Participação do instituto em painel sobre igualdade racial destacou papel das empresas para promoção da equidade
“Nós temos que ter mais dignidade no mundo”. Esta foi uma das frases iniciais do diretor –presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, durante o painel Igualdade Racial além dos princípios éticos: o valor da inclusão para as empresas e o poder público, no 3º Fórum de Desenvolvimento Econômico Inclusivo, do São Paulo Diverso, na manhã do dia 9 de novembro.
Jorge explanou sobre a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Alguns ODS traduzem a dignidade a qual me refiro. Temos que erradicar a pobreza até 2030, fazer em 20 anos o que não fizemos em 10 mil anos. Uma tremenda ambição. Uma questão inspiradora para nós. Do ponto de vista da desigualdade, nós temos que fazer uso da nossa capacidade de inspirar de gerar mobilização, combater a desigualdade e trazer dignidade”, avaliou.
O representante do Ethos resgatou ainda como o instituto, desde 2001, vem analisando como as questões de diversidade vêm sendo tratadas dentro das empresas. “Reconhecer é imprescindível. Os negros são 4,7% nos cargos executivos e as mulheres negras apenas 0,6%. Há uma tendência de crescimentos, mas nem todos estão conectados neste sentido. A tendência da resposta das empresas está muito abaixo de nossa visão do que é contemporâneo, de entender a diversidade como algo fundamental para avançarmos como sociedade. Esta é a mensagem que temos obtido através das pesquisas que realizamos, o que tem cada vez mais nos estimulado a querer entender como seguir adiante. Por isso, agora em dezembro, vamos lançar Guia Temático dos Indicadores Ethos–CEERT para Promoção da Equidade Racial, para estimular as empresas a diagnosticar e implementar práticas de responsabilidade social, inclusive na cadeia de valor delas”, destacou.
Um dos pontos altos da participação do diretor presidente do Ethos foi quando referiu-se a recém eleição de Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos. “Como, uma pessoa como Trump, que rejeita agendas importantes como as de gênero, raça, LGBT e também do clima, vai exigir das empresas e da sociedade civil um olhar atento que combine apoiar avanços e evitar retrocessos? As empresas e a sociedade civil têm consciência de que estes temas impactam seus negócios, o planeta e as pessoas e podem ser vistos como oportunidade de inovação e criatividade. Quando Trump e suas propostas vencem as eleições na nação mais poderosa do mundo, a mensagem passada é contraditória em relação aos Acordos do Clima e a Agenda 2030, da ONU, assinados por 192 países. Como podemos reagir a isso? Cada vez mais consolida-se a ideia de que as mudanças dependerão mais da atuação da sociedade civil, dos movimentos sociais e das empresas, criando uma nova forma de fazer política. Com isso, percebe-se que o fortalecimento destas partes é fundamental para que possamos equilibrar a questão dos poderes e avançarmos como humanidade. Penso que é em relação ao aprendizado que devemos nos manter atentos, alertas e com isso, apoiar quando existem avanços e reagir em caso de retrocesso para não perdermos conquistas fundamentais que tivemos como sociedade. Não me refiro a partidos, mas sim a políticas de estado. Esta nossa agenda de diversidade, de gênero, de equidade racial, bem como a do clima e da integridade são fundamentais para avançarmos”.
Em sua fala de encerramento no painel, Jorge ainda refletiu sobre a importância do Fórum SP Diverso e conclamou aos presentes uma mobilização para que a futura gestão da cidade de São Paulo não descontinue a iniciativa. “Se for preciso podemos marcar uma reunião com o futuro prefeito para manutenção do SP Diverso”, disse o presidente do Ethos, sendo instantaneamente apoiado pelos demais integrantes da mesa que participou: Judith Morrison, Assessora Principal da Divisão de Gênero e Diversidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Lorival Ferreira dos Santos, Desembargador Presidente do tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região; Theo van der Loo, Presidente da Bayer Brasil e Rachel Maia, Presidente da Pandora.
Por Rejane Romano, do Instituto Ethos