Nos dias 13 e 14 de dezembro, o Instituto Ethos participou, em Nova York, da reunião periódica do Conselho do Global Compact, do qual é integrante.
Por Jorge Abrahão*
O Global Compact (Pacto Global) é uma iniciativa lançada em 1999 por Kofi Annan, então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), para incentivar as empresas em todo o mundo a adotar políticas sustentáveis e informar sobre sua implementação.Seu atual diretor é Georg Kell.
As empresas que querem fazer parte do Global Compact se comprometem a alinhar suas operações e estratégias com dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
Ao aceitar alinhar os negócios com esses princípios, o empresariado, como um dos setores mais organizados e poderosos do mundo, pode ajudar a garantir que os resultados positivos do avanço dos mercados possa ser usufruído pelas economias e as sociedades de todos os países.
Para mostrar a adesão a esses compromissos, as empresas participantes precisam apresentar anualmente um relatório, chamado “comunicação de progresso”. A empresa que não apresentar essa comunicação anualmente pode sofrer sanções, chegando à desfiliação da entidade. Em 2011, o Global Compact desfiliou 3.000 empresas que não apresentaram comunicação de progresso.
As empresas de um mesmo país organizam uma “rede” nacional para difundir os princípios, ampliar o número de participantes e monitorar as comunicações de progresso. No Brasil, 392 empresas participam do Global Compact.
O Conselho do Global Compact, do qual o Instituto Ethos faz parte, é um órgão consultivo multistakeholder, formado por 31 membros representando a sociedade civil, empresas, sindicatos e órgãos da ONU.
Esse conselho reúne-se anualmente para discutir os desafios e oportunidades da conjuntura em relação aos princípios do Global Compact e fazer recomendações para as corporações e a própria ONU.
A reunião de Nova York
Na reunião de 2012, realizada em Nova York, nos dia 13 e 14 de dezembro, foram discutidos, principalmente, os temas pendentes da reunião extraordinária realizada durante a Rio+20, entre os quais podemos destacar:
a comunicação de progresso sobre a implementação, pelas empresas, das medidas de integridade do Global Compact – como motivar as empresas a melhorar continuamente a implementação desses princípios e também a ampliar a credibilidade da iniciativa;
- a elaboração, pelas ONGs, das respectivas comunicações de progresso, mas com um formato que não permita serem confundidas com as das empresas. Por isso, a sugestão é que os relatórios de ONGs venham a se chamar “comunicação de engajamento”;
- revisão das prioridades do conselho do Global Compact – qual é o papel dos membros para que o Global Compact ganhe escala. O processo de expansão tem sido muito mais lento que o desejado pela diretoria do Global Compact e pelo secretário-geral, de tal forma que o encontro do Rio de Janeiro deliberou pela deflagração de um processo de avaliação interna e de consulta a parceiros estratégicos, como os próprios membros do Board e das redes locais e, também, governos e outros stakeholders centrais. Uma atualização do andamento desse processo foi apresentada durante o encontro de Nova York.
Foram também apresentados os resultados financeiros obtidos pela Fundação para o Pacto Global, que é o organismo constituído para recolher e administrar as doações financeiras feitas pelas empresas participantes do Global Compact.
* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos.