O InPacto é desdobramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, aprofundando as estratégias de engajamento das empresas.
Com o objetivo de intensificar a promoção de condições dignas para a mão de obra nas cadeias de produção, o Instituto Ethos e parceiros lançaram oficialmente, no dia 22 de maio, o Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPacto), durante o seminário “Balanço da Copa 2014: Como Está Esse Jogo?”.
“A Copa do Mundo traz um momento histórico e oportuno para o InPacto, apresentando o grande desafio de levar empresas a aderir ao compromisso e, dessa forma, contribuir com a erradicação do trabalho escravo. Vamos acompanhar o mercado em relação à garantia de direitos humanos”, afirmou Caio Magri, diretor executivo do Ethos e presidente do InPacto.
Para Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil, o país vive um momento singular, com grandes eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada. “Temos um cenário econômico positivo em relação a outros países. Por outro lado, grandes eventos resultam no aumento do trabalho escravo, já que muitas empresas querem simplesmente poupar e são pressionadas pelo tempo de entrega”, explicou.
Vários setores são impactados com a Copa do Mundo e estão sujeitos a práticas ilegais. “Até mesmo o simples fato de aumentar o churrasco durante a Copa do Mundo reflete em aumento do trabalho escravo. No ano passado, resgatamos 143 trabalhadores explorados em carvoarias”, exemplificou Sakamoto.
Na sequência, Laís Abramo, diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, explicou que grandes eventos envolvem riscos, como o aumento do trabalho infantil, do trabalho escravo e de acidentes de trabalho, mas também oportunidades, como a geração de empregos e a qualificação profissional. “A OIT vem trabalhando com uma agenda preventiva, objetivando identificar e diminuir os riscos, e propositiva, para aumentar as potencialidades. O país precisa aprender com a experiência”, afirmou.
Houtan Homayounpour, oficial sênior de Programa e Operações da OIT, em Genebra, apresentou relatório sobre o trabalho escravo no mundo: cerca de 21 milhões de pessoas são vítimas de trabalho forçado. Do total, 11,4 milhões são mulheres e meninas e 9,5 milhões, homens e meninos. O fato resulta em US$ 150 bilhões em lucros ilegais por ano. “Os dados mostram que os lucros com trabalho escravo no mundo são grandes em todas as regiões, gerando perdas para as vítimas, suas famílias, países de origem e nos quais trabalham, bem como uma concorrência desleal no mercado”, avaliou. O relatório completo está disponível no http://www.ilo.org/forcedlabour.
Caio Magri apresentou o conceito do InPacto, que é um desdobramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. “Hoje, o Pacto Nacional conta com 380 empresas signatárias, que têm poder político e econômico para contribuir significativamente com a causa. É uma iniciativa reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu papel. O InPacto é resultado do aprofundamento de suas estratégias de engajamento empresarial no combate ao trabalho escravo”, explicou.
O InPacto vai monitorar o cumprimento dos compromissos, sensibilizar e mobilizar empresas, subsidiar a iniciativa privada, a sociedade civil e o poder público com instrumentos e informações, apoiar a reintegração social e produtiva de trabalhadores egressos do trabalho escravo e influenciar políticas públicas. “Vamos defender a lista suja como informação estratégica para a erradicação do trabalho escravo”, afirmou Magri.
O Walmart, que tem papel de vice-presidência no InPacto, é uma das empresas que não só têm boas práticas, mas atuam fortemente no debate. “O novo instituto traz a possibilidade de a iniciativa privada ser mais atuante em diálogos e troca de informações com diversos setores. Muitas empresas já avançaram no tema, mas precisamos engajar novas”, avalia Tatiana Trevisan, gerente de Sustentabilidade do Walmart.
Produzido pela CDN para o Instituto Ethos