O crime aconteceu na franquia do shopping Pátio Higienópolis
Na sexta-feira, dia 22 de julho, foram publicadas reportagens a respeito de mais episódio de racismo ocorrido em uma varejista, dentro de um shopping da cidade de São Paulo. O caso de um grupo três de adolescentes negros, que caminhava em uma loja da FastShop, dentro do shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, deve ser investigado por se tratar de um crime racial.
Segundo um estudo da Locomotiva, de 2021, 69% das pessoas negras já foram seguidas por seguranças em lojas no Brasil. O estudo aponta também que o preconceito racial é mais frequente no varejo, uma vez que 61% dos brasileiros presenciaram, pelo menos, uma pessoa negra sendo humilhada e discriminada devido à sua cor de pele em lojas de shoppings, restaurantes e supermercados.
Historicamente, a população negra é alvo de uma estrutura perversa que condena seus corpos, impedindo-os de acessar espaços majoritariamente ocupados por pessoas brancas, isso quando não são mortos a bala ou pela fome. Para além, os impactos do racismo estrutural, sistêmico e institucional são tão nocivos à saúde física e mental das crianças e adolescentes negras, que crescem cercados por violências e com a predestinação de não ter um futuro promissor apenas por serem quem são. Desta forma, é inadmissível que notícias como a do caso ocorrido na FastShop continuem ecoando nos jornais e famílias negras continuem sendo violentadas, principalmente pela ausência de justiça. O racismo é crime no Brasil e já passou da hora de termos essa lei aplicada em sua totalidade.
O caso de racismo ocorrido na franquia da FastShop deve ser investigado de forma transparente e imparcial, com reparação de toda a violação de direitos acometidas aos adolescentes e suas famílias. As empresas são importantes agentes e podem e devem exercer a sua responsabilidade na promoção de uma sociedade mais justa, equitativa, respeitosa e íntegra. Principalmente, se responsabilizando por todo e qualquer ato de violação de direitos. Notas de repúdio não são suficientes para reverter o cenário. Deve haver mudança de postura e comprometimento público e formal com a promoção da equidade racial, incluindo esse tema em suas políticas e práticas. Devem ser realizados treinamentos sobre as questões raciais e como combater o racismo no cotidiano para funcionários e prestadores de serviços terceirizados.
As empresas só vão conseguir atuar de forma a prevenir e mitigar violações, quando introduzirem a pauta dos direitos humanos de forma estratégica nas tomadas de decisões e diálogos com parceiros de negócio. Pensando nisso, o Instituto Ethos Responsabilidade Social se propõe a dialogar com a equipe da FastShop e oferece uma imersão na agenda de direitos humanos, de maneira a transformar a cultura da empresa e seu cotidiano de trabalho para que casos como esse não ocorram mais.
Foto: Fernando Mazza Canteras