Organização também cobra ação de varejistas que comercializam produtos de empresas envolvidas em denúncias de trabalho análogo à escravidão
02/03/2023
O Instituto Ethos repudia veementemente a afirmação feita pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (RS), de que a falta de mão de obra qualificada no setor vitivinícola está relacionada ao trabalho escravo e à dependência do sistema assistencialista. Tal posicionamento é inaceitável, pois tenta justificar a exploração e a violação dos direitos humanos dos trabalhadores que estavam em situação de trabalho análoga à escravidão.
O trabalho escravo é uma prática desumana e criminosa, e deve ser combatido de forma veemente, em todas as suas formas e em todos os setores econômicos. Além disso, é inadmissível que se atribua a falta de mão de obra qualificada e ao sistema assistencialista, que tem como objetivo amparar e garantir a dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Cobramos que os varejistas tomem ações concretas e sejam mais rigorosos em relação aos produtos que comercializam, adotando critérios éticos e sustentáveis. A venda de produtos oriundos do trabalho análogo à escravidão é uma prática inaceitável e contribui para a perpetuação de um sistema de exploração e injustiça social que há muito tempo deveria ter sido abolido. Também chamamos atenção para que as empresas envolvidas no caso de Bento Gonçalves assumam a responsabilidade pelo ocorrido e tomem medidas concretas para garantir que suas cadeias produtivas sejam livres de trabalho escravo e de outras formas de violação dos direitos humanos.
O Instituto Ethos reafirma seu compromisso com a promoção de um mercado justo e sustentável, em que as empresas assumam sua responsabilidade social e respeitem os direitos humanos em todas as suas operações. O Instituto InPACTO, uma iniciativa da qual o Instituto Ethos foi um dos fundadores, é um exemplo de organização que atua na promoção desses mesmos valores. Por meio de ações concretas de conscientização, formação e capacitação de profissionais, o InPACTO tem contribuído significativamente para a erradicação do trabalho escravo no país e para o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade social empresarial. O compromisso do Instituto Ethos com essas questões é constante, e é um dos pilares de sua atuação em prol de um mercado mais justo e sustentável.
Convidamos as empresas a firmarem ações concretas contra o trabalho escravo, desde fiscalização rigorosa das suas cadeias produtivas, a pactos e rodas de diálogo com os seus fornecedores para garantir o respeito aos direitos humanos. As empresas têm a responsabilidade de monitorar e avaliar constantemente as suas práticas e a de seus fornecedores, visando identificar e prevenir a ocorrência de trabalho escravo e outras violações. Também é importante que as empresas adotem critérios éticos e sustentáveis na escolha dos seus fornecedores, privilegiando aqueles que possuem um histórico de responsabilidade social e ambiental, e que promovam o desenvolvimento sustentável e a inclusão social em suas cadeias produtivas. Somente com ações concretas e comprometidas com a promoção da justiça social e da dignidade humana poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas as pessoas.
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