especialista, não basta boa vontade para atingir metas. Woolf destacou uma série de ações a serem adotadas na direção de uma economia de baixo carbono. A executiva defende a integração dos riscos climáticos às decisões estratégicas do país, cortando subsídios para as práticas e atividades não sustentáveis. “Devemos dar escala às inovações e promover o acesso a crédito e a incentivos fiscais. E não podemos deixar de lado a regeneração de áreas degradadas e o combate ao desmatamento”, explica.

Além das transformações no fluxo de investimentos e nas políticas públicas, Woolf ressaltou as mudanças significativas que vêm ocorrendo na mentalidade das lideranças de mercado do país. “Fizemos um levantamento e constatamos que 92% dos CEOs e diretores de empresas enxergam essa transição para uma economia de baixo carbono como oportunidade de negócios. Eles estão também mais atentos às demandas dos consumidores nesse sentido.”

A interação entre as esferas pública e privada no Reino Unido tem figurado como força motriz para os investimentos em inovação. Em 2012, foi criado o Green Investment Bank, o primeiro do gênero no mundo, com capital inicial de 3,8 bilhões de libras, investido pelo governo britânico para o fomento de projetos sustentáveis. O sucesso da empreitada despertou o interesse do setor privado, que hoje é responsável por 75% do capital investido no banco.

Woolf ainda ressaltou algumas das dificuldades que os países emergentes poderão encontrar na transição para a economia de baixo carbono. “Em muitos casos será necessário o auxílio de instituições financeiras internacionais e de investidores externos. Mas antes é fundamental o compromisso coletivo na direção de uma economia verde, integrando investimentos públicos e privados. Para dar segurança jurídica às mudanças, deve ser elaborado um arcabouço legal e regulatório, de modo que as políticas públicas não mudem com a alternância de governos”, finaliza.

Por Murillo Pereira (Envolverde), para o Instituto Ethos.

Foto: Fernando Manuel