10Encontro faz parte de série de webinars para discutir a temática

Que a adaptação à mudança do clima é um desafio, grande parte das pessoas já tem conhecimento. E é especialmente difícil porque abrange muitas áreas e setores da economia, de maneiras diversas. Mas em um ponto ela nos une: todxs seremos impactadxs em maior ou menor grau. Por isso é que o debate sobre este tema é tão relevante e urgente. Com isso em mente, a IEC – Iniciativa Empresarial em Clima, que o Ethos integra, realizou seu segundo webinar no último dia 27. Para este ano, a iniciativa tem o objetivo de atuar em duas frentes de trabalho: adaptação à mudança do clima e precificação do carbono. As atividades relacionadas ao tema de adaptação estão sendo lideradas pelo Ethos e Pacto Global, com o apoio de todas as organizações envolvidas na IEC que são: Instituto Ethos, GVces, CEBDS, CDP, Neomondo e Envolverde e Pacto Global.

Sergio Margulis, coordenador da Câmara Temática de Adaptação do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), participou do webinar com o objetivo de trazer atualizações sobre o cenário da mudança do clima, com foco no setor empresarial.

Foi apresentada uma diferença conceitual entre adaptação climática e adaptação à mudança clima. Adaptação climática está relacionado ao clima atual, em que muitas vezes, os territórios já não conseguem lidar com elas, como é o caso das enchentes. Ou seja, a cidade não está adaptada para a quantidade de chuva que cai sobre ela. Já a adaptação à mudança do clima, é se preparar para o quanto pior o cenário pode ficar, em especial quando os territórios ainda não estão adaptados. Se, com a mudança do clima, a quantidade de chuva desta mesma cidade aumentar, citando caso análogo, ela tem que se adaptar para um futuro que pode ser ainda pior que o atual.

Para ilustrar os conceitos acima, Margulis explicou o estudo conhecido como Brasil 2040, que utilizou modelos climáticos para prever os diferentes cenários futuros para setores como energia, agricultura e transportes, entre outros. O autor afirma que “as soluções são transversais e passam pelo aumento do conhecimento das vulnerabilidades dos principais setores da economia”. Ele menciona também uma continuidade do Brasil 2040, com foco em avaliar a segurança nacional do ponto de vista da infraestrutura do país em relação aos impactos climáticos. Esse estudo, no entanto, ainda está sendo desenvolvido e será lançado em breve.

Sergio Margulis apresentou as recomendações elaboradas pela câmara temática de adaptação do FBMC, que serão apresentadas diretamente a Michel Temer. As recomendações foram feitas de modo transversal às dez câmaras temáticas do FBMC, e incluem aumentar o conhecimento das vulnerabilidades dos principais setores da economia e estabelecer indicadores e metas para a implementação do PNA. Destaque para a diferença de mobilização e sensibilização dos setores agropecuário e elétrico, onde o primeiro já está mais organizado e com ações de adaptação mais consolidadas, enquanto o segundo ainda precisa enfrentar certas resistências para incorporar mudanças efetivas nas suas estratégias de atuação.

As ações locais como caminho a ser incentivado pelo governo federal também foram salientadas, “acredito que o governo federal deve apoiar cidades e municípios a desenvolverem planos de adaptação”, disse o coordenador da Câmara Temática de Adaptação do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC). Além disso, apontou que o governo deve transversalizar as medidas de adaptação no planejamento setorial e oferecer apoio às instâncias estaduais e municipais, dado que certos setores da economia, assim como governos locais, possuem baixo conhecimento e capacidades sobre medidas de adaptação.

Ao final, os convidados ofereceram perguntas mais relacionadas às suas respectivas áreas de atuação, entre elas, sobre os setores de cimento, infraestrutura e água. Um dos pontos que surgiram foi de que não há uma fórmula ou um mecanismo único para resolver os diversos desafios da mudança do clima, e que, portanto, “as medidas de adaptação têm que ser pensadas caso a caso”, apontou Margulis. Além disso, o debate sobre os custos das ações segue a mesma lógica: depende do problema, das consequências, das ações possíveis e de como ela enfrenta as adaptações impostas pelo clima. Em uma escala global, o coordenador da Câmara Temática de Adaptação concorda que os países ricos são os mais responsáveis pela mudança, calcada nas suas emissões e que, portanto, devem contribuir mais e, além disso, são os que mais tem condições de desenvolver iniciativas no tema.

O próximo webinar será no dia 24 de abril, das 14h às 16h e é aberto ao público. O foco desse próximo webinar será apresentar casos de adaptação em empresas, nos diferentes setores produtivos.

 

Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos