Eixo temático
• Direitos Humanos
• Meio Ambiente
• Comunidade e Sociedade
• Governo e Mercado
Principal objetivo da prática
Confiável, segura, limpa e eficiente, a tecnologia Villa Smart é capaz de levar energia a comunidades remotas e sem acesso formal à rede elétrica. Entre os objetivos do projeto, constam:
• Reduzir em 30% o consumo de combustíveis fósseis utilizados para a geração de energia;
• Reduzir o custo de energia por hora, de forma a aumentar a disponibilidade de energia em pelo menos duas vezes;
• Reduzir o índice de emissões de CO2;
• Capacitar ao menos dois profissionais em gestão de eletricidade em cada comunidade.
Motivação
Iniciativas como o Villa Smart estão estreitamente relacionados não apenas ao negócio da Schneider Electric, que é especialista global em gestão de energia, mas também à missão da empresa, que busca fazer mais utilizando menos dos recursos do planeta. Assim, essa tecnologia surge como mais um produto do segmento de ofertas da Schneider Electric, porém voltada a um público específico, entendido como base da pirâmide social. No entanto, a motivação para seu desenvolvimento não está somente relacionada a esses fatores. Existem outros, a saber:
• Alternativas para a geração de energia a partir de fontes renováveis em condições de isolamento sempre enfrentaram dificuldades quanto à falta de qualificação da mão de obra, implicando o “sucateamento” do investimento pelo mau uso e conservação, ampliações e ajustes irregulares. Esse quadro também motivou a Schneider Electric a investir no projeto piloto que resultou no produto, visto que houve envolvimento e capacitação da população para o manuseio da nova tecnologia;
• O modelo de fornecimento de energia determinado pelos órgãos reguladores no Brasil inviabiliza o acesso de comunidades pequenas e situadas em áreas remotas, como é o caso das cerca de 4 mil localizadas apenas no Estado do Amazonas. Esse modelo também não considera todo o potencial de geração de energia através de alternativas renováveis presentes no país;
• As soluções desenvolvidas anteriormente para a geração de energia nessas localidades primavam pelo rigor técnico em detrimento do custo, que era elevado.
Descrição da prática
A tecnologia Villa Smart, que significa Comunidade Inteligente, utiliza placas solares e armazenamento da energia em baterias. Ou seja, faz uso de energias renováveis em substituição a geradores a diesel, que acabam reduzidos a backups para longos períodos de chuva. Em caráter experimental, foi implantada em duas comunidades ribeirinhas do Amazonas que sofriam com a falta de energia: Tumbira e Santa Helena do Inglês.
Tumbira oferece escola, posto de saúde e o potencial de desenvolver o turismo de base comunitária, complementando a marcenaria e o manejo sustentável da madeira, principais atividades econômicas da comunidade. Já Santa Helena do Inglês, como a maioria das cerca de 4 mil comunidades do Estado, vive da pesca e depende da disponibilidade de energia para a expansão sustentável da atividade.
Por cerca de dez anos, os moradores dessas comunidades tiveram apenas 11 horas de energia por dia para serviços essenciais – como postos de saúde, escolas e comércio local – e 4 horas para as residências, fornecidas por um gerador movido a diesel. O equipamento consumia, em média, 1.200 litros de combustível e jogava 2 toneladas de dióxido de carbono (CO2) no ar.
Nesse contexto, acabavam comprometidos os serviços essenciais que dependem da eletricidade, como o bombeamento de água potável, educação, saúde, assim como atividades econômicas alternativas ao extrativismo. Além disso, as instalações elétricas das comunidades eram extremamente precárias e inseguras.
Diante dessa realidade, a Schneider Electric, com o apoio de outras organizações do terceiro setor, governo e iniciativa privada, propôs um projeto de gestão simples e de menor custo do que o modelo anteriormente utilizado para a geração de energia.
• A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) ofereceu suporte para o mapeamento e contato com as comunidades-alvo;
• A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), o Centro Estadual de Unidade de Conservação (Ceuc), o Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima) e o Instituto de Pesquisa Ambienta da Amazônia (Ipam) ofereceram suporte para estudo da viabilidade do projeto na região e adequação;
• O Senai atua com capacitação da população local;
• O Conin, a Multi-Contact e a Eletrobras Amazonas Energia prestaram suporte para a parte técnica e o processo de instalação dos equipamentos, ao lado da Schneider Electric.
Parceria
Para o desenvolvimento do projeto, a Schneider Electric liderou uma parceria público-privada com autarquias estaduais, instituições de ensino, terceiro setor e outras empresas interessadas em investir em soluções renováveis de energia para as populações que vivem na floresta.
Investimento
O modelo de parceria estabelecido entre os vários agentes envolvidos no projeto faz com que o produto chegue ao consumidor final por um custo menor, gerando lucratividade e oportunidade em diversos segmentos. A instalação realizada por mão de obra local, por exemplo, tem o potencial de geração de renda a partir da implantação do Villa Smart. Portanto, a geração de valor é compartilhada por diversos atores, configurando um modelo novo de negócio.
O investimento é compensado não apenas no contexto do modelo de parceria, mas também no retorno obtido com a tecnologia, que foi capaz de reduzir o custo mensal da energia por família de R$ 104,40 para R$ 55,68.
Ferramentas de gestão
• As etapas de pesquisa, planejamento, desenvolvimento e implantação da prática relatada duraram aproximadamente um ano. Em um ano de observação do projeto, foi possível dar encaminhamento a todas as questões que impactam no modelo de negócio, como:
• Desenvolvimento de tecnologias para o monitoramento do consumo pela internet, de forma que a concessionária de energia possa operar e intervir no fornecimento mesmo que a comunidade esteja isolada na floresta;
• Acompanhamento do consumo de combustível e do aumento da demanda de energia para determinar quais versões do produto poderiam ser comercializadas;
• Determinação do preço ideal da solução, formas de financiamento direto (microcrédito) e utilização de recursos públicos existentes;
• Desenvolvimento de parcerias para fabricação local do produto, canal de venda, distribuição e manutenção;
• Revisão das políticas públicas para o acesso à energia por meio da instituição do Conselho Estadual de Energia do Amazonas, conforme decreto do govenador Omaz Aziz, firmado em novembro de 2012.
Atualmente, o monitoramento do sistema continua a ser feito pela Schneider Electric e o objetivo é replicar a tecnologia nas demais comunidades ribeirinhas amazonenses, em parceria com concessionárias de energia da região e o poder público.
Resultados e benefícios
Antes do projeto Villa Smart:
• 11 horas de energia disponíveis;
• Custo mensal familiar médio de R$ 104,40;
• Emissões de CO2: 2 toneladas;
• Instalações elétricas precárias;
• Consumo elevado de combustíveis fósseis (média mensal de 1.200 litros de diesel);
• Falta de qualificação local para serviços em eletricidade;
• Atividade econômica limitada.
RApós o projeto:
• 24 horas de energia disponíveis;
• Custo mensal familiar médio de R$ 55,68;
• Emissões de CO2: 1 tonelada;
• Envolvimento da comunidade para reforma das instalações elétricas;
• Redução de 50% no consumo médio de diesel por mês;
• Formação técnica expandida para 19 comunidades;
• Desenvolvimento de atividades econômicas;
• Sem impactos ambientais, visto que a instalação da tecnologia não exige desmatamento.
O Villa Smart, além disso, é capaz de fomentar a discussão de políticas públicas que contribuam para a universalização do acesso à energia no Brasil, a exemplo do Programa Luz para Todos, do governo federal.
Contato
Nome: Karine Rio Philippi
E-mail: [email protected]
Dados da empresa
Nome: Schneider Electric do Brasil Ltda.
Setor: Sustentabilidade em produtos e serviços
Porte: Grande
Localização: São Paulo (SP)
Website: www.schneider-electric.com.br