Eixo temático
• Cadeia de valor
• Meio ambiente
Principal objetivo da prática
Posicionar a empresa Camargo Corrêa como pioneira de seu segmento na conservação das florestas.
Motivação
Estima-se que quase dois terços da madeira produzida na Amazônia tem origem ilegal. A construção civil é o setor que mais consome esse insumo. Com o intuito de gerenciar riscos ambientais (madeira oriunda de áreas florestais degradadas ou de desmatamento ilegal), sociais (desrespeito à legislação trabalhista, corrupção ou conflitos pelo direito de posse dos recursos florestais) e para a reputação da empresa, iniciou-se um projeto para aquisição de madeira de projetos de manejo florestal sustentável para a obra de Jirau.Para toda a madeira adquirida pela construtora, sempre se exigiu dos fornecedores a apresentação do DOF (Documento de Origem Florestal) e/ou da GF (Guia Florestal), o que garante a legalidade perante a legislação. Porém, sabia-se que esse processo já não era suficiente para garantir a origem da madeira. Era preciso ir além para prevenir que madeira de origem desconhecida e potencialmente predatória fosse introduzida em algum ponto da cadeia de abastecimento. Então, analisaram-se profundamente as práticas e a capacidade organizacional do fornecedor escolhido, identificaram-se suas fontes de abastecimento e, por meio de cláusulas específicas, este comprometeu-se juridicamente. Era preciso não só exigir que o fornecedor estivesse adequado aos padrões Camargo Corrêa, mas também orientá-lo quanto a melhorias necessárias. Isso se dá com a inclusão do fornecedor no programa Parcerias para a Sustentabilidade, da Camargo Corrêa.
Descrição da prática
O primeiro passo foi o mapeamento dos principais fornecedores em localização estratégica. Depois, conferiu-se a documentação legal desses fornecedores e foi enviado a eles um questionário estratégico de avaliação de critérios legais, ambientais e de responsabilidade social, excluindo-se, então, aqueles considerados inaptos ou que não puderam ou não quiseram apresentar resposta. Em seguida, foi feita a análise da proposta comercial dos fornecedores aptos a participar da concorrência. E, por fim, fez-se a seleção do fornecedor pré-qualificado que apresentou preços mais competitivos para visita de campo, que incluiu escritório, serraria e floresta. O objetivo foi comprovar que o fornecedor possui total controle de sua cadeia de abastecimento e fornece apenas madeira originária de projetos de manejo florestal de baixo impacto, coibindo o consumo de madeira de fontes desconhecidas. O fornecedor selecionado nos reporta a cada novo plano de manejo, e está sendo acompanhado periodicamente quanto aos critérios legais de sua atividade.
Os principais desafios estão relacionados à solicitação aos fornecedores da documentação legal exigida: Auto de Licença de Funcionamento; Licença de Operação; Cadastro Técnico Florestal, DOF e/ou GF; regularidade junto à Receita Federal e junta Comercial; INSS; Justiça do Trabalho; Direito Legal sobre a área florestal explorada; origem geográfica da madeira; processos internos de rastreamento e detalhes de operação; contratos e registros de funcionários, uso de EPIs, treinamentos, participação em projetos sociais na comunidade em que atua e cultura empresarial. Alguns fornecedores demonstraram sequer saber do que se tratavam alguns desses documentos, outros ficaram surpresos ao serem abordados de forma tão abrangente, alegando que não é prática comum do mercado consumidor de madeira. Outro desafio foi a adequação de preços de um fornecedor social e ambientalmente comprometido, se comparado a fornecedores que não o fazem.
Hoje, a prática está implementada na obra de Jirau por meio de um contrato experimental de fornecimento, com vigência de doze meses com preços fixos, podendo ser renovado mediante vontade das partes.
Parcerias
Além do envolvimento das pessoas de Suprimentos Corporativo e Sustentabilidade da Camargo Corrêa e do apoio do departamento de suprimentos da obra, a consultoria da empresa Garlipp Assessoria Florestal esteve presente em todo o projeto, principalmente na avaliação de campo, quando da validação dos processos operacionais do fornecedor.
Resultados e benefícios
A quebra do paradigma de que madeira bem manejada sempre custa mais caro. No projeto de Jirau, o potencial de compra é de 15 mil metros quadrados de madeira serrada em 2010, com saving de 3,5% durante o primeiro ano de vigência do contrato, equivalente a R$ 447.112. Estimou-se um potencial de consumo para a construtora em torno de 35 mil metros cúbicos para os anos de 2011 e 2012. A pratica possibilitou o desdobramento de um projeto semelhante ao de Jirau, mas com um escopo maior em áreas estratégicas para a construtora: Pará, Maranhão e Rondônia. Esse novo projeto está sendo conduzido em parceira com o TFT (The Forest Trust), instituição reconhecida mundialmente na área de conservação de florestas para desenvolvimento e monitoramento de fornecedores sustentáveis.
Também se observou que a busca por madeira proveniente de florestas bem manejadas propiciou a introdução e o uso de espécies alternativas de madeira em nossas atividades. Antes, madeiras como o cambará e o cedrinho eram utilizadas em massa, e hoje a gama é de mais de quarenta tipos de madeira, entre elas o angelim-saia, sucupira, faveira, roxinho, angelim- amargoso, cedrorana, amarelão e tauari-vermelho. A utilização constante e intensiva de apenas algumas espécies coloca em risco a preservação das florestas, as quais, se forem bem manejadas, podem oferecer inúmeras espécies que se adequam perfeitamente ao uso da construção civil.
Contato
Nome: Fábio Lavezo
E-mail: [email protected]
Dados da empresa
Nome: Construções e Comercio Camargo Correa S/A
Setor: Construção
Porte: Grande
Localização: Estado de São Paulo
Website: www.camargocorrea.com.br