Tema foi debatido em mesa da Conferência Ethos São Paulo
Os projetos de lei deveriam, em tese, ter um perfil que beneficie a população como um todo. Contudo, balancear tantos interesses é um passo difícil. O Projeto de Lei 6299/2002 é um desafio: traz de volta a discussão do uso de agrotóxicos nos cultivos brasileiros e flexibiliza a entrada de novos agentes combativos no país, o que traz muitas preocupações quanto aos impactos na vida da população.
Para discutir essa temática, o Ethos realizou, na Conferência Ethos 20 Anos São Paulo, a mesa “Agrotóxicos e a segurança alimentar: o Projeto de Lei 6299/2002”. Neste sentido, Eduardo Trevisan, gerente de cadeia de valor do Imaflora disse que “precisamos de uma lei mais atual, que não restrinja totalmente, mas que garanta que a aplicação seja feita de forma correta, que os produtos sejam menos agressivos. As empresas precisam cuidar da sua cadeia de suprimentos para garantir que as matérias-primas sejam feitas de maneira mais limpa, mais sustentável. As empresas precisam ficar mais próximas de seus produtores, acompanhar mais de perto”.
Neste cenário, as empresas também desempenham um papel relevante. “As empresas têm sempre que deixar seus posicionamentos claros, para que seja um processo transparente e que a população tenha a oportunidade de entender com quem elas estão lidando”, argumentou Caio Magri, diretor-presidente do Ethos.
A participação popular, em especial no âmbito do PL, foi um dos pontos criticados. “É preciso chamar a população para discutir o assunto e, para isso, precisamos estar informados sobre o que são os agrotóxicos, como eles funcionam e como as mudanças propostas influenciam na vida da população em geral”, indicou Fábio Ramos, diretor da empresa Agrosuisse e Conselheiro do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis).
Soluções para garantir o avanço da segurança alimentar no país também foram debatidas. “Há uma tendência na redução do uso de agrotóxicos através do monitoramento, do rastreamento. Uma questão-chave é a biodiversidade, precisamos olhar mais para ela, com foco na integração entre diferentes sistemas de produção”, apresentou Ramos.
Concordando com os modelos de maior integração, Marcelo Augusto Boechat Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, defendeu que “não há uma solução única para os desafios brasileiros na área da agricultura e vamos ter que conviver com modelos diversos, mas todos eles devem convergir para um modelo pautado na sustentabilidade”.
Por: Bianca Cesário, do Instituto Ethos
Foto: Thiago Lopes