Instituto Ethos, em conjunto com a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz e organizações parceiras, assina o manifesto por Moise Mugenyi Kabagambe.
#JustiçaPorMoise
O reconhecimento do Direito à Vida, fundamental na Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi violado no Brasil de forma assustadora com a tortura e brutal assassinato do congolês Moise Mugenyo.
Mediante isso, a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz não poderia se calar. Nos solidarizamos com a sua família e nos unimos à luta do Movimento dos Imigrantes e do Movimento Negro contra essa violação máxima dos Direitos Humanos.
Infelizmente, Moise é apenas mais um na longuíssima lista de jovens negros exterminados diariamente em nosso país. Nosso povo historicamente marcado pela dor, ainda sofre profundamente com o racismo que não ficou no passado, mas continua a ser reforçado a cada dia, revelando-se como estrutural. O racismo tem roubado sistematicamente a vida da população negra, destruindo a sua humanidade e com isso, arruinado o nosso desenvolvimento como sociedade.
A violência cometida contra Moise fere as relações entre países, porque expressa a realidade de uma cultura de desafeto e desrespeito contra os migrantes, principalmente contra as pessoas negras provenientes do continente africano. O país que se propôs a acolhê-lo como irmão, o colocou em meio a milícias e tirou sua vida sem hesitar. Cada golpe dado em Moise é um golpe na nossa dignidade, é um golpe na nossa humanidade.
Não podemos aceitar essa situação.
Não podemos nos calar frente a essa estrutura racista e xenófoba.
Não podemos nos calar frente a atos sub-humanos como esses, que ceifaram a vida do filho, do pai, do irmão, do amigo, do trabalhador cheio de sonhos e projetos. Nossas estruturas, nossas instituições e nossas vidas precisam passar por um exame profundo e precisamos nos comprometer de coração e alma a eliminar o racismo e a violência deste país. A responsabilidade pela segurança é do Estado e, por ser um Direito Humano, é extensivo a todos, independentemente de cor, etnia, religião, gênero ou nacionalidade.
Repetindo e reforçando, nenhuma vida pode ser descartada, violentada ou humilhada e estamos perplexos ao ver o tamanho da vileza e o ódio manifestos nessa violência contra Moise.
Clamamos às autoridades que respondam a essa barbaridade com plena justiça e ao povo brasileiro que adotemos outro modo de nos relacionarmos com o estrangeiro e principalmente com a população negra.
Chega de violência!
Chega de racismo!
Que a força de vida que habitava em Moise Mugenyio faça vibrar todos os corações deste país.
Frente Inter-Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz
Subscrevem essa nota junto com a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz:
- ADH – Assessoria Episcopal de Direitos Humanos da Igreja Metodista. (Assessor: Reverendo Oswaldo de Oliveira Junior)
- AMEINU Brasil
- Àṣẹ Ògún Anaeji Ìgbélè Ní Oman – Àṣẹ Oloroke Pantanal
- Beit Midrash Massoret
- Comissão Justiça e Paz de São Paulo
- Comunidade Bahá’í do Brasil
- Fórum Inter-religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo.
- Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
- Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo
- Ilé Àṣẹ Ẹ̀fọ̀n Oloroke Omi Ọba Inà
- Ilé Àxẹ Ọmọ Nanā
- Ile Axé Ọmọlú àti Òxún
- Igreja Betesda de SP
- Instituto Coexistência
- Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
- Judias e judeus pela democracia-SP
- Me dê sua Mão- mulheres judias progressistas
- Observatório Judaico de Direitos Humanos do Brasil
- Pastoral Fé e Política do Regional Sul 1 da CNBB
- Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo
- Serviço Inter-franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (SINFRAJUPE)