Os debates foram norteados pelos quatro pilares centrais do Instituto Ethos: Direitos Humanos, Gestão para o Desenvolvimento Sustentável, Integridade e Meio Ambiente
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O segundo e último dia da Conferência Ethos 360° São Paulo, realizada presencialmente nesta quarta-feira, 22 de novembro, na capital paulista, foi marcado pela continuidade das ações comemorativas aos 25 anos da instituição e das discussões sobre a necessidade de ações e diálogo entre os poderes público e privado para o combate às desigualdades brasileiras. Os principais painéis também tiveram como foco temáticas voltadas à defesa dos direitos humanos e ao desenvolvimento sustentável em discussões transversais, com um olhar para a complexidade de cada tema abordado. Ao todo, o evento recebeu cerca de 1.500 pessoas em torno de 60 atividades, que ocorreram em seis palcos simultâneos.
Ao longo do dia, ainda houve o lançamento do documento “Due Diligence em Direitos Humanos: compromisso com práticas empresariais responsáveis”, produzido pelo Instituto Ethos em parceria com as empresas associadas e o escritório TozziniFreire Advogados. O material tem como objetivo contribuir, por meio de diretrizes e uma linguagem acessível e democrática, para que as empresas adotem as melhores práticas em suas atividades e cumpram os compromissos com os direitos humanos em toda a cadeia de valor.
Integridade
A mesa que lançou o documento sobre diligência contou com a participação de Scarlett Rodrigues, Coordenadora de Projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos, Luiz Carlos S. Faria Jr, Advogado da área de Empresas e Direitos Humanos de TozziniFreire Advogados, e Lucas Carvalho, analista de projetos de Direitos Humanos do Instituto Ethos. De acordo com Rodrigues, “o material parte do princípio de que não há uma fórmula única para definir o impacto das empresas. Esse conteúdo mostra os caminhos e diretrizes para construir seu mapeamento de riscos a partir da realidade de cada companhia”. Faria, por sua vez, explicou que o material “contribuirá para construir um consenso nas empresas sobre a necessidade de conduzirem e desenvolverem processos robustos de diligência”.
O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, coordenou painel sobre o programa Pró-Ética, desenvolvido em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e que se tornou um marco na agenda de integridade e enfrentamento à corrupção pelas empresas no Brasil. Ele destacou a importância da criação do projeto em um momento em que o compliance era um tema novo para a realidade das empresas nacionais. “Acredito que o Pró-Ética tenha sido uma das contribuições mais significativas e concretas do Ethos ao longo das últimas décadas. É um modelo de reconhecimento público que traz a materialidade efetiva de advocacy em torno de políticas públicas”, reforçou.
A mesa contou ainda com a participação de Marcela Greggo, coordenadora de Projetos de Integridade, Transparência e Combate à Corrupção do Instituto Ethos; Mário Vinicius Claussen Spinelli, diretor-executivo de Governança e Conformidade da Petrobras; Valdir Simão, advogado com atuação em compliance e ex Ministro-Chefe da Controladoria Geral da União; e Vania Vieira, secretária-executiva da CGU, que participou por vídeo e destacou as parcerias que permitiram ao projeto se desenvolver a ponto de se tornar referência nas empresas.
Gestão para o Desenvolvimento Sustentável
O painel “Programa Sustentabilidade na Cadeia de Valor: Construindo um futuro sustentável” contou com a participação de Alessandra Alves, coordenadora de projetos do Instituto Ethos, Eduardo Bucheb, diretor de Suprimentos da Mosaic Fertilizantes, e Eduardo Kaiser, gerente sênior de Governança e Qualidade de Fornecedores da Norsk Hydro. Os moderadores foram Daniela Delfini, Consultora em Sustentabilidade e integrante da rede do Instituto Ethos, e Alexandre Carrasco, Consultor Ethos Serviços. Os debatedores destacaram a atuação do Programa Sustentabilidade na Cadeia de Valor e sua ideia progressiva, projetado para auxiliar as empresas associadas a impulsionarem a adoção de práticas sustentáveis nos mais diversos níveis de sua operação. O programa não apenas educa e orienta, mas também fornece ferramentas concretas para mensurar e melhorar o desempenho sustentável nas empresas.
A Rede Globo ofereceu o painel “Ecoansiedade: a angústia diante das mudanças climáticas afeta as pessoas de formas desiguais”, que tratou sobre a tendência negativa que vem sendo criada pelo volume e constância da exposição às informações sobre as mudanças climáticas. Podendo gerar ansiedade, depressão e até síndrome do pânico, o painel abordou as consequências desse fenômeno, especialmente entre jovens e mulheres negras periféricas. O painel buscou responder à possibilidade de manter a estabilidade emocional frente às mudanças climáticas acentuadas no mundo e contou com a mediação de Cauê Fabiano, jornalista e repórter da Globo, e a participação de Leonardo Amodio, gerente de Gestão Imobiliária e Ambiental da Globo, Mariana Nunes, ativista e fundadora da Rede Autoestima-se, e Mathaus Torres, secretário-executivo no Em Movimento, que apoia direitos e desenvolvimento das juventudes.
Já o fórum “Reforma Tributária e a Redução das desigualdades” contou com a participação de Eduardo Moreira, empresário, engenheiro, palestrante, escritor, dramaturgo, apresentador e ex-banqueiro de investimentos brasileiro, e mediação de Ricardo Young. Moreira fez uma análise sobre as implicações diretas da reforma no sistema tributário e trouxe exemplos sobre o impacto social esperando a partir das mudanças tributárias. “A reforma tributária precisa ir na direção de reduzir essa grande desigualdade que o Brasil possui, em que há muito na mão de poucos, e pouco na mão de muitos”, ressaltou. Esse, inclusive, foi o momento que mais rendeu aplausos do público.
Direitos Humanos
Wania Sant’Anna, historiadora e consultora, e Ricardo Young abordaram os “Caminhos da Resistência: O Movimento Negro no Brasil e a Luta pela Equidade Racial”. O painel teve como foco a trajetória do movimento negro no Brasil, destacando seu papel fundamental na produção de conhecimento, na incidência política e na atuação pela luta e combate às desigualdades. Sant’Anna destacou a participação das mulheres no movimento negro e sua importância social e política. “O movimento das mulheres negras faz parte do processo de redemocratização do país”, destacou.
A programação contou ainda com palestra da secretária nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Laís Abramo, a respeito da Política de Cuidados e Família. Ela destacou a sobrecarga feminina dentro das políticas de cuidado, que chegam a gastar o dobro do tempo dedicado pelos homens. “Precisamos entender que esse modelo desigual é insustentável, tanto pelo envelhecimento da sociedade, quanto pelo fato de as mulheres terem menos filhos e estarem cada vez mais presentes no mercado de trabalho. Cabe ao poder público ajudar a pensar um novo modelo de cuidado, onde todos participem. Governos e empresas podem se envolver com o estabelecimento de licenças, cláusulas abertas para negociação sobre horários e a consolidação de espaços de apoio para as famílias que mais precisam’, defendeu. A mediação foi feita por Ricardo Young.
Caio Magri, Luiz Machado, oficial Sênior de Programação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Leonardo Sakamoto, presidente da Repórter Brasil, Lucilene Binsfeld (Tudi), secretária geral do Instituto Observatório Social e Ex-presidenta da contras, e Marina Ferro, diretora-executiva do InPacto, realizaram o debate “Do Pacto ao InPacto”, que abordou a criação do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo em 2005.
Os participantes refletiram sobre a trajetória da iniciativa, a mais longeva ação coletiva reunindo diferentes setores da sociedade em curso no Brasil, e avaliaram os avanços e desafios para o engajamento de empresas e de suas cadeias produtivas no combate ao trabalho escravo. De acordo com Sakamoto, “o Pacto nasceu a partir de uma explosão de informações e denúncias sobre trabalho escravo e contribuiu para que a discussão sobre esse tema, nos 18 anos de existência dessa iniciativa, ganhasse espaço nas empresas”.
O fórum “Comunidades Tradicionais e Povos Originários: Segurando o Céu para que não caia nas nossas cabeças” reuniu Caetano Scannavino, coordenador da ONG Projeto Saúde & Alegria, Fabiano de Lima Silva Awa Mitã, da etnia Tupi-Guarani, liderança da aldeia Renascer, Marcos Wesley de Oliveira, coordenador do Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental, e Ricardo Terena, assessor Jurídico da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste).
Com a mediação de Scarlett Rodrigues, o painel explorou o conceito de “segurar o céu para não cair sob nossas cabeças”, repercutido por Ailton Krenak, e destacou a necessidade de repensar nossa relação exploratória com a natureza e o papel dos agentes sociais nessa transformação. Foi destaque na fala dos participantes a importância de envolver as comunidades tradicionais em projetos de proteção ambiental, pois possuem uma relação de respeito e um vínculo identitário com a natureza.
Meio Ambiente
Adalberto Maluf, secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), participou do debate “A Transformação ecológica na perspectiva do combate às desigualdades”. Mediado por Ricardo Young, conselheiro do Instituto Ethos, o painel teve como objetivo apresentar a transformação ecológica e sua ligação com a perspectiva de combate às desigualdades ao considerar a responsabilidade do Estado e do setor empresarial. Maluf enfatizou que, quando se trata das questões climáticas, “se readaptar ou trabalhar com mitigação não é o suficiente, o Brasil precisa de uma grande transformação, e a economia circular baseada em energias renováveis será essencial nesse processo. Esse é o principal caminho do plano de transição ecológica”, destacou.
A Conferência Brasileira de Mudança do Clima realizou o painel “De Natal a Dubai”, com a participação de Beatriz Pagy, diretora executiva do Instituto Clima de Eleição (por vídeo), Helena Branco, jovem embaixadora pelo Clima no Programa Operação COP, promovido pela The Climate Reality Project Brasil Climate Reality Project; JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana; Marina Esteves, coordenadora de Projetos de Meio Ambiente do Instituto Ethos, e Wanessa Dunga, supervisora do Núcleo de Planejamento, Gestão e Inovação do IDEMA/RN.
Trazendo reflexões construídas na 5ªCBMC, Marina destacou a importância do diálogo entre a agenda internacional e ações locais para o enfrentamento da crise climática, em um diálogo fundamental. Nesse sentido, as agendas que serão levadas para a COP28 tiveram papel central, mas a grande expectativa se mantém para a COP30, que acontecerá em Belém-PA em 2025.
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Por: Analítica, assessoria de imprensa do Instituto Ethos