A capacidade de transformação de conhecimento em melhor qualidade de vida e em negócios ainda é pequena no Brasil, e isso afeta significativamente o desenvolvimento do setor produtivo. Boa parte da competitividade brasileira ainda está baseada na produção de bens que fazem uso intensivo de recursos naturais, seja na forma de energia e de insumos, seja no seu transporte e descarte. E o cálculo dos impactos negativos sobre o meio ambiente e na sociedade ainda não é considerado na nossa cadeia produtiva.
O cenário é de baixo investimento no setor de ciência e tecnologia (equivalente a 1,1% do PIB em 2008), de carência em termos de qualificação dos recursos humanos e de baixa produção tecnológica (o número de patentes apresentadas no Brasil em 2008 foi de apenas 0,3/milhão de habitantes). E a inovação é peça-chave para ampliar nossa capacidade competitiva. É necessário conscientizar-se de que inovar ultrapassa a questão da transformação industrial e do desenvolvimento de novas tecnologias, referindo-se também à criação de soluções para o aperfeiçoamento dos modelos atuais de produção. O foco principal do apoio à inovação deve ir além do retorno econômico e passar a mirar também os ganhos sociais e ambientais.
O direcionamento à inovação pede a constituição de governança e de novas relações nas cadeias de produção, de forma que a cooperação entre governo, instituições de pesquisa e ensino, empresas e empreendedores vislumbre o favorecimento do conjunto.
Atualmente, o apoio governamental à inovação se dá principalmente por meio de mecanismos de renúncia fiscal (Lei do Bem), financiamento reembolsável (BNDES, Finep) e financiamento não reembolsável. Observando casos internacionais, esse modelo de apoio tem sido a melhor forma de promover o crescimento econômico sustentável em longo prazo por meio da inovação, mas ainda é limitado no Brasil. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a gestão empresarial orientada para a inovação tem oferecido grande contribuição e os financiamentos de atividades de pesquisa e desenvolvimento são, em sua maior parte, realizados por empresas (64,5% em 2008).
Uma mudança nesse sentido acarretará a concepção de um ciclo orgânico de busca contínua por sistemas sustentáveis de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Assim, podem e devem ser pensadas políticas públicas mais eficientes de estímulo a investimentos em pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias, processos e relações mercantis e de produção que tragam novos caminhos em ciência e tecnologia, modelos de negócio, formatos de financiamento e empreendedorismo.