Próximos passos e sinergias com outras iniciativas foram discutidas durante encontro
Na última terça-feira (28), o Grupo de Trabalho de Integridade, do Instituto Ethos, reuniu representantes de empresas para dialogar sobre o Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência. Explicar as motivações da iniciativa e os próximos passos foram os principais pontos abordados durante o encontro.
“O Movimento é o Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção em ação. Sobretudo, para pautar mudanças importantes em políticas públicas”, observou Caio Magri, diretor-presidente do Ethos, destacando o principal ponto que diferencia a atuação do Movimento em relação ao Pacto, o novo instrumento contempla o advocacy para a implementação de políticas públicas. Ou seja, através do diálogo com as signatárias dessa iniciativa propostas de alterações/criações de políticas públicas serão endereçadas aos entes federativos.
Além do foco em políticas públicas, o Movimento vem sendo trabalhado por mais de 100 empresas do GT de Integridade, que contribuíram para a elaboração da Carta Compromisso. “A Carta e os anexos orientadores são prova da massa crítica que construímos até agora. Uma iniciativa que pode de fato promover uma mudança cultural na agenda de integridade nas empresas”, destacou Magri. Leia a Carta Compromisso aqui.
Quanto as metas, o Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência se propõe a:
- Ampliar número de novas empresas signatárias
- Articular discussões sobre os temas prioritários ao Movimento e acompanhar a implementação nas empresas
- Engajar de modo contínuo a alta liderança das empresas
- Atualizar indicadores do Guia Temático de Integridade ao Movimento para apoio a gestão
- Identificar e engajar setores estratégicos
- Mobilizar para Programa Cadeia de Valor
As alterações a serem realizadas no Guia Temático dos Indicadores Ethos de Integridade, Prevenção e Combate à Corrupção serão avaliadas pela Gestão para o Desenvolvimento Sustentável do Ethos e estão previstas para ocorrer até o final de 2018 para aplicação em 2019. O objetivo é de alinhar as novas demandas observadas pelas propostas do Movimento.
Uma das dúvidas das empresas que participaram do encontro foi quanto as diferentes iniciativas de combate à corrupção. “Não há uma dispersão de energia?”, questionou um dos participantes. Marina Ferro, gerente-executiva do Ethos respondeu que “não é um empecilho termos mais que uma iniciativa abordando o assunto, pois entendemos que essas ações se somam e têm o potencial de atingir diferentes públicos e níveis de maturidade das empresas”.
Outros pontos trazidos pelos participantes foram a proposta de apresentar e levar o Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência para outras regiões e a tradução da Carta Compromisso para o inglês – ação que já está em andamento.
Como forma de demonstrar o engajamento com a iniciativa, um dos presentes fez um depoimento. “O Instituto Ethos transformou a minha empresa e a minha vida. Me associei apenas para exibir a marca do Ethos na fachada da minha empresa. Quando descobri que não podia fiquei triste, mas não desisti e hoje minha empresa se tornou exemplo, devido as boas-práticas que aprendi no GT”, revelou.
Pesquisa Integridade e Empresas no Brasil
A segunda parte do GT de Integridade foi destinada a apresentação do estudo Integridade e Empresas no Brasil, realizado pela Transparência Internacional – Brasil, com a contribuição técnica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito Rio seguindo a metodologia global da TI. Uma pesquisa inédita no país que utiliza 48 indicadores para avaliar o quanto o país está apto a prevenir e punir atos de corrupção no setor empresarial. Acesse o estudo aqui.
Segundo Guilherme Donega, consultor da Transparência Internacional Brasil, a pesquisa revelou que nos últimos anos houve melhoria no ambiente de integridade empresarial no Brasil. “Mas é importante solidificar esta melhoria e dar o próximo passo. O Movimento é uma iniciativa importante do setor empresarial neste sentido”, destacou o consultor.
Donega também compartilhou que o combate à corrupção não pode ser visto como um fim em si mesmo. “O Brasil sofre com um grave déficit de infraestrutura, que precisa ser combatido com investimento público. Entretanto, o dinheiro arrecadado para construção de portos, aeroportos e ferrovias drena pelo ralo da corrupção antes de cumprir seu objetivo”, destacou.
Na ocasião de lançamento do estudo, em 13 de agosto, o diretor-presidente do Ethos, Caio Magri, apresentou o material de engajamento para empresas preparado pela iniciativa Unidos Contra a Corrupção, que se destina a ser usado para demonstrar apoio ao debate das Novas Medidas contra a Corrupção. Clique aqui para ter acesso ao material.
“Os itens apresentados na pesquisa Integridade e Empresas no Brasil reforçam a nossa preocupação em começarmos a trabalhar sob a perspectiva de uma cultura de integridade, principalmente no âmbito do setor empresarial. O Movimento Empresarial pela Integridade e Transparência é um importante instrumento para avançarmos nesse sentido. Engajarmos e trabalharmos o aprimoramento dos programas de integridade a partir de compromissos assumidos por parte das empresas signatárias e aprimorarmos os instrumentos regulatórios a partir das demandas ao poder público. Nesse sentido o material lançado pela iniciativa Unidos Contra Corrupção tem total convergência com as ações do Movimento”, avalia Paula Oda, coordenadora de Práticas Empresariais e Políticas Públicas do Ethos.
Saiba mais sobre o Movimento Empresarial pela Integridade de Transparência aqui.
Esse diálogo integra a programação da Conferência Ethos 20 anos em São Paulo. Saiba mais em: www.conferenciaethos.org/saopaulo.
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Por Rejane Romano, do Instituto Ethos
Foto: Unsplash