Encontro aconteceu em Gamboa, Rio de Janeiro. O documento conta com 92 propostas de combate à fome no Brasil
Na última quinta-feira (23/06), o Instituto Ethos se reuniu com outras 26 organizações em uma campanha que tem o objetivo de combater a insegurança alimentar no país. Chamada de “Agenda Betinho” em referência ao sociólogo que coordenou a campanha de combate à fome em 1993, a iniciativa encaminha 92 propostas para erradicar a fome no país.
A Carta Final do Encontro Nacional contra a Fome, publicado pelo Instituto Fome-Zero, traça um panorama do cenário atual e das causas que levaram o Brasil a chegar neste crítico estágio: de acordo com a pesquisa realizada com os dados do 2º Inquérito Nacional de Segurança e Insegurança Alimentar, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN), 33,1 milhões de brasileiros passam fome (cerca de 15% da população brasileira), número inadmissível para um país conhecido como potência agrícola e por ter saído do mapa da fome das Nações Unidas em 2014.
Sob o mote “se você não passa fome, seja parte da solução”, o encontro também dialogou sobre a importância da participação popular na formulação, implementação e controle social de políticas e programas públicos. A Carta Final ainda apresenta 10 medidas prioritárias para vencer a fome, entre elas:
- Retomada da valorização do salário-mínimo, iniciando-se com um abono emergencial em janeiro de 2023 que reponha o seu poder aquisitivo corroído pela inflação dos alimentos nos últimos anos e revisão da Reforma Trabalhista, com a reposição dos direitos subtraídos dos(as) trabalhadores(as).
- Substituição do programa de transferência de renda em vigor, retomando as referências de sucesso abandonadas e o fortalecimento do Sistema Nacional de Assistência Social e gerenciamento do CADÚNICO, de forma a incluir a população em condição de extrema pobreza e pobreza, com atualização periódica do valor real do repasse.
- Revogação do Teto de Gastos, o fim do Orçamento Secreto e a adoção de um modelo de desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável que gere milhões de empregos e ocupações de qualidade.
O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, destacou no encontro outras iniciativas da esfera privada, como o projeto “Um milhão de cisternas”, iniciativa que reuniu a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Articulação do Semiárido. Magri reforçou a experiência do início dos anos 2000, em que diferentes frentes se reuniram para “construir diálogos impensáveis” entorno de pautas como a fome e pobreza.
É fundamental a mobilização de esforços para erradicar a fome até 2030, conforme a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 da ONU (Fome Zero). “Quem tem fome, tem pressa”, dizia Betinho, e ele estava certo. Bem como estava certo quando disse: “Agora é com a gente!”
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