ONU debate como enfrentar esses acidentes

Os acidentes como o das barragens de rejeitos de minério em Mariana e Brumadinho, da Vale, que provocaram a morte de centenas de pessoas e um grave prejuízo ambiental, podem ser provocados também por alterações nas mudanças climáticas, se não houver a revisão dos parâmetros utilizados no licenciamento dessas áreas, com maior margem de segurança. O alerta é do ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) e conselheiro do Conama.

Segundo Bocuhy, a própria Organização das Nações Unidas (ONU), em recente relatório sobre as mudanças climáticas, com base em dados da Organização Mundial de Meteorologia, mostra que, no ano passado, os prejuízos causados por eventos decorrentes de alterações no clima em todo o mundo superaram US$ 1 bilhão. “Tenho chamado atenção de que há um componente novo que precisa ser levado em conta, a imprevisibilidade em relação à pluviometria, à quantidade de chuvas. A séria histórica que se utiliza até agora não é mais elemento técnico para prever eventos e proteger encostas e barragens”, afirma.

Para o ambientalista, há necessidade de uma atualização na margem de segurança na previsão de acidentes, dos critérios e métodos construtivos e do licenciamento ambiental em razão das mudanças no clima. “Estamos diante de fatos novos e isso é preocupante. Muita coisa deve ser feita. Os países que não tiveram um aporte em relação a isso deixarão as populações vulneráveis a enchentes, inundações, deslizamentos de encostas e desabamentos”, afirma.

A ONU quer discutir essas questões e realizará, em setembro, uma cúpula, em Nova York, com os países que mais se preocupam com a questão para avaliar o que deve ser feito. “As mudanças climáticas estão afetando o planeta, mas afetarão muito mais no futuro se os países ignorarem essa questão.”

Sobre o Proam

O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) é uma organização não-governamental que estimula ações e políticas públicas com a finalidade de tornar o ambiente saudável, principalmente em grandes áreas urbanas. Fundada em abril de 2003, a ONG é presidida pelo ambientalista Carlos Bocuhy (conselheiro do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama).

Desde sua fundação, o Proam tem trabalhado em defesa da boa normatização e indicadores ambientais para a elaboração de políticas públicas, realizando diagnósticos ambientais, vistorias, denúncias e cobrança de soluções e da eficácia na atuação dos órgãos competentes. Além disso, a ONG desenvolveu a campanha ambiental “Billings, Eu te quero Viva!” e o programa Metrópoles Saudáveis. Este programa, atualmente em andamento, é coordenado pelo Proam e apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por: Carlos Bocuhy, presidente do Proam

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