O desmatamento diminuiu, mas outras atividades estão tomando seu lugar. Os principais emissores hoje são o setor de energia, a indústria e a agricultura.

Por Jorge Abrahão*

Nesta quarta-feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, do qual o Instituto Ethos faz parte, reuniu-se em Brasília, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e de outras autoridades e representantes de entidades.

A presidenta Dilma reconheceu que há uma mudança no perfil das emissões do país. Aquelas oriundas do desmatamento diminuíram bastante – e esse é um fato a comemorar. Todavia, emissões provocadas por outras atividades estão tomando o lugar do desmatamento, fazendo o Brasil ainda ser um grande emissor de carbono. Três são os principais emissores atualmente: energia, indústria e agricultura.

Na energia, a matriz hidrelétrica é limpa quando as usinas possuem represas. Mas não estamos conseguindo construir hidrelétricas com reservatórios, por conta das questões ambientais,Se continuarmos construindo usinas sem reservatório, como no caso de Belo Monte, e continuarmos dependendo majoritariamente de hidrelétricas, a capacidade dessas usinas, quando os rios estiverem nos períodos de menor vazão, terá de ser compensada por energia de termelétricas, que são altamente poluidoras.

O dilema, segundo Dilma, é que o Brasil precisa crescer e preservar o meio ambiente, distribuindo renda, e não fará isso sem energia. Como resolver? Com inovação. Por isso, o governo federal lançou um programa de R$ 3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de inovação em energia, para que surjam soluções limpas que permitam ao país crescer com sustentabilidade.

Outro setor que faz do Brasil um campeão de emissões é a indústria. A Política Nacional de Mudanças do Clima estabeleceu planos setoriais para que o país reduzisse em até 38% as suas emissões até 2020. Hoje, a indústria apresentou seu plano de redução de emissões e estabeleceu a meta de 5% ao ano até 2020. Mas esse número pode não exigir nenhum esforço criativo ou transformador da indústria, uma vez que ele partiu da premissa de que o país cresceria 5% ao ano. Como isso não está ocorrendo, as emissões estão diminuindo por si sós.

Esse quase acomodamento pode trazer consequências desastrosas para a competitividade dos produtos brasileiros, uma vez que outros países estão avançando decididamente na descarbonização de processos, produtos e serviços.

A agricultura, que também é uma das grandes emissoras de carbono do país, conta com o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), o qual tem como objetivo incentivar a adoção de técnicas agrícolas sustentáveis que contribuam para a redução das emissões de gases de efeito estufa e ajudem na preservação dos recursos naturais.

São seis as iniciativas apoiadas pelo Programa ABC que visam contribuir para a preservação do meio ambiente e para a sustentabilidade da produção agropecuária:

• Plantio direto na palha;
• Recuperação de pastos degradados;
• Integração lavoura-pecuária-floresta;
• Plantio de florestas comerciais;
• Fixação biológica de nitrogênio; e
• Tratamento de resíduos animais

* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos.

Na foto: Reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em 5/6, em Brasília.
Crédito da foto: Wilson Dias/Agência Brasil