Eixo temático

• Direitos Humanos

• Relacionamento com as partes interessadas

• Cadeia de valor

 

Principal objetivo da prática

Defender os direitos da criança e do adolescente, no enfrentamento da exploração sexual.

 

Motivação

Desde 2007, o Brasil atravessa um momento de elevado crescimento econômico fomentado por ações organizadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que estimula elevados investimentos em infraestrutura social e urbana. Só nos seis primeiros meses de 2011 foram investidos R$ 86,4 bilhões, divididos nos seguintes eixos/programas: Transportes; Energia; Cidade Melhor; Comunidade Cidadã; Minha Casa, Minha Vida; e Água e Luz para Todos. O Programa contribui para a aceleração do crescimento do PIB, gera empregos e melhora a infraestrutura do país, mas as mudanças na dinâmica dos municípios causadas pelas obras, principalmente as de infraestrutura, têm gerado um aumento nos casos de violação de direitos de crianças e adolescentes, como aqueles relacionados à violência sexual. O que se percebe é que as redes de atendimento socioassistenciais geralmente não estão preparadas essas mudanças. Levantamentos realizados em grandes obras de infraestrutura assinalam um alto risco de situações de exploração sexual de crianças e adolescentes envolvendo trabalhadores das empresas vinculadas às obras. O grau de naturalização desse fenômeno evidencia que é preciso criar estratégias de sensibilização e conscientização desses profissionais, para que haja uma mudança de atitude e o consequente fortalecimento do conceito de proteção integral de toda criança e adolescente como um dever de qualquer indivíduo.

A Camargo Corrêa foi a primeira empresa do ramo da construção civil a se interessar pelo tema da exploração sexual de crianças e adolescentes. Apoiou uma pesquisa para entender o perfil do trabalhador de grandes obras e como ele se relaciona com o fenômeno. Com o resultado da pesquisa, a empresa foi pioneira na implantação de um programa de sensibilização e capacitação do público interno, levando em consideração os momentos de diálogo já existentes na obra e respeitando também a particularidade de cada empreendimento. Ao buscar mitigar o impacto da obra nas comunidades em que está inserida, conscientizando seus profissionais sobre o que é a exploração de crianças e adolescentes e a importância deles como agentes protetores dos direitos delas, a empresa trabalha, não apenas evitando a violência sexual no entorno das obras, mas fazendo com que cada trabalhador leve esse tema para seu convívio pessoal, influenciando, além disso, as pessoas da sua comunidade. A Construtora Camargo Corrêa passou deixar clara a sua posição de não admitir que um funcionário da empresa pratique essa violação, cabendo, neste caso, a demissão por justa causa.

 

Descrição da prática

O Grandes Obras Pela Infância (PGOI) é um programa voltado ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA). A Camargo Corrêa, em parceria com a Childhood Brasil, desenvolveu a primeira linha de atuação do Programa, focada na conscientização e no engajamento de seu público interno. Este compreende não só seus próprios profissionais, como também os de empresas subcontratadas, terceirizadas e fornecedores. São realizadas ações de sensibilização e campanhas informativas nos diversos canais de comunicação e nas rotinas de trabalho das obras, além da formação de gestores e multiplicadores, responsáveis por disseminar a gravidade da violação de direito que é a exploração sexual infantil e por convocar trabalhadores para colaborar na proteção e garantia desses direitos.

Os principais desafios relacionados à implementação da prática foram:

• Resistência no entendimento de que o projeto de enfrentamento da ESCA faz parte do escopo de ações de responsabilidade social da empresa (impacto do negócio em toda a cadeia de valores) e não é um projeto de investimento social ou de voluntariado;

• Dificuldade de superiores para a saída dos encarregados de suas frentes de serviço, para capacitá-los como multiplicadores do tema. Esse envolvimento só foi possível depois da alta direção da obra ter sido sensibilizada (observou-se que esse deve ser o primeiro passo em cada empreendimento);

• Necessidade de usar os espaços de comunicação já existentes na obra para falar sobre o tema, evitando atrapalhar a produtividade, sendo muito difícil criar novos momentos durante o expediente para os trabalhos de sensibilização e capacitação;

• Tema difícil de ser abordado. Nem todo profissional pode ser multiplicador, pois muitos não se sentem à vontade para falar sobre o assunto. O processo de sensibilização/capacitação precisa ter uma mensagem clara e de fácil entendimento, fugindo da ideia acusatória, denuncista ou criminalista e buscando uma mensagem de viés positivo, que reforce aspectos de prevenção e respeito;

• Apesar da construtora declarar não admitir que um funcionário seu pratique a exploração sexual, o crime acontece fora “dos muros” da empresa, ficando difícil, por parte da companhia, exercer o controle e as penas cabíveis;

• Deve fazer parte do enfrentamento da exploração sexual infantil no entorno de grandes obras a medição de indicadores que apontem o grau de vulnerabilidade da obra para situações de ESCA, com a análise do contexto geral do empreendimento. Em 2011, foi estabelecida uma rotina de acompanhamento, e, em 2012, os indicadores de processo e resultado foram aprimorados, de modo a qualificar o apoio dado às obras.

 

Parcerias

Childhood Brasil.

 

Investimento

• Equipamentos próprios das obras, como projetor e computador (para apresentação de slides e filmes para sensibilização dos profissionais);

• Consultoria para implantar o Programa;

• Criação de identidade visual; e

• Envolvimento da equipe de Responsabilidade Social de cada obra e do corporativo.

 

Resultados e benefícios

Melhoria da imagem da empresa perante as comunidades, os principais clientes e o governo. Com isso, a Camargo Corrêa pode participar de mais licitações e ganhar mais obras.

Impacto positivo nas pessoas, uma vez que a prática sensibiliza/capacita os profissionais quanto ao tema da exploração sexual da criança e do adolescente, tornando-os agentes protetores da infância. Com isso, diminui a incidência do fenômeno nas comunidades do entorno das obras e mesmo nas regiões de origem dos trabalhadores.

Possibilidade de replicar a prática em outras áreas, unidades e empresas do Grupo Camargo Corrêa. Onze obras implantaram o Programa, e no caso das outras empresas, nos quatro cantos do Brasil, em diversos setores da economia, a Camargo Corrêa realiza grandes obras de infraestrutura – na administração de rodovias, na produção de cimento e aço, na fabricação de calçados, nas casas populares e nos edifícios corporativos. O Programa pode ser replicado em todos esses âmbitos.

 

Contato

Nome: Fábio Lavezo

E-mail: [email protected]

 

Dados da empresa

Nome: Construções e Comercio Camargo Correa S/A

Setor: Construção

Porte: Grande

Localização: Estado de São Paulo

Website: www.camargocorrea.com.br