Em seminário promovido pela Comissão de Meio Ambiente, Jorge Abrahão falou sobre a estratégia para apoiar a implantação da PNRS nas atividades empresariais
Na última quinta-feira, 6 de junho, Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, participou do seminário “Desafios para a Implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, a convite da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, promotora do evento.
O seminário é preparatório para a 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), organizada pelo Ministério do Meio Ambiente, a qual será realizada entre os dias 24 e 27 de outubro de 2013, com a tarefa de contribuir para a implantação da Lei nº 12.305/2010, que disciplina a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS).
Como palestrante do painel “Produção e Consumo Sustentáveis”, Abrahão falou sobre a estratégia de atuação do Instituto Ethos com as empresas no que diz respeito à implementação da PNRS em todo o país.
O Ethos e seus parceiros vêm atuando na agenda de resíduos sólidos, de forma mais sistemática, desde 2007, quando foi lançada a publicação Vínculos de Negócios Sustentáveis em Resíduos Sólidos, que relaciona a gestão de resíduos sólidos com oportunidades de negócios inclusivos e sustentáveis, focando na redução de impactos ambientais aliada à inclusão e geração de renda para cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
Com a promulgação da PNRS, em 2010, que estabeleceu o ano de 2014 para sua plena implementação, o foco do Ethos se concentrou na sensibilização, mobilização e articulação de empresas para contribuir com isso.
Em 2011, constituiu-se o Grupo de Trabalho de Empresas e Resíduos Sólidos, que se iniciou no âmbito do Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo e em 2013 passou a atuar nacionalmente, alinhado à estratégia do Programa Cidades Sustentáveis, na perspectiva de construir compromissos voluntários para avançar na implementação da PNRS nas atividades empresariais, sobretudo a logística reversa, e refletir sobre as políticas públicas necessárias para se desenvolver um ambiente de mercado favorável.
Em 2013, o GT formulou a Carta de Compromissos “Empresas pela Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos”, com foco em práticas empresariais e políticas públicas, a qual foi lançada em maio, com a adesão de mais de 60 empresas, sendo entregue ao Ministério do Meio Ambiente e às secretarias de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e da capital paulista. O grupo também está realizando estudos visando apontar a necessária harmonização das políticas locais de resíduos sólidos com a PNRS.
No seminário promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, Abrahão destacou um dos compromissos assumidos pelas empresas signatárias dessa carta, o qual tem impacto direto no debate sobre produção e consumo sustentável: as empresas engajadas se comprometem a elaborar um plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos pós-consumo que leve em conta a ordem de prioridade estabelecida pela PNRS: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
“Não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar e evitar a geração de resíduos são estratégias centrais para promover a produção sustentável e mais limpa, aumentando a ecoeficiência e reduzindo os riscos ao meio ambiente e ao homem”, comentou o presidente do Ethos.
De acordo com ele, a gestão sustentável de resíduos sólidos é uma oportunidade única, em que a redução dos impactos ambientais proporciona negócios que ativam uma economia inclusiva nos ambientes urbanos, que são os principais territórios da produção e do consumo.
Mas de que forma as empresas podem contribuir para o cumprimento de metas das cidades na gestão de resíduos sólidos? “Nessa perspectiva, os desafios para as empresas são identificar oportunidades de negócios sustentáveis a partir das metas de coleta seletiva e logística reversa, mobilizar sua cadeia de valor para atuar no mesmo sentido e incentivar e estimular seus funcionários e colaboradores a adotarem um estilo de vida mais sustentável”, responde Abrahão.
Para ele, o gerenciamento dos resíduos sólidos ocupa um espaço relevante nas práticas de responsabilidade social empresarial. Novas tecnologias criam alternativas para a implantação de estratégias de ecoeficiência que podem reduzir a geração de resíduos sólidos no setor industrial e no de serviços, além de minimizar os impactos ambientais.
“Os desafios para as empresas e para a sociedade são enormes e serão superados com o apoio decisivo de novas políticas que incentivem e induzam à inovação, à redução de custos, à geração de empregos e a mudanças culturais e comportamentais”, concluiu.
Por Benjamin Gonçalves, do Instituto Ethos