Recursos novos não estão sendo empenhados, apontam pesquisadores

“Investimento medíocre e falta de estratégia brasileira para pesquisa e inovação” são apontados pelos pesquisadores da Rede de Políticas Públicas & Sociedade, no 6º Boletim da iniciativa “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”. Um projeto apoiado pelo Instituto Ethos, que produz semanalmente análises sobre a atual conjuntura.

Enquanto muitos países têm investido em pesquisa e desenvolvimento, os EUA, por exemplo, alocaram US$ 6 bilhões exclusivamente para pesquisas sobre a Covid-19, o governo federal publicou apenas dois editais no valor de R$ 60 milhões, com resultados previstos para junho. “O que significa que até o momento, o governo brasileiro não está financiando nenhuma pesquisa sobre a doença com recursos novos. O que é chocante, não tanto pelo volume bem menor investido pelo Brasil, mas pela inação diante da crise. Mesmo com recursos menores, o Brasil poderia fazer muito mais”, destaca o documento.

Especialistas apontam que a saída da crise atual depende cada vez mais da produção de conhecimento. Não apenas para o desenvolvimento da vacina para o coronavírus, mas também para produção em larga escala. Sendo assim, se torna cada vez mais imperativo que os governos desenvolvam estratégias, seja para refletir sobre respostas dos efeitos da doença no longo prazo, o seu potencial de transmissão, e como parcelas da população mostraram-se mais vulneráveis do que outras.

De acordo com o boletim dessa semana, que teve o objetivo de mapear as políticas para pesquisa e inovação que estão sendo adotadas, em alguns países, a fim de buscar soluções para a crise, a postura do governo federal “condena o Brasil a ser apenas um usuário de Ciência e Tecnologia, a exemplo do que ocorreu em outras pandemias de menor porte, sem estratégias para o desenvolvimento de vacinas e outros medicamentos, o país corre o risco de ficar completamente desprovido de eventuais vacinas, equipamentos e insumos médicos que serão orientados para abastecer os países com maior competência científica e maior poder de compra”, destaca o texto que contou com a participação de coordenadores e pesquisadores do IPEA.

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

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