Dando continuidade à descrição dos quatro hábitos de pensamento a partir do ponto de vista da sustentabilidade desenvolvidos pela Sara Parkin, depois de tratar dos dois primeiros, resiliência e relacionamentos, abordarei neste artigo a importância da reflexão.
Reflexão
As nossas organizações estão reservando um tempo para pensar sobre os fatos e acontecimentos, de modo a aprender com a experiência e aplicar os aprendizados obtidos ao futuro diante dos efeitos da pandemia?
As nossas organizações buscam, regularmente, um tempo à reflexão? Muitas pessoas pensam sobre incidentes e conversas; mas será que elas acham que um tempo para refletir é tão importante quando se exercitar ou comer bem? Acredito que teríamos poucos “sim” como resposta.
A vida agitada torna o tempo precioso, de modo que pensar no dia seguinte é difícil, para não falar em fazer uma pausa a fim de refletir sistematicamente sobre as adversidades que vivenciamos em períodos de crises.
Nas decisões que as organizações precisam tomar em situações difíceis, a prática reflexiva é importante por duas razões:
- Para desenvolver o conhecimento sobre os detalhes que compõe uma crise – trata-se, pura e simplesmente, de uma boa prática de aprendizado.
- Para aprender, com base na experiência, o que funciona e o que não funciona a fim de não repetir erros e assumir um comportamento adequado – e progredir.
Muitos dos problemas que as organizações estão vivendo diante da pandemia ou que viverão no futuro breve não foram experimentados antes, assim, o sucesso vai depender de quão bem as organizações serão capazes de desmontar o seu conhecimento e a percepção atual sobre como a complexidade dos problemas se dão e depois colocar tudo junto novamente para dar forma a uma nova solução.
Treinar para ser reflexivo não precisa ser complicado e pode se tornar rapidamente um hábito. Pode-se escolher a maneira que lhe convém de praticá-lo – quando estiver se exercitando, rabiscando em um caderno, conversando com amigos e colegas ou as três coisas. Mas, quer estejamos aperfeiçoando conhecimento e ideias para uma pessoa ou uma organização, partilhar o que aprendeu é tudo.
Extrair conhecimento de qualquer experiência ajuda a evitar ou agravar os equívocos nas tomadas de decisão nas organizações em períodos de crise. Também aumenta as chances de um bom julgamento no presente, por mais complicado e incerto que o futuro possa parecer. Aplicar aquilo que sabidamente funciona e recorrer à imaginação para melhorar a boa prática foi o que garantiu o sucesso da evolução. Se aprendermos a parar e refletir antes de tomar uma decisão ou agir, podemos fazer o mesmo.
No próximo artigo trarei a descrição do quatro e último hábito de pensamento: reverência.
Por: Fábio Risério, sócio diretor da Além das Palavras, consultoria que atua no engajamento estratégico dos temas de Integridade e Sustentabilidade nos negócios e professor das disciplinas de Ética Empresarial e Negócios e Organizações Sustentáveis na FDC, FIA e PUC-Campinas.
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