Acordo vai permitir analisar histórico socioambiental de fornecedores das signatárias dos pactos da iniciativa Conexões Sustentáveis São Paulo–Amazônia.
Nesta quinta-feira (18/10), o Instituto Ethos e a Serasa Experian estabeleceram uma parceria que permitirá a análise do histórico socioambiental dos fornecedores das empresas que fazem parte do programa Conexões Sustentáveis: São Paulo–Amazônia, iniciativa que conta hoje com cerca de 60 instituições signatárias e busca mobilizar as cadeias de valor dos setores da pecuária, da madeira e da soja por meio de pactos setoriais para a preservação da Floresta Amazônica e de seus povos.
O papel da Serasa Experian na parceria será fornecer ao Instituto Ethos a ferramenta Conformidade Ambiental, um banco de dados de todas as empresas brasileiras com atividades geradoras de impactos na área, que vai possibilitar essa análise. Elaborada a partir de um projeto-piloto, ela capta informações em todos os órgãos ambientais em vários níveis de governo, usando o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do fornecedor.
O Ethos vai ter acesso a dados sobre licenciamento, cadastro ambiental rural, áreas contaminadas ou embargadas, registro de trabalho escravo e outras autuações. Com as informações disponibilizadas, o Comitê de Acompanhamento dos Pactos Conexões Sustentáveis poderá monitorar com maior transparência e evidências se os fornecedores dos signatários dos pactos da soja, da madeira e da pecuária estão em conformidade com os compromissos assumidos. “Estabelecer parcerias e pactos é essencial, mas sem monitoramento, não funciona”, afirma o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão.
Os fornecedores não podem estar envolvidos em crimes ambientais, como desmate ilegal, e nem na lista suja do trabalho escravo. Os que estiverem devem ser retirados da cadeia de suprimento das signatárias. Por outro lado, as informações também vão ajudar a valorizar os bons fornecedores, que realizam esforços para a preservação da floresta e o uso sustentável de seus recursos.
Caso o fornecedor de empresa vinculada aos pactos apresente problemas, ele terá 30 dias para resolver a pendência ou será excluído da lista de colaboradores. “A relação fica mais transparente. Dessa maneira, os signatários dos pactos irão pressionar seus fornecedores a cumprir a lei e os padrões estabelecidos pelo acordo”, explica Caio Magri, diretor de Políticas Públicas do Instituto Ethos.
Ao disponibilizar os produtos que analisam os fornecedores nas três dimensões, a Serasa Experian contribui para que o setor produtivo brasileiro avance no rumo da sustentabilidade. “Compartilhamos esta responsabilidade com o governo, com a sociedade civil, com o Instituto Ethos, com as instituições financeiras e com as melhores empresas signatárias do Conexões Sustentáveis”, afirma Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian. “Fazemos parte dessa rede de valor que contribui consistentemente para construir um futuro melhor, pois nosso negócio promove a sustentabilidade”, conclui ele.
Conexões Sustentáveis: São Paulo–Amazônia é uma iniciativa criada em 2008 pela Rede Nossa São Paulo e pelo Fórum Amazônia Sustentável. Os pactos que a compõem foram construídos em diálogo permanente com setores empresariais e da sociedade e comprometem os signatários com o financiamento, a distribuição e a comercialização de produtos com certificação – ou em processo de regularização – e provenientes de fornecedores que não façam parte da Lista Suja do Trabalho Escravo nem tenham áreas embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). E, no caso do pacto da soja, que estejam localizados em áreas liberadas pela “Moratória da Soja”.
Os pactos também buscam a mobilização, por parte dos signatários, para ampliar o número de adesões e a realização de campanhas de esclarecimento com seus consumidores e fornecedores. O cumprimento dos termos de compromisso em cada setor é monitorado pelo Comitê de Acompanhamento dos Pactos.
Além dos pactos empresariais, a prefeitura de São Paulo também se comprometeu em 2008 com a iniciativa, assinando um termo de compromisso para desenvolver políticas públicas que ajudem a preservar a Amazônia e contribuir para torná-la sustentável.
O projeto Conexões Sustentáveis surgiu por causa do grande fluxo de negócios que liga a cidade de São Paulo à Amazônia brasileira. Do sul seguem investimentos e mercadorias. Do norte vêm matérias-primas, energia e outros produtos essenciais à sobrevivência da maior cidade do país. No entanto, não há dúvida de que o modelo de exploração atualmente em marcha num dos mais ricos ecossistemas do mundo ameaça seriamente sua própria sobrevivência.