A woman wearing a mask crosses a road during severe pollution in Beijing on January 12, 2013. Air quality data released via the US embassy twitter feed recorded air quality index levels so hazardous that they were classed as 'Beyond Index'. By 4pm the particle matter (PM) 2.5 figure was 728 on a scale that stops at 500 at which point the US embassy website advises against all outdoor activity. AFP PHOTO / Ed Jones (Photo credit should read Ed Jones/AFP/Getty Images)

A China adotou recentemente o que a imprensa oficial do país chama de “o mais verde” plano quinquenal já apresentado. O documento, aprovado em um cenário de retração econômica, traça outro rumo ao desenvolvimento chinês até 2020 e dá grande peso ao “desenvolvimento verde”, com quase metade dos alvos prioritários voltada para as políticas ambientais. O governo espera que, ao final de cinco anos, ciência e tecnologia representem 60% do PIB do país.

O poder público chinês também estabeleceu a meta de reduzir 18% de suas emissões de gases do efeito estufa e 15% da intensidade de energia por unidade do PIB até 2020, em comparação aos níveis de 2015. Ou seja, a retração da economia que levou à necessidade de reajustar o sistema produtivo é boa para o clima. Um estudo divulgado na semana passada mostra que o país pode ter atingido o seu pico de emissões — a meta chinesa apresentada às Nações Unidas para a construção do Acordo do Clima de Paris era de que esse patamar fosse atingido apenas em 2030. Porém, taxas de crescimento altas como as registradas na última década não devem voltar a acontecer e por isso as emissões não devem aumentar.

“Depois de mais de trinta anos de crescimento econômico de dois dígitos, a China chegou a um ponto em que tem que se despedir do velho caminho de crescimento e inaugurar um novo capítulo para as suas estratégias de desenvolvimento”, diz a agência oficial chinesa. “O anseio do país por crescimento verde, em vez de arrastar para baixo a economia, será um benefício e desencadeia uma nova onda de oportunidades para os investidores nacionais e estrangeiros”. A expectativa é de que a “economia verde” movimente um mercado de até 10 trilhões de yuans (cerca de US$ 1,5 trilhão), com empresas de energia renovável, controle da poluição e tratamento de esgoto.

O país já vem reduzindo seu consumo de carvão. Em 2015, a queda foi de 3,7%, após uma retração de 2,9% em 2014. No começo do mês, foi anunciada a extinção de 1,8 milhão de postos de trabalho em siderúrgicas e na indústria do carvão. O plano até 2020 cita uma “revolução energética” baseada em renováveis. A China lidera hoje as novas instalações de solar e eólica — no ano passado, sua nova capacidade eólica atingiu um recorde, com aumento de mais de 60% em relação ao ano anterior. Para os próximos anos, deve haver investimentos expressivos também em carros elétricos.

Ativistas do clima comemoraram a aprovação do plano. Para o Greenpeace da Ásia, por exemplo, o documento sugere que a China vai implementar e aprimorar as metas nacionais de redução de emissões apresentadas na COP21, a Conferência do Clima da ONU. “O fato de que o governo chinês já está falando sobre como melhorar o seu plano de ação climática indica que ele está pronto para o jogo”, diz Li Shuo, do escritório asiático do Greenpeace. “Se isso se traduzir em políticas concretas, a China pode estar a caminho de se tornar um líder global em frear emissões”.

O país também implantará um sistema de parques nacionais e um sistema de monitoramento ambiental em todo o país em 2020. De acordo com a imprensa local, dirigentes estarão sujeitos à “auditoria de responsabilidade de proteção ambiental” antes de deixarem seus postos.

Além da política climática e dos benefícios para a economia, a nova estratégia ambiental chinesa também está relacionada a questões de saúde pública, já que a população chinesa está exposta a um alto nível de poluição do ar.

 

Publicado originalmente no site do Observatório do Clima.
Foto: Ed Jones/AFP/Getty Images.