A Dow Brasil começa em agosto um programa-piloto do seu Núcleo de Formação em Sustentabilidade para Fornecedores, lançado durante a Conferência Ethos 2012.
No artigo “O que as micro e pequenas pensam sobre sustentabilidade”, publicado em 25/7, destacamos o papel que uma pequena empresa pode desempenhar como indutora da gestão sustentável entre clientes, alguns até classificados como grandes empresas. No texto de hoje, vamos mostrar o esforço que uma gigante do setor químico está fazendo para induzir sua cadeia de fornecedores a adotar a sustentabilidade como parte integrante da estratégia do negócio.
O engajamento pela empresa de sua cadeia de valor é uma condição essencial para a construção de estratégias de sustentabilidade no processo produtivo e no ciclo de vida dos produtos e serviços. Esse engajamento permite à companhia desenvolver novos modelos de negócio integrados e com objetivos comuns com seus públicos de interesse, no cotidiano das atividades. Ao alinhar seus fornecedores nas questões socioambientais, a empresa promove a disseminação dos princípios e valores da responsabilidade social empresarial (RSE) em mais setores econômicos e espalha os resultados positivos desse processo para mais além da cadeia de suprimentos, beneficiando toda a sociedade.
Por isso, é muito importante que uma grande empresa, que ancora as atividades de determinado segmento econômico, adote como estratégia induzir o comportamento social e ambiental correto em sua cadeia de valor. Os resultados para ela própria, para o fornecedor e para o conjunto dos públicos de interesse não demoram a aparecer.
Dow: um bom exemplo
Uma das maiores empresas químicas do mundo, com 60 bilhões de dólares em vendas, em 2011, e 52 mil funcionários espalhados por 36 países, a Dow enfrenta o dilema maior do setor químico: como reduzir o uso de recursos naturais finitos e diminuir o impacto socioambiental de suas atividades?
A resposta tem sido a inovação não só em produtos e processos, mas principalmente em gestão. Assim, ao mesmo tempo que caminha com soluções inovadoras nas várias áreas em que atua, a Dow busca transformar sua própria maneira de fazer negócio, por meio da internalização dos princípios e valores da gestão sustentável no planejamento estratégico.
Em 2005, quando estabeleceu suas metas para 2015, a Dow definiu que a sustentabilidade é mandatória na empresa e em todos os países onde possui atividades, com a preocupação de levar ações a todos os seus públicos de interesse. A Dow Brasil desempenha papel importante nesse esforço global, com várias iniciativas voltadas para as diversas partes interessadas. Uma das mais recentes foi apresentada em junho último, durante a Conferência Ethos Internacional 2012. Trata-se do Núcleo de Formação em Sustentabilidade para Fornecedores.
O que é o núcleo
O objetivo desse núcleo é oferecer um programa de desenvolvimento para fornecedores da companhia, com foco nos temas da sustentabilidade. Desse modo, o núcleo vai organizar atividades presenciais, como seminários temáticos e encontros periódicos, e de orientação, com a aplicação dos Indicadores Ethos de RSE para que as empresas participantes comecem a fazer o diagnóstico de sua gestão e estabelecer um planejamento a partir dos desafios que precisam enfrentar. Essas atividades têm duração de um ano.
A primeira edição desse núcleo tem caráter piloto e vai começar em agosto, na sede da Dow Brasil, em São Paulo, com dois grupos de 20 empresas. O Uniethos elaborou o conteúdo do programa, que vai contemplar o alinhamento entre RSE e sustentabilidade, o treinamento para utilização dos Indicadores Ethos e avaliação da adequação ao Código de Conduta de Fornecedores da Dow. Os fornecedores receberão também capacitação e assessoria para elaborar planos de ação, tendo como referência os Indicadores Ethos e o Código de Conduta da Dow. Um dos resultados esperados pela companhia é que os fornecedores efetivamente executem as atividades propostas nos respectivos planos de ação, para que o grau de aprofundamento da gestão sustentável avance nesse segmento.
A Dow possui ainda outras ações envolvendo stakeholders, como o Projeto de Biopolímero, produção de plástico a partir da cana-de-açúcar, em parceria com a ONG The Nature Conservancy, e o Projeto Pecuária Sustentável, nas regiões onde a empresa possui unidades, que visa aumentar a produtividade da pecuária e, com isso, evitar a pressão sobre áreas de floresta.
* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos.
27/7/2012