Mesas ressaltaram a importância de defender a inclusão, promover políticas afirmativas e garantir direitos nas empresas.

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A tarde do evento Diálogos Ethos – Desafios Contemporâneos: Empresas, Mobilidade Urbana e Direitos Humanos teve como tema principal a agenda dos Direitos Humanos. Esta temática foi escolhida para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro.

Foram lançadas duas iniciativas do Instituto Ethos: o Guia Temático: Indicadores Ethos-CEERT para Promoção da Equidade Racial e a Rede de Empresas pela Aprendizagem e Erradicação do Trabalho Infantil. Convidados do setor público, privado e sociedade civil participaram dos debates.

Na abertura institucional, Martin Dowle, Country Director do Conselho Britânico; Jorge Abrahão, Diretor Presidente do Instituto Ethos e Renata Ramalhosa, Cônsul Geral Adjunta e Diretora de Comércio e Investimento do Consulado Britânico comentaram sobre a evolução e os desafios para a garantia dos Direitos Humanos no mundo.

Renata lembrou do papel do Reino Unido em defesa dos Direitos Humanos e partilhou as iniciativas do Consulado Britânico para promover a diversidade no ambiente de trabalho, levando em consideração os quesitos de raça e gênero. Martin Dowle, destacou que “a inclusão da diversidade nas empresas é benéfica para as companhias, pois cria um ambiente mais humanizado e inovador”.

Empresas e Direitos Humanos: Desafios e Novas Perspectivas de Atuação
Participaram desta primeira mesa: Katia Maia, Diretora da Oxfam; Jorge Abrahão, Diretor Presidente do Instituto Ethos e Flavia Piovesan, Secretária Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania.

Flávia lembrou os tratados assinados pelo Brasil e as propostas mundiais para a defesa dos direitos das mulheres, da equidade de raça e do combate ao trabalho infantil. Além disso, observou os desafios da gestão de uma secretaria que trabalha o tema e reconheceu que ainda há lacunas. “Direitos Humanos não são políticas de governo, são políticas de Estado”, acrescentou a secretária.

A desigualdade social e como ela afeta a lucratividade das empresas foi o tema trabalhado por Katia Maia. A diretora da Oxfam destacou o trabalho da organização no combate à desigualdade, inclusive em parceria com empresas e relembrou o papel fundamental destas em defesa dos direitos humanos junto à comunidade, parceiros e funcionários.

Jorge Abrahão lembrou as iniciativas do Instituto Ethos para promoção da diversidade nas empresas e da importância em levar estes pontos em consideração. “O Ethos trabalha com esta temática há tempos e já avançamos muito, mas ainda é preciso ir além. O perfil social que lançamos em 2016 deixa isso claro. Não podemos esperar mais 80 anos para que a equidade de gênero seja alcançada nas empresas, é necessário fazer mais”, acrescentou o diretor presidente do Ethos.

A Contribuição das Empresas para a Equidade de Gênero e Raça
A segunda mesa da tarde, que culminou com o lançamento do Guia Temático: Indicadores Ethos-CEERT para Promoção da Equidade Racial, contou com as convidadas Cida Bento, diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT); Silvia Pimentel, membro do Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher das Nações Unidas; Marcia Massotti, responsável de Sustentabilidade Brasil da Enel e Ana Lúcia Custódio, coordenadora de Gestão para o Desenvolvimento Sustentável do Instituto Ethos. Judith Morrison, assessora principal da Divisão de Gênero e Diversidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), não pôde comparecer e mandou um vídeo ressaltando a parceria do Ethos com a instituição e da importância de um Guia Temático como este.

Cida Bento, citou a relevância de um indicador que permita às empresas enxergarem seu papel na inclusão racial e no combate à desigualdade. “Em cada 10 brasileiros, 3 são negros e você olha para o andar de uma empresa e só observa pessoas brancas. Os RHs, as áreas de sustentabilidade têm que olhar para esta temática. Os indicadores são a ferramenta para este olhar”, adicionou Cida. O aumento do número de jovens negros nas universidades também foi lembrado, indicando que o entrave do “encontrar trabalhadores negros qualificados” está caindo por terra.

“As mulheres ganham menos que os homens nas empresas, muitas vezes desempenhando o mesmo papel, é preciso se atentar a estas questões para não reproduzirmos as desigualdades sociais dentro das empresas”, disse Silvia Pimentel.  Sobre os indicadores, acrescentou que eles “têm o papel de criar esta discussão, tem que trazer esta realidade para dentro das empresas” e lembrou que “é preciso criar uma mudança cultural ao se trabalhar com estas temáticas”.

“A Enel é uma empresa que se preocupa com estas questões, temos diversos projetos para a inclusão da diversidade, de mulheres e PCDs. Já colhemos frutos deste trabalho e vamos avançar ainda mais”, apresentou Marcia. “O Guia Temático Ethos-CEERT vai ser um impulsionador de práticas e melhorias das atividades nas empresas. Também vai influenciar mudanças em outras empresas e expandir estas práticas”, acredita Ana Custódio, do Ethos, que ressaltou a importância de se trabalhar com este viés e lembrou do Fórum Empresarial Nacional de Equidade de Gênero e Raça, que deve ser lançado em 2017 e tem como objetivo aprofundar o debate nestas temáticas.

Lançamento da Rede de Empresas pela Aprendizagem e Erradicação do Trabalho Infantil
Da última mesa do dia, participaram Heloísa Colovan, coordenadora do GT de Direitos Humanos e Trabalho do Pacto Global e chefe da assessoria de Responsabilidade Social da Itaipu Binacional; Caio Magri, diretor executivo do Instituto Ethos; Renato Mendes, Oficial Encarregado da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Taís Arruti Lyrio Lisboa, auditora fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); Mário Volpi, coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Pedro Massa, diretor de Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil.

Os participantes lembraram dos avanços que o Brasil teve no combate ao trabalho infantil e que um dos desafios no cenário atual é oferecer oportunidades seguras de trabalho aos jovens trabalhadores, que podem ser feitas, principalmente, pela Lei da Aprendizagem.

Os participantes das empresas Coca-Cola e Itaipu Binacional compartilharam suas iniciativas para promoção do acesso ao trabalho e combate ao trabalho infantil na sua cadeia de valor. Além disso, Pedro Massa, da Coca-Cola Brasil, ressaltou o projeto desenvolvido para inclusão de jovens negros na empresa.

Ao final da mesa, os representantes das empresas signatárias da Rede foram convidados a compartilharem a razão de terem aderido a esta iniciativa e as expectativas. “Esta parceria entre o Ethos, Ministério do Trabalho e Emprego e OIT é uma grande responsabilidade. Oferecer oportunidades dignas de trabalho aos meninos e meninas que desejam trabalhar sem que isso prejudique sua aprendizagem é o nosso objetivo”, finalizou Caio Magri, do Ethos.