A convite do Ministério do Meio Ambiente, o instituto contribuiu com as discussões do evento, do qual Jorge Abrahão foi um dos debatedores.

Com o tema “Vamos Cuidar do Brasil”, realizou-se em Brasília (DF), de 24 a 27 de outubro de 2013, o Ciclo de Debates da 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, que teve como eixo a temática de resíduos sólidos, com o propósito de contribuir para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a partir de soluções concretas.

A convite do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Ethos participou das discussões do evento e seu presidente, Jorge Abrahão, foi um dos debatedores do painel “Política Nacional de Resíduos Sólidos e Economia Verde: Oportunidades de Negócios”, ao lado do gerente executivo da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Maurício Messias. Presidido por Denise Hamu, coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), esse painel teve ainda a participação de Guilherme Cardoso, chefe de divisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Glenn Peebles, consultor do Banco Fator, George Hochheimer, do Instituto Nacional de Resíduos (Inre), e Laís Abramo, diretora do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.

Mariana Meirelles, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, apresentou as conclusões do painel, que também contou com uma fala da ministra Izabella Teixeira, do MMA.

Izabella destacou o papel da sociedade, do governo e dos empresários na formulação do novo conceito de economia verde e salientou que esses três grupos estão conectados e engajados na implantação da PNRS.

Em sua opinião, um painel sobre economia verde é particularmente interessante por fazer parte de um novo ciclo, resultado das discussões da Rio+20. “A ONU aposta nesse novo caminho para uma agenda de desenvolvimento sustentável”, afirmou. Para a ministra, a dimensão desse novo ciclo deve passar por mudanças de comportamento, de logística financeira e de mercado. “Além do papel determinante da sociedade, o setor privado é estruturante nas questões globais sustentáveis”, observou.

Desenvolvimento contínuo

George Hoccheimer, do Inre, ressaltou que a PNRS necessita aperfeiçoar os mecanismos econômicos e estimular modelos de gestão para viabilizar a logística reversa dos resíduos eletroeletrônicos, a qual, segundo ele, é financeiramente inviável nas condições atuais: “É importante haver um desenvolvimento contínuo de inovações que possam ir além dos clássicos ‘reduzir’, ‘reutilizar’ e ‘reciclar’, para incorporar o ‘repensar’, ‘recusar’ e ‘retornar’. O processo deve abarcar toda a diversidade de atores nessa área”.

Guilherme Cardoso, do BNDES, detalhou as linhas de financiamento do banco para projetos de gestão de resíduos sólidos, reciclagem e logística reversa. “O BNDES financia projetos na área de destinação final, coleta, tratamento e reaproveitamento de resíduos, e oferece vários tipos de instrumento para apoiar os diferentes modelos de negócios no setor de resíduos e de saneamento”, explicou.

Já o representante do Banco Fator, Glenn Peebles, destacou as ações que o banco apoia nessa área e falou das oportunidades para o Brasil com a implantação sustentável da PNRS: “Essa política é um avanço expressivo para o Brasil, mas apenas o início de uma nova fase do país nessa área, pois ainda estão pendentes regulações e planos específicos nas esferas federal, estaduais e municipais, e entre setores econômicos”. Para ele, o Brasil inicia com a PNRS a modernização na gestão de resíduos sólidos. “Calcula-se que o potencial de mercado da área seja de quatro a cinco vezes maior que o faturamento de R$ 22 bilhões estimado em 2012”, acrescentou.

Ações coletivas

Maurício Messias, do Banco do Brasil, mostrou como a instituição vem trabalhando a agenda de economia verde. “Hoje buscamos entender, aprender e aplicar esse conceito na prática para fazer uma modelagem financeira de acordo com a sabedoria de parceiros sociais e governamentais”, argumentou. Para ele, o grande desafio atual é aprender, dentro do segmento verde, as ações de cada um – sociedade, governo e empresas. “Tem de ser um processo integrado, pois, como estamos falando de um mercado em expansão, precisamos unir os saberes de cada um em busca de resultados sustentáveis.”

Jorge Abrahão, do Instituto Ethos, também destacou a importância das ações coletivas e dos compromissos públicos, amplamente estimulados pelo instituto. Ao apresentar as principais ações do Ethos em relação ao tema, Abrahão destacou a atuação do Grupo de Trabalho de Empresas e Resíduos Sólidos, que visa contribuir para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e estimular ações e negócios inovadores, sustentáveis e responsáveis em todo o país.

A geração de “empregos verdes”, dentro desse novo conceito de economia verde, foi defendida por Laís Abramo, da OIT Brasil. “O emprego verde contribui para a sustentabilidade ambiental e é exercido em condições decentes de trabalho”, disse. Para ela, o mundo atual precisa dessas carreiras e as empresas necessitam desenvolver essa ideia de mudança. “Além de favorecer a sustentabilidade, essas carreiras contribuem com o processo de geração de riqueza no país”.

Denise Hamu, do Pnuma, falou da importância dos debates para a construção desse importante mosaico que está sendo montado na área de economia verde: “Cada um aqui tem um papel importante para a construção desse conceito, que não deve favorecer uma ou outra pessoa, mas a sociedade como um todo”. Na sua avaliação, a economia verde não pode ser vista como um conceito único, de aplicação universal, mas deve “atender a peculiaridades específicas de cada grupo, região ou nação, visando prover oportunidades para melhor qualidade de vida”.

Mariana Meirelles, do MMA, encerrou o painel destacando a necessidade de transformação da sociedade para desafios complexos como o Plano de Produção e Consumo Sustentáveis, que encontra fortes elementos de interface com a PNRS. “A política é um elemento-chave para o desenvolvimento de uma economia verde no país, por meio do fomento de novos negócios, da transformação de setores, a partir da gestão de resíduos e da instalação de sistemas de logística reversa, e da inclusão dos catadores na cadeia da reciclagem, transformando empregos degradantes em empreendedorismo”, defendeu.

Para Mariana, há um importante papel a ser desempenhado por empresas líderes e que deverá incluir pequenas e médias empresas. “É preciso dar destaque à inovação e ao ecodesign, bem como ao aperfeiçoamento da PNRS como forma a estabelecer uma política de incentivos que inclua crédito e financiamento e desoneração, com destaque para o papel de bancos como o BNDES e o Banco do Brasil, que devem atuar em sintonia com as políticas governamentais nesse setor.”

Para acessar o resultado final da 4ª CNMA, que inclui as 15 ações mais votadas em cada eixo temático, clique aqui.

Por Benjamin Gonçalves (Instituto Ethos), com informações do MMA

Crédito da foto: Daniela Damiati/Instituto Ethos