Eixo temático

• Direitos Humanos

• Práticas de Gestão

• Cadeia de Valor

 

Principal objetivo da prática

A C&A instituiu uma empresa de auditoria para avaliar fornecedores e subcontratados para coibir qualquer tipo de mão de obra irregular e buscar a melhoria contínua das condições de trabalho na cadeia produtiva.

 

Motivação

A C&A identificou em 2006 a necessidade de avançar nas práticas já empregadas por ela no Brasil para o desenvolvimento e monitoramento da sua cadeia de fornecimento. A rede implantou, assim, a empresa de auditoria Organização de Serviço para Gestão de Auditoria de Conformidade (Socam) no país, que tem como objetivo vistoriar as condições de trabalho e prevenir qualquer forma de trabalho irregular nos fornecedores e seus subcontratados. A implantação da Socam veio ampliar as diretrizes estabelecidas no Código C&A de Conduta no Fornecimento de Mercadorias, em vigor desde 1996 – o qual contempla padrões de boa conduta comercial e aspectos sociais definidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e cuja aceitação em contrato com os fornecedores é obrigatória.

 

Descrição da prática

A Socam está presente nos vários países onde a C&A atua, com a realização de auditorias em unidades produtivas localizadas na América Latina, Europa e Ásia. No Brasil, as auditorias realizadas por ela também verificam questões relativas à saúde e segurança dos trabalhadores, infraestrutura do imóvel, organização das áreas de produção e questões ambientais. Além de avaliar a adequação à legislação e ao Código C&A de Conduta no Fornecimento de Mercadorias, a Socam conscientiza os fornecedores e os orienta sobre como manter boas condições de trabalho.

Na estrutura da C&A, a Socam atua de forma independente da área comercial, sendo subordinada à vice-presidência de Finanças, sem ligação com a vice-presidência Comercial. No entanto, o diálogo com a área Comercial é constante, pois a troca de informações é fundamental para unir esforços para a melhoria da cadeia e a reestruturação de fornecedores que apresentem irregularidades. A autonomia de decisão da Socam em relação à área de Compras é um aspecto inovador do trabalho. Em situações consideradas inaceitáveis ou quando não houver empenho do fornecedor em buscar as melhorias necessárias em sua cadeia, a Socam tem autonomia para decidir por sua exclusão do cadastro de fornecedores da C&A.

As primeiras inspeções da Socam no Brasil foram realizadas ainda em 2006, ano em que a empresa foi constituída. Na ocasião, também foram definidos os processos e o modelo de operação. Para informar a criação e o funcionamento da Socam, foram reformulados e aperfeiçoados os materiais de comunicação com a cadeia, assim como os instrumentos para exigir maior comprometimento e responsabilidade dos fornecedores com práticas sustentáveis e boas condições de trabalho.

Dessa forma, o Código C&A de Conduta no Fornecimento de Mercadorias foi revisado, com a inserção de cláusulas específicas de combate ao trabalho precário e análogo à escravidão.

Um ponto importante – e também resultado do trabalho desenvolvido pela Socam – é a proatividade que muitos fornecedores têm demonstrado, deslocando profissionais para avaliar as questões pendentes. Nesses casos, a própria equipe da Socam treina os funcionários desses fornecedores para que fiquem responsáveis e aptos a monitorar as oficinas contratadas. Forma-se assim uma rede de monitoramento ampla, apta a inibir de diversas formas o trabalho irregular na cadeia.

A C&A apoiou, ainda, o desenvolvimento do Programa de Qualificação de Fornecedores para o Varejo, lançado em setembro de 2010 pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX). Esse programa tem como objetivo qualificar a cadeia têxtil dos varejistas participantes quanto às boas práticas nas condições de trabalho.

O trabalho em condições análogas à escravidão é classificado nesse programa como uma infração igualmente inaceitável e sem tolerância. O programa conta com a adesão das principais empresas varejistas no segmento têxtil, incluindo-se a C&A, e une empresas concorrentes para a colaboração e cooperação em torno de questões sociais relevantes para todas. A experiência da Socam representou uma contribuição importante para a formatação do programa setorial.

 

Método de trabalho

No momento do cadastro, o fornecedor deve informar à C&A quais são as unidades de produção fornecedoras, próprias ou terceirizadas. Essa lista deve ser mantida sempre atualizada pelo fornecedor. A partir desse cadastro, são realizadas auditorias periódicas nos fornecedores e subcontratados. As inspeções seguem um roteiro (questionário) composto por mais de cem itens.

A auditoria tem início com a atualização dos dados, geralmente feita com o proprietário. Os auditores também conversam com os funcionários para checar as informações coletadas e entender o contexto do trabalho de forma mais direta, sempre com a preocupação de mostrar que o objetivo é melhorar as práticas, e não punir ou coagir.

Ao final da visita, os profissionais da Socam voltam a conversar com o proprietário e dão retorno sobre a avaliação final e os pontos a serem melhorados. As informações são compiladas em relatórios e inseridas em uma plataforma digital de acesso da Socam e do próprio fornecedor. Assim, todos podem acompanhar a evolução do trabalho. Quando a auditoria evidencia que há melhorias necessárias em relação aos itens exigidos pela Socam, um plano de ação é gerado pelo próprio sistema e enviado ao fornecedor. Caso o plano de ação seja de alguma unidade subcontratada pelo fornecedor, é de responsabilidade dele entrar em contato com essa unidade para elaborarem conjuntamente um plano de ação de melhorias. Esse plano é inserido no sistema pelo fornecedor e estabelece prazos para sua implementação.

Entre os itens inaceitáveis estão a existência de trabalhadores em situação análoga à escravidão e a exploração de grupos ou indivíduos vulneráveis – como é o caso dos imigrantes em situação irregular no Brasil. Também é considerada como infração inaceitável o trabalho de menores de 16 anos (salvo em situações previstas no Programa Menor Aprendiz). Nesses casos, não há tolerância e o fornecedor é cortado da base de suprimentos da empresa. Se a empresa apresentar provas da correção da infração encontrada, sua situação será reavaliada e ela poderá voltar a fornecer para a Rede.

Vale destacar, ainda, que a C&A foi a primeira empresa do varejo de moda a tornar-se signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, em 2010. A Rede não apenas assumiu esse compromisso público com a causa, como também mobilizou seus fornecedores, o que resultou na adesão de quarenta de seus parceiros ao Pacto.

 

Parcerias

Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX): Programa cujo objetivo é qualificar a cadeia têxtil dos varejistas participantes quanto às boas práticas nas condições de trabalho. O programa conta com a adesão das principais empresas varejistas no segmento têxtil, incluindo-se a C&A, e une empresas concorrentes para a colaboração e cooperação em torno de questões sociais relevantes para todas. Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo: A C&A também é signatária do Pacto Nacional. O Pacto passa neste momento por um período de reestruturação e a C&A faz parte do grupo de empresas apoiadoras deste processo de transição.

 

Ferramentas de gestão

• Políticas;

• Avaliação dos impactos/riscos;

• Integração;

• Medidas de acompanhamento; e

• Mecanismos de reclamação.

 

Resultados e benefícios

Desde 2006 , foram realizadas mais de 10 mil auditorias em fornecedores e subcontratados da cadeia de fornecimento da C&A, resultando em planos de ação que levaram a melhorias concretas nas condições de trabalho dos fornecedores e seus subcontratados.

 

Contato

Nome: Giuliana Ortega

E-mail: [email protected]

 

Dados da empresa

Nome: C&A

Setor: Varejo de moda

Porte: Grande

Localização: São Paulo (matriz)

Website: www.cea.com.br