Secretário-geral da ONU, António Guterres, abre os debates da 74ª Assembleia Geral da ONU
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, abriu nesta terça-feira (24), em Nova Iorque, o debate de alto nível da Assembleia Geral afirmando que a diversidade é uma riqueza e não uma ameaça e defendendo o multilateralismo.
O chefe das Nações Unidas iniciou o discurso afirmando que “muitas pessoas temem ser frustradas, abandonadas, deixadas para trás.” Ele explicou que as pessoas têm medo que as “máquinas assumam seus trabalhos, que os traficantes lhes roubem a dignidade, os demagogos levem seus direitos, os senhores da guerra acabem com suas vidas e os combustíveis fósseis roubem seu futuro”.
Ainda assim, afirmou a liderança da ONU, “essas pessoas continuam acreditando no espírito e nas ideias” que reúnem mais de 150 chefes de Estado e de Governo esta semana na sede da ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral destacou várias ameaças à paz e segurança internacionais, alertando que existe a possibilidade de um conflito armado no Golfo e classificando de inaceitável o recente ataque a uma instalação de petróleo na Arábia Saudita. Ele apelou para que a comunidade internacional pressione por razão e moderação.
Para Guterres, existe o risco de “o mundo se dividir em dois, com as duas maiores economias da terra criando dois mundos separados e em competição, cada um com sua moeda dominante, comércio e regras financeiras, com sua própria internet e inteligência artificial.”
O secretário-geral da ONU disse que o mundo tem que “fazer todo o possível” para manter “uma economia universal com respeito pela lei internacional, um mundo multipolar com instituições multilaterais fortes.”
Ao falar sobre a Cúpula de Ação do Clima, Guterres disse que a emergência climática é agora uma crise climática, uma corrida que o mundo está perdendo. E lembrou que é necessário ver os direitos humanos com uma visão que inclua todos os direitos: econômico, social, cultural, político e civil.
Para a liderança da ONU, “novas formas de autoritarismo estão aumentando, os espaços cívicos estão se estreitando e ativistas ambientais, defensores de direitos humanos, jornalistas e outras pessoas estão sendo alvejadas.”
Num momento em que números recordes de refugiados e deslocados internos buscam um destino, o secretário-geral disse que a solidariedade está diminuindo. Para ele, não se vê “somente fronteiras fechando, mas também corações”. E lembrou: “a diversidade é uma riqueza, nunca uma ameaça.”
O secretário-geral disse que “é inaceitável que no século 21, mulheres e homens sejam perseguidos por causa de suas identidades, crenças ou orientação sexual.”
Um dos últimos temas destacados por António Guterres em seu discurso foi a igualdade de gênero que, para ele, é uma questão de poder. “O poder ainda está nas mãos dos homens, como se vê em parlamentos, em empresas, e até mesmo esta semana nos corredores e salas de reuniões da ONU”, afirmou o dirigente. Ele apontou uma estimativa recente, dizendo que, no ritmo atual, levaria dois séculos para acabar com a lacuna do empoderamento econômico.
Os 193 Estados-membros da ONU participarão em sessões presididas pelo diplomata nigeriano Tijjani Muhammad-Bande. A 74ª sessão terá como prioridades paz e segurança, erradicação da pobreza, fome zero, educação de qualidade, ação climática e inclusão. As reuniões também darão ênfase aos direitos humanos e à paridade de gênero.
Leia o discurso do secretário-geral na íntegra.
Por: ONU Brasil
Foto: Cia Pak/ONU