O Dia Internacional das Mulheres é uma data de celebração, mas também de reflexão sobre os avanços e desafios que ainda marcam a trajetória das mulheres no mercado de trabalho. Os dados  Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024 revelam que as desigualdades ainda persistem, principalmente nos cargos de liderança e nas condições salariais. 

Além da disparidade salarial, o estudo aponta um afunilamento hierárquico, ou seja, as mulheres são maioria entre aprendizes (57,4%) e estagiários (54,5%), mas sua participação diminui progressivamente à medida que os cargos se tornam mais altos e estratégicos. 

Mulheres negras avançam nos programas de trainee, mas ainda enfrentam barreiras na liderança 

Quando olhamos para a interseccionalidade de gênero e raça, os desafios se tornam ainda mais evidentes. As mulheres negras, que representam 28,5% da população brasileira, enfrentam barreiras adicionais no mercado de trabalho. O estudo revela que apenas 1,8% dos assentos nos Conselhos de Administração e 3,4% dos cargos nos quadros executivos são ocupados por mulheres negras. Além disso, 41,9% das mulheres negras estão na informalidade, segundo dados do IBGE, e enfrentam uma disparidade salarial ainda maior em comparação com homens brancos e mulheres brancas.  

Esses números mostram que as políticas de equidade de gênero precisam ser interseccionais, considerando também raça, a classe social e outros marcadores de identidade socioeconômicos e territoriais. Apenas 7,4% das empresas têm metas específicas para ampliar a presença de mulheres negras em cargos de liderança, o que reforça a urgência de ações afirmativas mais robustas e direcionadas.  

Mulheres indígenas: uma invisibilidade no mercado de trabalho 

Se os desafios são grandes para as mulheres negras, a situação das mulheres indígenas no mercado de trabalho é ainda mais preocupante. O estudo revela que apenas 0,1% das cargas de estagiários são ocupadas por mulheres indígenas, e sua presença em cargos executivos e conselhos administrativos é praticamente inexistente. 
 
A falta de representatividade das mulheres indígenas reforça a necessidade de programas de inclusão direcionados. É fundamental que as empresas criem estratégias concretas para atrair, desenvolver e reter esses talentos, garantindo que suas vozes e perspectivas estejam incluídas no ambiente corporativo. 
 
A equidade de gênero e raça não pode ser apenas um discurso. São necessárias ações estruturadas e esforços para transformar esse cenário, que envolvam:  

78,2% das empresas já adotam políticas para a equidade de gênero, demonstrando um avanço, 51,6% das empresas que possuem ações afirmativas já estabelecem metas concretas para ampliar a presença feminina na liderança, e esse número pode crescer ainda mais com um compromisso contínuo do setor corporativo. 

Embora as desigualdades ainda existam, os primeiros passos já foram dados. Mulheres negras sendo maioria nos programas de trainee, abrem caminhos para uma futura representatividade nos cargos de liderança, por exemplo. Esse avanço precisa ser fortalecido para que, nos próximos anos, essa presença cresça também em gerências e diretorias. 

O estudo do Instituto Ethos reafirma a necessidade de um esforço coletivo para transformar essa realidade. Empresas, lideranças e sociedade precisam assumir um compromisso real com a equidade de gênero e raça e garantir que todas as mulheres tenham oportunidades justas de crescimento profissional. O Brasil tem o potencial para sair na frente nessa agenda, e o caminho para isso já está sendo construído

O Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas está disponível para download aqui