Especialista dá dicas essenciais para as empresas que querem adotar práticas socialmente responsáveis e estimula o diálogo com os stakeholders.
Por Rogério Ruschel (*)
1. Identifique os problemas socioambientais potenciais e reais existentes em todas as áreas da empresa – e não só na área de produção. Pode-se economizar energia e matérias-primas, reciclar materiais e reduzir hábitos esbanjadores em toda a organização.
2. As soluções devem ser tecnicamente honestas e politicamente desejáveis, porque investimentos em responsabilidade socioambiental devem ser planejados como aqueles que aumentam os lucros.
3. Promova mudanças comportamentais “de cima para baixo e de dentro para fora”. Quase sempre a cúpula é a mais reacionária em termos de mudanças reais; os diretores devem dar o exemplo e a empresa só deve divulgar seu esforço em responsabilidade social depois de ter feito as “lições de casa”.
4. Situe os valores socioambientais no contexto da cultura corporativa de maneira irreversível, no “DNA da empresa” – e zele por eles. Não considere sustentabilidade como custo, e sim como investimento.
5. Permita, facilite e promova a contribuição dos funcionários. Programas de mudança comportamental precisam ser participativos e os de caráter socioambiental motivam iniciativas individuais muito ricas – geralmente mais ricas do que iniciativas empresariais.
6. Estenda suas conquistas socioambientais a seus fornecedores e parceiros de negócios. No fundo, todos querem mudar, mas alguns podem precisar de uma ajuda especial, de um empurrãozinho. E sem eles você não vai mudar.
7. Ouça a comunidade, respeite sua opinião e trabalhe em conjunto com ela, e não contra ela. O “inimigo” é a inércia e, como ela é inimiga de todos, a parceria é sempre a melhor solução.
8. Entenda educação ambiental como parte da formação básica e indispensável dos funcionários que tomam decisões na empresa – hoje e no futuro.
9. Tenha paciência e calma com ataques externos agressivos: ambientalistas, lideranças sociais e jornalistas também estão aprendendo a conviver. Diálogo é sempre o melhor caminho, na sustentabilidade e na vida.
10. Prepare-se para a construção de novas relações éticas e estratégicas com o mundo externo – até mesmo para “dormir com o inimigo”. Este será um aprendizado difícil e completamente novo.
* O jornalista Rogério R. Ruschel é consultor em sustentabilidade e diretor da Ruschel & Associados.
Artigo publicado originalmente na revista Meio e Mensagem, em 1998.
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Este texto faz parte de uma série de artigos de especialistas promovida pela área de Gestão Sustentável do Instituto Ethos, cujo objetivo é subsidiar e estimular as boas práticas de gestão.
Veja também:
– A promoção da igualdade racial pelas empresas, de Reinaldo Bulgarelli;
– Relacionamento com partes interessadas, de Regi Magalhães;
– Usar o poder dos negócios para resolver problemas socioambientais, de Ricardo Abramovay;
– As empresas e o combate à corrupção, de Henrique Lian;
– Incorporação dos princípios da responsabilidade social, de Vivian Smith;
– O princípio da transparência no contexto da governança corporativa, de Lélio Lauretti;
– Empresas e comunidades rumo ao futuro, de Cláudio Boechat;
– O capital natural, de Roberto Strumpf;
– Luzes da ribalta: a lenta evolução para a transparência financeira, de Ladislau Dowbor;
– Painel de stakeholders: uma abordagem de engajamento versátil e estruturada, de Antônio Carlos Carneiro de Albuquerque e Cyrille Bellier;
– Como nasce a ética?, de Leonardo Boff;
– As empresas e o desafio do combate ao trabalho escravo, de Juliana Gomes Ramalho Monteiro e Mariana de Castro Abreu;
– Equidade de gênero nas empresas: por uma economia mais inteligente e por direito, de Camila Morsch;
– PL n° 6.826/10 pode alterar cenário de combate à corrupção no Brasil, de Bruno Maeda e Carlos Ayres;
– Engajamento: o caminho para relações do trabalho sustentáveis, de Marcelo Lomelino;
– Sustentabilidade na cadeia de valor, de Cristina Fedato;
– Métodos para integrar a responsabilidade social na gestão, de Jorge Emanuel Reis Cajazeira e José Carlos Barbieri;
– Generosidade: o quarto elemento do triple bottom line, de Rogério Ruschel;
– O que mudou na sustentabilidade das empresas, de Dal Marcondes; e
– Responsabilidade social empresarial e sustentabilidade para a gestão empresarial, por Fernanda Gabriela Borger.