A Operação Unfair Play e a permanência de Carlos Arthur Nuzman como presidente do COB

Leia abaixo o posicionamento do Instituto Ethos sobre a Operação Unfair Play e a permanência de Carlos Arthur Nuzman como presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Por Integridade e Transparência no Comitê Olímpico do Brasil

A Operação Unfair Play, recente etapa da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, colocou o atual Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, em posição de alto envolvimento com um suposto esquema de compra de votos para a escolha da cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

A investigação aponta Nuzman como um elemento fundamental na negociação e pagamento de propina para o processo de eleição do país-sede ocorrido em 2009 e indica seu envolvimento por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Além disso, teve sua prisão temporária decretada, na manhã do dia 5 de outubro, em razão de tentativa de ocultação de bens. Nuzman é também presidente do Comitê Rio 2016, posição já questionada anteriormente nos relatórios do TCU, por seu claro conflito de interesses com o cargo exercido no COB.

O Comitê Olímpico Internacional suspendeu Nuzman de suas funções na entidade – membro honorário e integrante da comissão de coordenação para os Jogos de Tóquio 2020. Além disso, o COI suspendeu o COB, fazendo-o perder seus direitos de filiado. Tal suspensão só será revogada caso o COB apresente um plano de governança para avaliação do COI.

O setor esportivo, ainda em busca do tão prometido legado olímpico, encontra-se em um momento no qual precisa ultrapassar o período sombrio pós década olímpica para projetar seu futuro de retomada e de desenvolvimento do esporte nacional. Nesse contexto, uma melhor gestão, fundamentada em princípios de governança, transparência e integridade, tem sido a principal resposta para essa nova perspectiva do esporte.

O Instituto Ethos tem trabalhado com essa temática desde o Projeto Jogos Limpos dentro e fora dos Estádios, quando identificamos diversos problemas de falta de transparência relacionados aos megaeventos esportivos realizados no Brasil, dos quais o Rio de Janeiro foi cidade-sede. Durante o projeto, também iniciamos uma ação coletiva com o setor empresarial patrocinador do esporte brasileiro, de modo a estimular melhores práticas de gestão, governança, integridade e transparência nas entidades esportivas. O Pacto pelo Esporte hoje conta com 25 empresas signatárias, dentre as principais patrocinadoras do esporte brasileiro, comprometidas com essa agenda. Outra importante iniciativa nessa direção é o Rating das Entidades Esportivas, que estamos desenvolvendo em parceria com Atletas pelo Brasil e entidades voltadas para o esporte.

O COB vinha sendo um desses parceiros a contribuir com o desenvolvimento da metodologia e apoiando ativamente a iniciativa, mas, recentemente, a entidade decidiu voltar seus esforços a programas internos e deixou de fazer parte do Comitê Gestor do Rating das Entidades Esportivas.

Diante desse contexto, é fundamental que a entidade máxima do esporte olímpico do país, cujo papel essencial é de estimular, apoiar e desenvolver o esporte brasileiro, não seja liderada por alguém investigado por atos que vão contra os princípios de integridade, que têm sido fortemente defendidos tanto no contexto esportivo, como na sociedade brasileira em geral.

Sendo assim, defendemos que o atual presidente Carlos Arthur Nuzman deva pedir seu afastamento imediato do Comitê Olímpico do Brasil até que a investigação seja concluída.

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